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02/01/2002
-
00h21
CARLOS BRAZIL
Editor-assistente de Economia
da Folha Online
Eduardo Duhalde, 60, � o novo presidente da Argentina. Ele ser� o quinto nome a ocupar o cargo em apenas duas semanas. A decis�o foi tomada pela Assembl�ia Legislativa (sess�o conjunta do Senado e C�mara) com 262 votos a favor, 21 votos contra e 18 absten��es, ap�s entendimentos entre lideran�as partid�rias encabe�adas pelo Partido Justicialista (peronista) que garantiram sua nomea��o.
Duhalde ir� ficar pouco menos de dois anos na Presid�ncia, cumprindo o restante do mandato do ex-presidente Fernando de la R�a at� 10 de dezembro de 2003. Sua posse deve acontecer nesta quarta-feira, por volta do meio-dia (13h no hor�rio de Bras�lia).
Mesmo assim, a escolha de Duhalde n�o foi consensual dentro de seu pr�prio partido, o peronista. Alguns nomes expressivos do peronismo, como o governador de Santa Cruz, N�stor Kirchner, defendiam a realiza��o de elei��es diretas para a escolha do presidente, ap�s a ren�ncia do interino Adolfo Rodr�guez Sa�, no �ltimo domingo.
As elei��es presidenciais previstas para mar�o de 2002 -marcadas pela Assembl�ia Legislativa ap�s a ren�ncia de De la R�a, em 20 de dezembro- ficam canceladas.
Antes mesmo de ter sido confirmado como novo presidente da Argentina, Duhalde teria dito a deputados de seu partido, o Justicialista, que levar� adiante "um governo peronista". Apesar disso, seu gabinete ministerial deve contar com nomes da UCR (Uni�o C�vica Radical, do ex-presidente De la R�a) e da Frepaso (Frente Pa�s Solid�rio).
Al�m disso, explicou aos parlamentares que estar� pronto para anunciar na pr�xima sexta-feira um programa econ�mico cujas medidas est�o sendo elaboradas por t�cnicos do partido, liderados por Jorge Remes Lenicov, virtual chefe da equipe econ�mica do governo Duhalde, segundo informa o jornal 'Clar�n'. O feriado banc�rio que vigora no pa�s pode ser estendido at� o dia 7 de janeiro.
Duhalde teria tamb�m assegurado a parlamentares peronistas que manter� a suspens�o do pagamento da d�vida externa do pa�s -medida adotada pelo ex-presidente interino Rodr�guez Sa�.
Especula-se que uma das principais iniciativas a serem adotadas pelo novo presidente para tirar o pa�s da grave crise em que se encontra seria a convers�o para pesos das d�vidas expressas em d�lar -a chamada "pesifica��o" dos d�bitos-, o que representaria perdas para credores na moeda americana caso a divisa argentina venha a ser desvalorizada.
Uma das op��es que v�m sendo cogitadas como poss�vel medida para desvaloriza��o do peso seria a forma��o de uma cesta de moedas composta pelo d�lar, euro e real. Isto representaria uma redu��o no valor do peso de cerca de 40% em rela��o ao d�lar. A partir da�, a moeda argentina flutuaria de acordo com essas divisas para garantir maior competitividade aos produtos argentinos de exporta��o.
Por outro lado, h� informa��es de que a moeda argentina venha simplesmente a ser desvalorizada em cerca de 40% e, ap�s isso, seria retomado o sistema de paridade entre o peso e o d�lar que caracteriza a pol�tica econ�mica do pa�s h� 10 anos. Por�m, no caso, a paridade passaria de ser de 1,40 peso para cada d�lar.
Para possibilitar um choque de confian�a entre a popula��o do pa�s, Duhalde pode propor uma sa�da ordenada do chamado "corralito" financeiro -sistema que limita os saques banc�rios a 1.000 pesos ao m�s, adotado por De la R�a para evitar a fuga descontrolada de divisas dos bancos- com um plano de devolu��o escalonada dos dep�sitos.
Outra inten��o dos economistas de Duhalde � lan�ar um plano de reativa��o do consumo sem temor de uma futura desvaloriza��o do peso. Para isso, seriam adotados est�mulos fiscais ao setor produtivo, aumento da emiss�o de b�nus e fixa��o de garantias aos poupadores para que seu dinheiro n�o perca valor nos bancos.
