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25/01/2003
-
04h00
free-lance para a Folha
� parte do debate (pol�tico-)liter�rio que vem protagonizando ao longo das �ltimas d�cadas (mas nem t�o longe assim), o cr�tico e te�rico norte-americano Harold Bloom, 72, h� quase meio s�culo professor da Universidade de Yale, sabe ser um dos mais entusiasmados cr�ticos daquela que � a sua paix�o, a literatura.
Obras suas como "Como e Por Que Ler" e "O C�none Ocidental" t�m por objetivo "ensinar a ler", tarefa imposs�vel, contudo louv�vel. Isso porque ele acerta sempre ao dividir com seus leitores os prazeres com o texto -a base dessa mesma paix�o, a seu ver divis�vel e multiplic�vel.
Mais recentemente, Bloom dedicou seu tempo a organizar uma s�rie de antologias reunindo prosa e verso para leitores jovens. S�o 39 contos e f�bulas e 74 poemas enfeixados em quatro volumes, dos quais a editora Objetiva acaba de lan�ar o primeiro ("Primavera") para o p�blico brasileiro.
"Contos e Poemas para Crian�as Extremamente Inteligentes de Todas as Idades", um t�tulo preciso, elegante e ir�nico. A estrat�gia, de conceito bastante question�vel, foi de reunir obras de grandes autores ocidentais que servissem de portas de entrada � literatura.
Para isso, em primeiro lugar, Bloom abole a categoria "literatura para crian�a", algo que "teve alguma utilidade e algum m�rito no s�culo passado, mas que agora �, muitas vezes, a m�scara de um emburrecimento que est� destruindo a nossa cultura liter�ria". "Minha pesquisa para a antologia tenta justamente borrar essa divis�o", disse, em entrevista � Folha.
Como contexto hist�rico, Bloom se p�e face a face com o consumo massificado de imagens, ou, como ele prefere, com a "amea�a da tirania da tela" - filmes, TV e computadores-, propondo a sa�da pelo resgate dos valores humanos via literatura.
Sua escolha recai ent�o sobre narradores com voca��o fantasista (Kipling e Chesterton, por exemplo) ou naturalista (Zola) e tamb�m sobre poemas "nonsense", como o apetitoso "Supersopa, T�o Verde e T�o Rica", de Lewis Carroll, rom�nticos (Keats), cl�ssicos (Shakespeare). Sempre obras pr�-1914, anteriores � mudan�a de sensibilidade empreendida pelos diversos modernismos e pela experi�ncia ocidental com a Primeira Guerra.
Na entrevista � Folha, feita por telefone de sua casa, em New Haven (EUA), enquanto fazia caminhadas por prescri��o m�dica de um p�s-operat�rio card�aco, Bloom comentou seu projeto e desancou o bruxo preferido das crian�as supostamente tiranizadas pela tela. ""Harry Potter" � das coisas mais mal escritas que j� li."
Harold Bloom lan�a s�rie de cl�ssicos da literatura para jovens
RODRIGO MOURAfree-lance para a Folha
� parte do debate (pol�tico-)liter�rio que vem protagonizando ao longo das �ltimas d�cadas (mas nem t�o longe assim), o cr�tico e te�rico norte-americano Harold Bloom, 72, h� quase meio s�culo professor da Universidade de Yale, sabe ser um dos mais entusiasmados cr�ticos daquela que � a sua paix�o, a literatura.
Obras suas como "Como e Por Que Ler" e "O C�none Ocidental" t�m por objetivo "ensinar a ler", tarefa imposs�vel, contudo louv�vel. Isso porque ele acerta sempre ao dividir com seus leitores os prazeres com o texto -a base dessa mesma paix�o, a seu ver divis�vel e multiplic�vel.
Mais recentemente, Bloom dedicou seu tempo a organizar uma s�rie de antologias reunindo prosa e verso para leitores jovens. S�o 39 contos e f�bulas e 74 poemas enfeixados em quatro volumes, dos quais a editora Objetiva acaba de lan�ar o primeiro ("Primavera") para o p�blico brasileiro.
"Contos e Poemas para Crian�as Extremamente Inteligentes de Todas as Idades", um t�tulo preciso, elegante e ir�nico. A estrat�gia, de conceito bastante question�vel, foi de reunir obras de grandes autores ocidentais que servissem de portas de entrada � literatura.
Para isso, em primeiro lugar, Bloom abole a categoria "literatura para crian�a", algo que "teve alguma utilidade e algum m�rito no s�culo passado, mas que agora �, muitas vezes, a m�scara de um emburrecimento que est� destruindo a nossa cultura liter�ria". "Minha pesquisa para a antologia tenta justamente borrar essa divis�o", disse, em entrevista � Folha.
Como contexto hist�rico, Bloom se p�e face a face com o consumo massificado de imagens, ou, como ele prefere, com a "amea�a da tirania da tela" - filmes, TV e computadores-, propondo a sa�da pelo resgate dos valores humanos via literatura.
Sua escolha recai ent�o sobre narradores com voca��o fantasista (Kipling e Chesterton, por exemplo) ou naturalista (Zola) e tamb�m sobre poemas "nonsense", como o apetitoso "Supersopa, T�o Verde e T�o Rica", de Lewis Carroll, rom�nticos (Keats), cl�ssicos (Shakespeare). Sempre obras pr�-1914, anteriores � mudan�a de sensibilidade empreendida pelos diversos modernismos e pela experi�ncia ocidental com a Primeira Guerra.
Na entrevista � Folha, feita por telefone de sua casa, em New Haven (EUA), enquanto fazia caminhadas por prescri��o m�dica de um p�s-operat�rio card�aco, Bloom comentou seu projeto e desancou o bruxo preferido das crian�as supostamente tiranizadas pela tela. ""Harry Potter" � das coisas mais mal escritas que j� li."
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