Folha Online Mundo Venezuela
Venezuela

Hugo Ch�vez

da Folha Online

Tenente-coronel reformado do Ex�rcito, professor e mestre em ci�ncia pol�tica, Hugo Ch�vez, 48, tem perfil, m�todos e prop�sitos peculiares. Dizia estar tirando o pa�s de "uma tumba podre" e promovendo sua "ressurrei��o".

Seu objetivo era acabar com a corrup��o, abandonar um modelo que ele chama de "neoliberal selvagem", resgatar as institui��es e reorientar o papel do Estado. O meio escolhido por Ch�vez para fazer tufo isso era uma Assembl�ia Constituinte eleita por voto direto.

Ch�vez foi um dos l�deres de um golpe militar realizado em 1992 contra o ent�o presidente Carlos Andr�s Perez (1974-79 e 1989-93) e ficou dois anos preso. Suas principais preocupa��es eram jurar que n�o � golpista nem estava militarizando o poder pol�tico na Venezuela: "Eu sou um pol�tico. A pol�tica � apaixonante".

Falante, sonhador, populista, nacionalista, Hugo Ch�vez ora cita Deus, ora o diabo. Apresenta-se como cat�lico, � casado pela segunda vez, tem quatro filhos.

Na juventude, jogava beisebol. Na pris�o, sofisticou a leitura de latino-americanos e cl�ssicos, al�m do manejo do gravador.

Ch�vez enfrentou durante meses uma crise no pa�s. A insatisfa��o entre as For�as Armadas e popula��o civil diante da grave crise econ�mica e impopularidade crescente gerou in�meros protestos pelo fim do seu governo de tr�s anos.

Alvo de cr�ticas do governo dos EUA, de setores da igreja, empres�rios, imprensa, sindicalistas e dezenas de oficiais militares, pediram sua ren�ncia, Ch�vez nunca demonstrou, por�m, vontade de deixar o cargo. Na quarta-feira 10), chegou a fazer um pronunciamento no qual garantiu que n�o renunciaria.

Ch�vez foi eleito presidente em 1998 com vota��o esmagadora e reeleito em julho de 2000, com 59% dos votos, depois de mudar a Constitui��o para que a elei��o pudesse acontecer. Seu mandato terminaria em 2007.

Autoproclamava-se "presidente dos pobres" [categoria de cerca de 80% dos 24 milh�es de venezuelanos.

A insatisfa��o contra Ch�vez cresceu devido ao seu estilo autorit�rio, � agenda de esquerda, ao fracasso no combate ao crime, � pobreza e � corrup��o. A situa��o econ�mica tamb�m foi agravada pela queda nos pre�os do petr�leo, principal riqueza do pa�s.

Em pronunciamento no Congresso norte-americano, o secret�rio de Estado dos EUA, Colin Powell, chegou a dizer que o presidente George W. Bush estava descontente com as pol�ticas adotadas pelo governo venezuelano.

Diante de cr�ticas, Ch�vez costuma colocar membros das For�as Armadas na reserva ou mesmo na pris�o, manda fechar jornais e acabar com passeatas.

O presidente, que muitas vezes apareceu na TV com bon� e roupas esportivas, frequentemente mistura-se com a popula��o e possui um programa semanal de r�dio ["Al�, presidente"] no qual conversa com seus eleitores. Ch�vez nunca teve papas na l�ngua e emite suas opini�es sem muito cuidado. Com isso conseguiu o �dio da direita, a raiva de parte da esquerda e a desconfian�a do pessoal da Terceira Via, que � contra o governo venezuelano mas com reservas.

Pesquisa realizada em mar�o pelo instituto Datan�lisis, um dos mais respeitados da Venezuela, apontou que a maioria dos venezuelanos, 64,8%, votaria pela sa�da do presidente.

Na sexta-feira (12), ap�s de tr�s dias de greve geral, Ch�vez foi deposto por uma fac��o dos militares venezuelanos. Em seu lugar, assumiu O l�der empresarial Pedro Carmona, 60, presidente da organiza��o empresarial venezuelana Fedec�maras -que destituiu o Congresso e anunciou novas elei��es em um ano. Ontem, apoiado por militares simpatizantes de Ch�vez e militares indignados com a situa��o irregular imposta ao pa�s, o vice de Ch�vez, Diosdado Cabello, assumiu a Presid�ncia, for�ou a ren�ncia de Carmona e disse que ficaria no poder at� que Ch�vez reaparecesse para assumir suas fun��es ou renunciar oficalmente � Presid�ncia.

Na madrugada de hoje, ap�s dois dias afastado -no golpe de Estado mais r�pido da hist�ria pol�tica-, Hugo Ch�vez reassumiu o governo da Venezuela aclamado pela popula��o.


Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. � proibida a reprodu��o do conte�do desta p�gina em qualquer meio de comunica��o, eletr�nico ou impresso, sem autoriza��o escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).