Al�m disso, estaria prevista a cria��o um Minist�rio da Produ��o, cujo titular pode ser Ignacio de Mediguren (da UIA - Uni�o Internacional de Arquitetos).
5� presidente em 12 dias
A ren�ncia do ex-presidente De la R�a no dia 20 de dezembro de 2001 provocou uma inusitada crise pol�tica no pa�s que gerou a passagem de cinco diferentes nomes pela Presid�ncia em apenas 12 dias.
Al�m do pr�prio De la R�a, ocuparam o cargo de presidente do pa�s neste per�odo: o presidente interino do Senado, Ram�n Puerta (que ficou dois dias � frente da Presid�ncia e que chegou a renunciar a uma segunda nomea��o); o governador da prov�ncia de San Luis, Rodr�guez Sa� (sete dias no governo); o presidente da C�mara, deputado, Eduardo Cama�o (desde segunda-feira � tarde no cargo); e, agora, Eduardo Duhalde.
Volta por cima
Derrotado nas elei��es presidenciais de 1999, quando obteve 38% dos votos, contra os 48% de De la R�a, Duhalde consegue seu objetivo de chegar � Presid�ncia de forma indireta e por apenas dois anos.
Duhalde come�ou sua carreira pol�tica como vereador de sua cidade natal, Lomas de Zamora, na Grande Buenos Aires, tendo sido eleito prefeito da localidade em 1983. A seguir, em 1987, concorreu e venceu a disputa por uma cadeira na C�mara Nacional.
Foi vice-presidente de Carlos Menem entre 1989 e 1991, quando deixou o cargo e foi eleito governador da prov�ncia de Buenos Aires. Governou por dois mandatos, at� 1999, quando tentou a Presid�ncia do pa�s.
No ano passado, Duhalde foi um dos senadores mais votados nas elei��es legislativas de outubro, obtendo 37,5% dos votos da prov�ncia de Buenos Aires.
Duhalde foi tamb�m advogado e escriv�o p�blico. � casado com Hilda Gonz�lez de Duhalde e tem cinco filhos.
*com informa��es das ag�ncias internacionais e do jornal "�mbito Financiero".
Leia mais no especial sobre Argentina
Senador Eduardo Duhalde � escolhido novo presidente da Argentina
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Editor-assistente de Economia
da Folha Online
Eduardo Duhalde, 60, � o novo presidente da Argentina. Ele ser� o quinto nome a ocupar o cargo em apenas duas semanas. A decis�o foi tomada pela Assembl�ia Legislativa (sess�o conjunta do Senado e C�mara) com 262 votos a favor, 21 votos contra e 18 absten��es, ap�s entendimentos entre lideran�as partid�rias encabe�adas pelo Partido Justicialista (peronista) que garantiram sua nomea��o.
Duhalde ir� ficar pouco menos de dois anos na Presid�ncia, cumprindo o restante do mandato do ex-presidente Fernando de la R�a at� 10 de dezembro de 2003. Sua posse deve acontecer nesta quarta-feira, por volta do meio-dia (13h no hor�rio de Bras�lia).
Mesmo assim, a escolha de Duhalde n�o foi consensual dentro de seu pr�prio partido, o peronista. Alguns nomes expressivos do peronismo, como o governador de Santa Cruz, N�stor Kirchner, defendiam a realiza��o de elei��es diretas para a escolha do presidente, ap�s a ren�ncia do interino Adolfo Rodr�guez Sa�, no �ltimo domingo.
As elei��es presidenciais previstas para mar�o de 2002 -marcadas pela Assembl�ia Legislativa ap�s a ren�ncia de De la R�a, em 20 de dezembro- ficam canceladas.
Antes mesmo de ter sido confirmado como novo presidente da Argentina, Duhalde teria dito a deputados de seu partido, o Justicialista, que levar� adiante "um governo peronista". Apesar disso, seu gabinete ministerial deve contar com nomes da UCR (Uni�o C�vica Radical, do ex-presidente De la R�a) e da Frepaso (Frente Pa�s Solid�rio).
Al�m disso, explicou aos parlamentares que estar� pronto para anunciar na pr�xima sexta-feira um programa econ�mico cujas medidas est�o sendo elaboradas por t�cnicos do partido, liderados por Jorge Remes Lenicov, virtual chefe da equipe econ�mica do governo Duhalde, segundo informa o jornal 'Clar�n'. O feriado banc�rio que vigora no pa�s pode ser estendido at� o dia 7 de janeiro.
