Descrição de chapéu mudança climática

Racismo ambiental é tema de seminário na UFRJ

Com transmissão gratuita, encontro reunirá organizações sociais, setor privado e agentes públicos em dois dias de programação

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São Paulo

A organização internacional ActionAid, que atua no Brasil há 25 anos, promoverá a partir desta terça-feira (4) o seminário "Racismo Ambiental". O evento discute pautas como insegurança alimentar e mulheres negras, mobilidade urbana e ocupação das cidades e tecnologias sociais e políticas públicas para questões climáticas, ambientais e agrárias.

O seminário será realizado das 9h30 às 17h no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e terá transmissão online gratuita no canal da ActionAid Brasil no YouTube.

A agenda tem como objetivo fortalecer a articulação e os diálogos entre organizações comunitárias, instituições, setor privado e movimentos sociais de comunidades rurais e urbanas.

Alagamento em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, após forte chuva que atingiu a cidade do Rio de Janeiro e a região metropolitana - Eduardo Anizelli 15 jan.24/Folhapress

Encomendada pelo Projeto Seta (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), iniciativa realizada pela ActionAid, e o Instituto de Referência Negra Peregum ao Ipec, a pesquisa "Percepções sobre Racismo no Brasil" mostrou que apenas 24% da população sabe o que é ou já ouviu falar em racismo ambiental.

De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, o termo se refere a uma forma de desigualdade socioambiental que afeta, principalmente, comunidades marginalizadas e populações negras e indígenas.

A recente tragédia climática que acometeu o estado do Rio Grande do Sul aponta a necessidade de amadurecimento e de debates sobre o assunto.

De acordo com levantamento da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), o estado gaúcho possui 145 quilombos, distribuídos por 70 municípios. Todos foram atingidos pelas enchentes, com 17.500 quilombolas impactados pela tragédia.

Para Ana Paula Brandão, diretora programática da ActionAid, ainda existe pouca discussão sobre racismo ambiental e o seminário é uma oportunidade para especialistas, governo e movimentos sociais dialogarem e produzirem conhecimento sobre o assunto.

"Nosso objetivo é estimular o debate sobre o quão desigual é o impacto das mudanças climáticas e o que precisa ser feito para superá-lo, mas também expandir o olhar sob outras perspectivas: historicamente, quem tem direito pleno à cidade e ao campo? Quem tem voz nas tomadas de decisões? Assim, a questão de raça e gênero precisa estar no centro dessa conversa, pois sabemos que esses são os grupos mais vulneráveis e suscetíveis às violações de direitos, mas também agentes de soluções efetivas", analisa.

Junior Aleixo, especialista de Justiça Climática na ActionAid, acredita que, embora a conceituação do racismo ambiental seja relativamente recente, políticas e ações relacionadas às questões ambientais que tenham ligação direta com a luta por justiça racial são fundamentais.

"O enfrentamento por justiça social e ambiental é uma luta histórica por igualdade racial, tendo em vista o nosso processo de colonização e escravização de populações negras e indígenas", afirma.

O evento é uma parceria entre a UFRJ, a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), o CBJC (Centro Brasileiro de Justiça Climática), com apoio da Fundação Heinrich Böll e do Projeto Seta.

Seminário Racismo Ambiental

Data: 4 e 5 de junho
Horário: das 9h30 às 17h (horário de Brasília)
Transmissão: www.youtube.com/@EBCnaRede

Programação

Dia 4 de junho (terça-feira)

9h30 às 12h – Racismo ambiental: o que isso tem a ver com o seu quintal?
11h às 12h – Interação com a plateia / perguntas
14h às 15h30 – Território de partilha: produção de dados nas quebradas
15h30 às 17h30 – Repensando uma educação ambiental antirracista: infância, juventude e clima

Dia 5 de junho (quarta-feira)

9h30 às 10h30 – Território de partilha: defensoras da terra e do clima: extrativismo e cuidado
10h30 às 12h30 – Mudanças climáticas, mobilidade urbana e ocupação das cidades 
14h às 15h30 – Políticas públicas de enfrentamento ao racismo ambiental, para questões climáticas, ambientais e agrárias
15h30 às 17h – Entre o rural e o urbano: a produção espacial do racismo ambiental

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