Livraria da Folha

 
21/03/2010 - 17h43

Lamartine Babo marca MPB com marchas carnavalescas e hinos de futebol

BENEDITO TEIXEIRA
colabora��o para a Livraria da Folha

Divulga��o
Com 60 p�ginas, livro em capa dura traz tudo sobre Lamartine Babo, al�m de CD com 14 faixas
Com 60 p�gs, livro em capa dura traz tudo sobre Lamartine Babo e CD com 14 faixas

Quase 80 anos depois de composta, ainda � sucesso nas festas de Carnaval pelo Brasil afora a marchinha "O Teu Cabelo N�o Nega". O autor da proeza foi um carioca do centro do Rio, que nasceu em 10 de janeiro de 1904. Lamartine de Azeredo Babo, o Lal�, comp�s esta e outras cerca de 300 m�sicas nos tempos em que a m�sica popular brasileira vivia a chamada "�poca de Ouro". Muitas de suas composi��es foram sucessos nos Carnavais das d�cadas de 30, 40 e 50, permanecendo at� hoje. Lal� gravou a primeira m�sica de sua autoria em 1930: "Os Cal�as Largas".

Al�m de marchinhas, ele tamb�m incursionou pelo samba, m�sicas juninas, valsas, operetas e at� pelo estilo sertanejo. Quem nunca ouviu em vozes consagradas "No Rancho Fundo", feita em parceria com Ary Barroso? Isso sem falar nos hinos de clubes de futebol carioca, como Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama e Am�rica, do qual era torcedor. A primeira m�sica, "Pandoran", data ainda de quanto era adolescente e estudava no Col�gio S�o Bento. Nessa �poca, chegou a compor letras de cunho religioso.

Em 33 anos de carreira, fez sucesso em programas de r�dio, foi produtor, humorista e teve breves incurs�es na TV, no fim dos anos 50 e in�cio dos 60. A s�tira, o humor escrachado e o nonsense eram suas marcas registradas. A obra de Lal� � considerada pelo bi�grafo Suet�nio Soares Valen�a, "um caso � parte, pela apurada sensibilidade e pelo fino humor de suas produ��es". O compositor tamb�m se agregou, em 1929, ao Bando dos Tangar�s, ao lado de Noel Rosa, Almirante, Jo�o de Barro (Braguinha), Alvinho e Henrique Brito.

Al�m de "O Teu Cabelo N�o Nega", Lal� comp�s uma s�rie de sucessos para o Carnaval do Rio, entre 1932 e 1934, como Marchinha do Amor", "Linda Morena", "Moleque Indegesto", "A�, hem", "A tua vida � um segredo", "Marchinha do Grande Galo", "Grau Dez", "Rasguei minha Fantasia", "A.E.I.O.U.", "Babo...zeira" e "Can��o para Ingl�s Ver".

Can��es sentimentais tamb�m fazem parte de seu repert�rio, com destaque para as valsas "Eu Sonhei que Tu Estavas t�o Linda", "Mais uma Valsa, Mais uma Saudade" e as sertanejas "Serra da Boa Esperan�a" e "No Rancho Fundo". M�rio Reis, Francisco Alves, com quem formou o grupo Ases do Samba, e Carmen Miranda foram os principais int�rpretes de suas composi��es. As tr�s operetas que ele comp�s, um dos g�neros musicais de que mais gostava - "Cibele", "Lola" e "Viva o Amor" - nunca chegaram a ser gravadas.

Como a maioria dos compositores da �poca, Lal� n�o tinha forma��o musical. A incurs�o pela arte se deu por influ�ncia dos pais, Leopoldo Azeredo Babo e Bernarda Preciosa Gon�alves de Azeredo Babo, que gostavam de m�sica. O pai era frequentador ass�duo das salas de espera dos cinemas, onde se apresentavam as orquestras. A m�e organizava saraus em casa, frequentado por m�sicos como Ernesto Nazareth e Catulo da Paix�o Cearense. "Ele descrevia todo o arranjo, cantando a introdu��o, meio e fim, solfejava acordes e sugeria partes instrumentais. A gente s� fazia escrever", afirmou o maestro Radam�s Gnatalli.

