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22/06/2006 - 12h18

Rouquid�o pode estar relacionada com refluxo gastroesof�gico

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AMAR�LIS LAGE
da Folha de S.Paulo

O que um cantor l�rico faz quando fica rouco? "Se mata", responde, dramaticamente, a mezzo-soprano Regina Elena Mesquita, 48, coordenadora do Est�dio �pera, da Escola Municipal de M�sica de S�o Paulo. Da �ltima vez em que perdeu a voz, no fim de uma temporada da �pera "Anjo Negro", h� dois anos, Regina Elena apelou para uma medida dr�stica: tomou cortisona pura para conseguir cantar.

Comum nesta �poca do ano, a rouquid�o pode ser um pesadelo para quem depende profissionalmente da fala --para mais de 50% da popula��o ativa, a voz � o instrumento de trabalho mais exigido, mesmo quando ela n�o � o foco da atividade profissional, segundo a Associa��o Brasileira de Laringologia e Voz.

Quando est� ligado a um resfriado ou gripe, o problema costuma desaparecer em poucos dias. Mas, se a rouquid�o durar mais de duas semanas, ela pode ser ind�cio de algo mais grave, como refluxo gastroesof�gico ou c�ncer da laringe.

O professor Reinaldo Scalzaretto, 52, chegou a desenvolver um edema nas pregas vocais devido ao esfor�o excessivo para falar durante as aulas. O problema ocorreu h� cerca de 20 anos, quando Reinaldo costumava dar 12 horas de aula por dia num cursinho, para turmas de quase 150 alunos. Foi em busca de um tratamento que ele conheceu sua mulher --a fonoaudi�loga Mara Behlau, do Centro de Estudos da Voz.

O centro, em parceria com o Sindicato dos Professores de S�o Paulo e com a Universidade de Utah, tem pesquisado a preval�ncia de problemas da voz entre professores. Segundo a fonoaudi�loga Fabiana Zambon, 63% dos docentes da rede particular de S�o Paulo j� tiveram algum problema na voz; a rouquid�o afetou 35,1%.

"Hoje, vejo que muitos professores falam alto e ininterruptamente. Eu tinha essa tend�ncia tamb�m. Quando passei a falar mais compassadamente, vi at� que os alunos me entendem melhor", diz Scalzaretto. Com as mudan�as na forma de falar, a rouquid�o que ele tinha quase sumiu. O "quase" � que � a quest�o: devido a um problema de refluxo, ele costuma ficar rouco quando come alimentos muito condimentados pouco antes de dormir --algo comum nas viagens que costuma fazer a trabalho.

Segundo Jaime Natan Eisig, secret�rio-executivo da Federa��o Brasileira de Gastroenterologia, a rouquid�o, a tosse e o pigarro podem ser manifesta��es at�picas da doen�a do refluxo, que s� costumava ser associada a sintomas como a azia.

O problema ocorre devido a um defeito no esf�ncter inferior do es�fago, que permite que o �cido clor�drico "suba" e atinja as pregas vocais, causando uma irrita��o. Quem tem predisposi��o a esse tipo de problema n�o deve se deitar logo ap�s as refei��es e precisa evitar fazer atividades que aumentem a press�o abdominal.

A dieta tamb�m precisa ser adaptada: deve-se evitar frituras, alimentos muito condimentados, �lcool e doces --principalmente chocolate.

A receita, ali�s, vale para todos: mesmo sem ter doen�a de refluxo, a cantora Regina Elena segue a mesma cartilha na hora de se alimentar.

"Com o chocolate, o muco do trato vocal fica mais espesso, o que leva � tend�ncia de pigarrear mais, o que pode ser prejudicial", explica a fonoaudi�loga Marta Assump��o, professora da Faculdade de Ci�ncias M�dicas da Santa Casa de S�o Paulo e da PUC de S�o Paulo.

Abrir m�o do doce �, para o dublador Wendel Bezerra, 31, a dica mais dif�cil de seguir. "Sou "choc�latra'", confessa o dono de vozes como a de Goku, do desenho "Dragon Ball".

A profiss�o exige que ele fa�a tudo aquilo que deveria evitar: gritar, sussurrar, tornar a voz mais aguda ou grave do que ela � naturalmente. Ali�s, aqueles gritos intermin�veis que os her�is de desenhos japoneses d�o em suas lutas s�o uma constante em seu dia-a-dia. Na carreira desde os oito anos de idade, Wendel diz j� estar acostumado � rouquid�o. H� tr�s anos, quando o problema se agravou devido � voz caricata de um personagem infantil, ele ouviu de um otorrinolaringologista que deveria parar completamente de fazer aquele tipo de voz. "N�o parei, mas diminu� o tempo dedicado ao personagem de quatro horas para uma hora por dia", diz.

Para preservar a voz, ele tamb�m tem procurado ficar bem quieto enquanto quase todo o pa�s solta o grito: durante os jogos do Brasil na Copa. Uma boa not�cia para os torcedores roucos: o problema costuma durar apenas um dia e n�o � nada que muita �gua e um pouco de sil�ncio n�o resolvam.

Colaborou FL�VIA MANTOVANI, da reportagem local

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