Duhalde teria tamb�m assegurado a parlamentares peronistas que manter� a suspens�o do pagamento da d�vida externa do pa�s -medida adotada pelo ex-presidente interino Rodr�guez Sa�.
Especula-se que uma das principais iniciativas a serem adotadas pelo novo presidente para tirar o pa�s da grave crise em que se encontra seria a convers�o para pesos das d�vidas expressas em d�lar -a chamada "pesifica��o" dos d�bitos-, o que representaria perdas para credores na moeda americana caso a divisa argentina venha a ser desvalorizada.
Uma das op��es que v�m sendo cogitadas como poss�vel medida para desvaloriza��o do peso seria a forma��o de uma cesta de moedas composta pelo d�lar, euro e real. Isto representaria uma redu��o no valor do peso de cerca de 40% em rela��o ao d�lar. A partir da�, a moeda argentina flutuaria de acordo com essas divisas para garantir maior competitividade aos produtos argentinos de exporta��o.
Por outro lado, h� informa��es de que a moeda argentina venha simplesmente a ser desvalorizada em cerca de 40% e, ap�s isso, seria retomado o sistema de paridade entre o peso e o d�lar que caracteriza a pol�tica econ�mica do pa�s h� 10 anos. Por�m, no caso, a paridade passaria de ser de 1,40 peso para cada d�lar.
Para possibilitar um choque de confian�a entre a popula��o do pa�s, Duhalde pode propor uma sa�da ordenada do chamado "corralito" financeiro -sistema que limita os saques banc�rios a 1.000 pesos ao m�s, adotado por De la R�a para evitar a fuga descontrolada de divisas dos bancos- com um plano de devolu��o escalonada dos dep�sitos.
Outra inten��o dos economistas de Duhalde � lan�ar um plano de reativa��o do consumo sem temor de uma futura desvaloriza��o do peso. Para isso, seriam adotados est�mulos fiscais ao setor produtivo, aumento da emiss�o de b�nus e fixa��o de garantias aos poupadores para que seu dinheiro n�o perca valor nos bancos.
Al�m disso, estaria prevista a cria��o um Minist�rio da Produ��o, cujo titular pode ser Ignacio de Mediguren (da UIA - Uni�o Internacional de Arquitetos).
5� presidente em 12 dias
A ren�ncia do ex-presidente De la R�a no dia 20 de dezembro de 2001 provocou uma inusitada crise pol�tica no pa�s que gerou a passagem de cinco diferentes nomes pela Presid�ncia em apenas 12 dias.
Al�m do pr�prio De la R�a, ocuparam o cargo de presidente do pa�s neste per�odo: o presidente interino do Senado, Ram�n Puerta (que ficou dois dias � frente da Presid�ncia e que chegou a renunciar a uma segunda nomea��o); o governador da prov�ncia de San Luis, Rodr�guez Sa� (sete dias no governo); o presidente da C�mara, deputado, Eduardo Cama�o (desde segunda-feira � tarde no cargo); e, agora, Eduardo Duhalde.
Volta por cima
Derrotado nas elei��es presidenciais de 1999, quando obteve 38% dos votos, contra os 48% de De la R�a, Duhalde consegue seu objetivo de chegar � Presid�ncia de forma indireta e por apenas dois anos.
Duhalde come�ou sua carreira pol�tica como vereador de sua cidade natal, Lomas de Zamora, na Grande Buenos Aires, tendo sido eleito prefeito da localidade em 1983. A seguir, em 1987, concorreu e venceu a disputa por uma cadeira na C�mara Nacional.
Foi vice-presidente de Carlos Menem entre 1989 e 1991, quando deixou o cargo e foi eleito governador da prov�ncia de Buenos Aires. Governou por dois mandatos, at� 1999, quando tentou a Presid�ncia do pa�s.
No ano passado, Duhalde foi um dos senadores mais votados nas elei��es legislativas de outubro, obtendo 37,5% dos votos da prov�ncia de Buenos Aires.
Duhalde foi tamb�m advogado e escriv�o p�blico. � casado com Hilda Gonz�lez de Duhalde e tem cinco filhos.
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