Depois de sua morte por ataque card�aco, em 1963, as composi��es de Lamartine Babo j� ganharam vozes mais atuais, como Erasmo Carlos, Chico Buarque, Maria Beth�nia e Nara Le�o, na d�cada de 70; e nos anos 80, Jo�o Gilberto, Rita Lee, As Fren�ticas e Chit�ozinho e Xoror�.

Sucesso das marchinhas

Lamartine Babo fez parte da gera��o de compositores que ajudaram a formar o que, hoje, � a m�sica popular brasileira, tendo no samba seu maior representante. Apesar de tamb�m ter criado sambas, Lal� se especializou na composi��o de marchas carnavalescas, seguindo as influ�ncias de operetas e m�sicas norte-americanas dos anos 20, relata o bi�grafo Suet�nio Soares Valen�a. Grande parte de suas obras carrega as caracter�sticas nonsenses do dada�smo, movimento cultural que atuava na Europa at� o in�cio da d�cada de 20.

O sucesso das marchinhas carnavalescas de Lal� se deu num contexto de apoio governamental ao Carnaval carioca, pela ent�o Prefeitura do Distrito Federal. O compositor era ass�duo nos concursos de m�sicas para a festa e participava ativamente de blocos de rua. No entanto, a partir de 1937, com o advento do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), no governo do presidente Get�lio Vargas, e a censura que veio a reboque, os g�neros carnavalescos ficaram proibidos de utilizar a s�tira em suas composi��es. Aos poucos, ele foi de afastando das m�sicas de Carnaval e s� voltaria a compor um sucesso para festa em 1958, com "Os Rouxin�is".

Larmartine Babo tamb�m se engajou na defesa dos direitos autorais dos compositores brasileiros. Ap�s seu afastamento do Carnaval carioca, no fim dos anos 30, entrou para a Uni�o Brasileira de Compositores (UBC), onde foi suplente de diretor, secret�rio, presidente, tesoureiro, chegando a conselheiro permanente da entidade.

Lal� tamb�m influenciou e recebeu influ�ncia do ve�culo que vivia seus anos de ouro, o r�dio, se utilizando da capacidade de propaga��o do novo ve�culo como canal para a divulga��o da m�sica da �poca. Esteve � frente de programas de sucesso entre as d�cadas de 30 a 50, destacando-se Horas Lamartinescas Radioletes, A Can��o do Dia, Perfis e Perf�dias, O Clube da Meia-Noite, Trem da Alegria e a Vida Pitoresca e Musical dos Compositores.

At� a d�cada de 50, participou do Teatro de Revista, criando composi��es para o g�nero. O cinema de Carnaval, que fazia sucesso nas primeiras d�cadas do s�culo 20, tamb�m contou com a participa��o de Lal� - "A Voz do Carnaval", de 1933, dirigido por Humberto Mauro e Ademar Gonzaga; "Al� Al�, Brasil", de 1935, com dire��o de Jo�o de Barro (Braguinha), Alberto Ribeiro e Wallace Downey; e"Al�, Al�, Carnaval", de 1936, com dire��o de Ademar Gonzaga. Os filmes guardam cenas antol�gicas da hist�ria da m�sica brasileira e do pr�prio cinema nacional.

Obras consultadas: "Dicion�rio Cravo Albin da M�sica Popular Brasileira", "Enciclop�dia da M�sica popular brasileira: erudita, folcl�rica e popular" (Marcos Ant�nio Marcondes), "Tra-la-l�, Lamartine" (Suet�nio Valen�a), al�m de pesquisa em publica��es como jornais e revistas.

*

"Folha Ra�zes da M�sica Popular Brasileira - Lamartine Babo (Vol. 2)"
P�ginas: 60 mais CD com 14 faixas
Quanto: R$ 14,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
Voltar ao topo da p�gina