S�o Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 1995
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Tempo desgasta um grande personagem

IN�CIO ARAUJO
DA REDA��O

Dirty Harry � um dos personagens mais controvertidos do cinema desde que surgiu no mundo, em 1971. Hoje, a exibi��o de "Dirty Harry na Lista Negra" (Globo, 1h25), o quinto filme da s�rie, ilustra -ainda que um tanto palidamente- as discuss�es que suscitou.
Parte das resist�ncias que motivou se explicam. No primeiro filme da s�rie ("Perseguidor Implac�ve"l), ele enfrentava, contra todas as ordens superiores, a chantagem de um terrorista.
Na �poca havia o Vietn�, os regimes militares na Am�rica Latina etc. Harry, o sujo, ficou como s�mbolo da trucul�ncia e do militarismo americanos. Passou-se, com frequ�ncia, sobre as virtudes do filme dirigido por Don Siegel.
Entre elas, uma liga��o �ntima entre a a��o e a moralidade. Harry n�o era um implac�vel gratuito ou ressentido. Era um personagem essencialmente moral, �s antigas, num momento em que essa id�ia era posta em jogo em todos os frontes.
Nesse sentido, seria mais justo ver Harry -at� por seu rosto frio, imperme�vel ao tempo e �s transforma��es- como um combatente anti-Guerra do Vietn�, no sentido em que esse conflito representou uma flexibiliza��o insuport�vel nos ideais �ticos americanos.
Harry passou boa parte da s�rie explicando os mal-entendidos gerados pelo primeiro filme. N�o era uma defesa do Esquadr�o da Morte ou coisas assim. Ao chegar ao quinto filme, j� n�o havia muito o que explicar.
Mas tamb�m suas virtudes j� estavam um tanto desgastadas, s� resgatadas pela for�a original do personagem. A dire��o, entregue a Buddy Van Horn -artes�o sem muitas id�ias-, est� longe de possuir a vitalidade de outros exemplares.
Ainda assim, o encanto de Harry est� l�, garantido por Clint Eastwood e, em parte, pela presen�a de um ent�o desconhecido Liam Neeson (o ator de "A Lista de Schindler").

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