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26/01/2006 - 09h53

Ciclo sobre Broodthaers d� in�cio � Bienal

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Come�a oficialmente amanh� a 27� Bienal de S�o Paulo, com o semin�rio "Marcel, 30", uma homenagem ao artista belga Marcel Broodthaers (1924-1976), que j� esteve na 22� edi��o do evento, numa sala especial, em 1994, com tr�s obras. Os 30 anos de sua morte ser�o lembrados no pr�ximo s�bado --ele morreu no dia 28 de janeiro-, da� o 30 no t�tulo do encontro.

Broodthaers � dono de uma carreira peculiar na hist�ria da arte. Poeta e livreiro, s� aos 40 anos ele passa a se dedicar �s artes visuais, criando em sua casa o "Museu de Arte Moderna, Departamento das �guias", uma forma ir�nica de questionar representa��es nacionais, militares, genialidade e a pr�pria arte.

No conjunto de sua obra, ele vai abordar a fic��o, a m�dia, a antiteoria, a cr�tica institucional, a n�o-arte e o falso, tornando-se um dos precursores da arte conceitual, al�m de tamb�m ter se aproximado de seu conterr�neo surrealista, o pintor Ren� Magritte (1898-1967).

Na 27� Bienal, o segmento sobre Broodthaers ser� o �nico a ter um curador espec�fico, no caso o alem�o Jochen Volz, tamb�m curador do Centro de Arte Contempor�nea Inhotim, de Bernardo Paz. Al�m de expor obras de Broodthaers, Volz apresentar� dez artistas nacionais e estrangeiros que dialogam com o belga.

At� outubro, quando a parte expositiva tiver in�cio, sete semin�rios ir�o debater as quest�es abordadas na Bienal "Como Viver Junto", com curadoria de Lisette Lagnado.

O semin�rio que come�a amanh� e ter� a presen�a da filha do artista, Marie-Puck Broodthaers, e seu colega no "Museu das �guias", J�rgen Harten, j� tem as inscri��es esgotadas, mas ser� transmitido ao vivo na internet pelo site do F�rum Permanente dos Museus: http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br/portal.

Por e-mail, Volz discorreu � Folha sobre a import�ncia de Broodthaers para a arte contempor�nea e sua vincula��o com a 27� Bienal de SP.


Folha - Ao come�ar os semin�rios da Bienal com Marcel Broodthaers, faz-se homenagem a um dos artistas mais cr�ticos em rela��o �s institui��es de arte. Todo cr�tico sempre acaba institucionalizado?

Jochen Volz - No caso de Marcel Broodthaers, a institucionaliza��o � o ponto de partida. Com a funda��o do ficcional "Museu de Arte Moderna, Departamento de �guias", Broodthaers escolheu o caminho da cr�tica dentro da linguagem institucional com suas categorias. Mas, mesmo antes disso, em 1964, quando Broodthaers apareceu no campo das artes visuais, aos 40 anos, abrindo sua primeira mostra numa galeria de Bruxelas, ele o fez com total consci�ncia da inter-rela��o poderosa de institui��es de arte, cr�tica e mercado. Ap�s ter come�ado como poeta e livreiro, Broodthaers decidiu se tornar um artista visual principalmente por raz�es econ�micas, como ele pr�prio anunciou: "Eu mesmo me pergunto se eu conseguiria vender alguma coisa e ter sucesso na vida". Broodthaers acreditava que sua cr�tica ao mercado da arte e �s estruturas institucionais conservativas seriam mais poderosas dentro do sistema que ele estava criticando.

Folha - Qual voc� acredita ser o legado de Broodthaers para a arte contempor�nea?

Volz - Rosalind Krauss desenvolveu sua categoria de "era p�s-m�dia" a partir do trabalho de Broodthaers. Utilizando de forma radical toda a sorte de mat�rias, t�cnicas e espa�os, fazendo o uso simult�neo de revistas de arte, estandes de venda em feiras, cartas abertas, museus e galerias comerciais, Broodthaers foi muito influente para o que se desenvolveu nos anos 70 e especialmente nos anos 90 como "instala��o" ou o que Nicolas Bourriaud descreve como "est�tica relacional", uma teoria est�tica que consiste em julgar obras de arte a partir das rela��es inter-humanas que elas representam, produzem ou estimulam.

Atualmente, para jovens artistas, essas estrat�gias aparecem como dadas. Mas � mais interessante e inspirador voltar a Broodthaers e ver como seu trabalho conseguiu articular uma cr�tica contempor�nea, isso h� mais de 30 anos. Outro aspecto importante na obra de Broodthaers, que pode ser vastamente encontrado na produ��o contempor�nea, � o uso da fic��o. Ele gostava de cruzar as fronteiras entre fic��o e realidade e o fez para deixar mais clara a diferen�a entre vida e arte.

Folha - E como se pode aproximar Broodthaers de H�lio Oiticica, que � o inspirador da 27� Bienal? Suas pr�ticas n�o s�o opostas, j� que Broodthaers realiza sua obra dentro dos marcos institucionais, como voc� afirma, enquanto Oiticica parte para fora das institui��es...

Volz - Quase simultaneamente e, claro, independentemente, Broodthaers e Oiticica formularam cr�ticas sobre estruturas institucionais existentes, mas para lados opostos. Enquanto Broodthaers abre sua pr�pria institui��o ficcional, Oiticica decide evitar o contexto institucional. Mesmo assim, � poss�vel descrever uma s�rie de paralelos, que sugerem id�ias similares. Como parte do semin�rio, Lisette ir� examinar a inter-rela��o entre esses dois artistas.

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