Equil�brio
26/09/2001 - 08h54

N�o deixe o luto virar doen�a; � preciso aceitar a morte

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JANAINA FIDALGO
da Folha Online

N�o h� regras nem tempo definido para vencer a tristeza de perder algu�m pr�ximo, seja da fam�lia ou do c�rculo de amigos. A primeira rea��o do ser humano, quando sabe da morte, � a nega��o, momento em que a perda parece n�o passar de um pesadelo, de uma brincadeira de mau gosto.

Chorar, ver fotos e lembrar de quem morreu, num processo de catarse, � uma das maneiras de enfrentar a perda. Outros, no caminho contr�rio, evitam se expor a situa��es que lembram a pessoa para manter dist�ncia da dor.

"O luto � um processo em que a perda leva tempo para ser elaborada. Quando se perde algu�m importante, sentimentos fortes v�m � tona e � importante deixar aflorar o que vier. Chorar se tiver vontade, conversar ou simplesmente ficar quieto", diz Maria J�lia Kovacs, professora de psicologia da morte do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de S�o Paulo).

A professora de psicologia cl�nica da p�s-gradua��o da PUC (Pontif�cia Universidade Cat�lica) e coordenadora do Lelu (Laborat�rio de Estudos e Interven��es sobre o Luto), Maria Helena Pereira Franco, diz que a fase inicial do luto � a mais dif�cil de ser aceita, mas que as etapas n�o devem ser queimadas. "� normal buscar a pessoa e sentir saudade, at� que um dia aceita-se que ela n�o voltar� mais."

Doen�a

Mas a dor da perda pode se tornar patol�gica quando a realidade passa a n�o ser aceita e o enlutado deixa de lado sua pr�pria vida para viver de lembran�as. A perda de prazer, da criatividade, do apetite, o aparecimento de doen�as e a dificuldade em retomar a vida normal s�o os principais indicativos de que as coisas n�o v�o bem.

"O luto e o entristecimento � um processo natural. O que n�o � normal � a depress�o p�s-perda. A pessoa fica entregue � morte do outro e pode at� ter id�ias de suic�dio com a inten��o de se juntar ao outro", afirma o presidente da Associa��o Brasileira de Psiquiatria e chefe da psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo), Miguel Roberto Jorge.

A maneira mais saud�vel de encarar a perda, de acordo com a psiquiatra Eva Zoppe, do Departamento de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria da USP, � saber que a morte levou apenas o "f�sico" da pessoa querida. "A representa��o da pessoa que se foi existe dentro do psiquismo de cada um e isso nunca poder� ser tirado dela."

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