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21/10/2002
-
03h41
editora-adjunta da Ilustrada
Para contar a hist�ria de um homem que quer se destruir, o mexicano Carlos Reygadas, 31, levou-o, caminhando, at� o alto de um canyon. Isolou-o e exp�s suas fraquezas a agentes da natureza, o vento, a chuva, a fome, a sede. Tamb�m deu-lhe o abrigo de uma velha senhora, e, assim, selou seu caminho rumo � ru�na.
"Jap�n", filme de estr�ia de Reygadas, al�m do nome inusitado (n�o h� nenhuma rela��o entre a trama e o Jap�o) tamb�m surpreende nos desfechos. A rela��o entre homem e mulher idosa principia como a de um patr�o e um empregado, evolui para a de m�e e filho e culmina na transforma��o de ambos em amantes.
"Quando os dois se encontram, o homem est� confundido. Acredita querer uma coisa, e, na realidade, quer outra -o que �, em maior ou menor medida, algo comum a todos os homens. Quanto � mulher, ela � algu�m que aceitou o tempo. Mais do que aceitar a destrui��o, ela percebe o fim de um ciclo natural e um cumprimento dos objetivos vitais. Por isso aceita fazer sexo quando ele a convida", disse Reygadas � Folha.
Premiado no festival de Cannes, Reygadas chegou a ser comparado pela cr�tica europ�ia a Andrei Tarkovsky (1932-1986), a quem admira. "H� coisas em meu filme que querem se parecer a esbo�os de Tarkovsky. Mas ele criou um universo a que sempre foi fiel, diante do qual manteve um gosto peculiar e que se sustentava em uma concep��o filos�fica profunda e coerente. Eu me limito a fazer "travellings" sobre paredes rugosas, n�o chego nem a seus p�s."
"Jap�n" � a mais nova sensa��o do cinema mexicano. Este, por sua vez, virou moda nos EUA e na Europa. Na carona do sucesso recente de "Amores Brutos" (Alejandro Gonz�lez I��rritu, 2000) e "E Sua M�e Tamb�m" (Alfonso Cuar�n, 2001), os cineastas mexicanos t�m recebido aplausos nos festivais e retorno nas bilheterias.
A revista inglesa "The Economist" chamou a aten��o para a "onda mexicana", em artigo recente intitulado "The mexicans are coming!" (os mexicanos est�o chegando!). Na primeira quinzena de novembro estr�ia em 50 salas norte-americanas o pol�mico "El Cr�men del Padre Amaro", de Carlos Carrera, baseado em romance de E�a de Queiroz.
Reygadas comenta o bom momento do cinema latino-americano em geral: "As pessoas da minha idade, que nasceram na Am�rica Latina, t�m passado -no melhor dos casos- a metade das vidas em tempos de crise. Pode ser que estejamos fartos de tudo, dos produtores de sempre, dos roteiros de sempre e das fam�lias de sempre. Quando estamos fartos, queremos gritar e o grito sai assim. Cada vez h� mais express�o individual e menos f�rmula. Acho que isso define essa nova onda de criadores", conclui.
Sobre a tem�tica da nova gera��o, o cineasta diz: "Jamais penso em um sentido antropol�gico. Esta � uma das caracter�sticas do que distingue o cinema atual do que se vem fazendo na Am�rica Latina h� anos. O cinema do passado levava o "sociol�gico" ao extremo e assim se fazia cinema �tnico. � verdade que o protagonista do filme � um ocidental mexicano e os outros s�o n�o-ocidentais mexicanos. Mas assim � o M�xico e eu nunca pretendi fazer uma tese antropol�gica."
Leia mais sobre a 26� Mostra BR de Cinema
Mexicano p�e homem frente � sua destrui��o na Mostra BR
SYLVIA COLOMBOeditora-adjunta da Ilustrada
Para contar a hist�ria de um homem que quer se destruir, o mexicano Carlos Reygadas, 31, levou-o, caminhando, at� o alto de um canyon. Isolou-o e exp�s suas fraquezas a agentes da natureza, o vento, a chuva, a fome, a sede. Tamb�m deu-lhe o abrigo de uma velha senhora, e, assim, selou seu caminho rumo � ru�na.
"Jap�n", filme de estr�ia de Reygadas, al�m do nome inusitado (n�o h� nenhuma rela��o entre a trama e o Jap�o) tamb�m surpreende nos desfechos. A rela��o entre homem e mulher idosa principia como a de um patr�o e um empregado, evolui para a de m�e e filho e culmina na transforma��o de ambos em amantes.
"Quando os dois se encontram, o homem est� confundido. Acredita querer uma coisa, e, na realidade, quer outra -o que �, em maior ou menor medida, algo comum a todos os homens. Quanto � mulher, ela � algu�m que aceitou o tempo. Mais do que aceitar a destrui��o, ela percebe o fim de um ciclo natural e um cumprimento dos objetivos vitais. Por isso aceita fazer sexo quando ele a convida", disse Reygadas � Folha.
Premiado no festival de Cannes, Reygadas chegou a ser comparado pela cr�tica europ�ia a Andrei Tarkovsky (1932-1986), a quem admira. "H� coisas em meu filme que querem se parecer a esbo�os de Tarkovsky. Mas ele criou um universo a que sempre foi fiel, diante do qual manteve um gosto peculiar e que se sustentava em uma concep��o filos�fica profunda e coerente. Eu me limito a fazer "travellings" sobre paredes rugosas, n�o chego nem a seus p�s."
"Jap�n" � a mais nova sensa��o do cinema mexicano. Este, por sua vez, virou moda nos EUA e na Europa. Na carona do sucesso recente de "Amores Brutos" (Alejandro Gonz�lez I��rritu, 2000) e "E Sua M�e Tamb�m" (Alfonso Cuar�n, 2001), os cineastas mexicanos t�m recebido aplausos nos festivais e retorno nas bilheterias.
A revista inglesa "The Economist" chamou a aten��o para a "onda mexicana", em artigo recente intitulado "The mexicans are coming!" (os mexicanos est�o chegando!). Na primeira quinzena de novembro estr�ia em 50 salas norte-americanas o pol�mico "El Cr�men del Padre Amaro", de Carlos Carrera, baseado em romance de E�a de Queiroz.
Reygadas comenta o bom momento do cinema latino-americano em geral: "As pessoas da minha idade, que nasceram na Am�rica Latina, t�m passado -no melhor dos casos- a metade das vidas em tempos de crise. Pode ser que estejamos fartos de tudo, dos produtores de sempre, dos roteiros de sempre e das fam�lias de sempre. Quando estamos fartos, queremos gritar e o grito sai assim. Cada vez h� mais express�o individual e menos f�rmula. Acho que isso define essa nova onda de criadores", conclui.
Sobre a tem�tica da nova gera��o, o cineasta diz: "Jamais penso em um sentido antropol�gico. Esta � uma das caracter�sticas do que distingue o cinema atual do que se vem fazendo na Am�rica Latina h� anos. O cinema do passado levava o "sociol�gico" ao extremo e assim se fazia cinema �tnico. � verdade que o protagonista do filme � um ocidental mexicano e os outros s�o n�o-ocidentais mexicanos. Mas assim � o M�xico e eu nunca pretendi fazer uma tese antropol�gica."
Leia mais sobre a 26� Mostra BR de Cinema
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