Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Brasileira vai integrar 1º trio de arbitragem feminino a comandar jogo de Copa

Catarinense Neuza Back, francesa Stéphanie Frappart e mexicana Karen Díaz farão história em Alemanha x Costa Rica

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São Paulo

A Fifa demorou uma eternidade, mas enfim levará a campo um trio de arbitragem feminino na Copa do Mundo do Qatar.

A francesa Stéphanie Frappart será a árbitra de Alemanha x Costa Rica, na quinta-feira (1º) em Al-Khor, partida que decide o futuro da seleção europeia, tetracampeã mundial, na competição.

O momento no estádio Al Bayt será histórico, já que esta é a primeira edição de Copa do Mundo com mulheres na arbitragem –o torneio, disputado desde 1930, está em sua 22ª edição.

A francesa Stéphanie Frappart ao lado do gramado do estádio 974, em Doha, como quarta árbitra em México x Polônia, na Copa no Qatar
A francesa Stéphanie Frappart atua ao lado do gramado do estádio 974, em Doha, como quarta árbitra em México x Polônia, na Copa no Qatar - Kirill Kudryavtsev - 22.nov.2022/AFP

Junto com Frappart irão a campo nessa partida, para auxiliá-la como bandeirinhas, a brasileira Neuza Back e a mexicana Karen Díaz Medina. Todas têm 38 anos.

Completam as representantes femininas na arbitragem no Qatar as árbitras Salima Mukansanga, 34, de Ruanda, e Yoshimi Yamashita, 36, do Japão, e a assistente Kathryn Nesbitt, 34, dos EUA.

Frappart é a árbitra mais famosa do mundo. Ela já apitou decisão da Copa da França masculina, jogo da Champions League masculina e partida das Eliminatórias para a Copa do Qatar (Holanda x Letônia, em março do ano passado).

Conforme publicou a Folha nesta terça-feira (29) no blog O Mundo É uma Bola, as mulheres vinham sendo relegadas a um papel de figurantes na arbitragem no Mundial do Qatar, país em que os direitos do sexo feminino são pouco considerados.

Em duas rodadas completas da fase de grupos, totalizando 32 partidas, elas só foram escaladas para as funções de quarto ou quinto árbitro, ou então de assistente do VAR (árbitro de vídeo), que por si já um assistente.

O quarto árbitro só entra em campo se o titular tiver algum problema, como uma lesão, que o impeça de prosseguir no comando da partida.

Do contrário, fica no posto burocrático de levantar a placa que indica substituições no jogo –além de escutar as reclamações dos treinadores dos times, que ficam em área próxima.

Quem tem feito com frequência esse papel é a japonesa Yamashita, que esteve em ação nesta terça em Inglaterra x País de Gales no estádio Ahmed bin Ali, em Al Rayyan.

O quinto árbitro, função executada pela catarinense Back em México x Polônia, é o reserva dos bandeirinhas. Se nenhum deles tiver de ser substituído –quase nunca acontece–, ele fica relegado a "auxiliar do quarto árbitro".

A brasileira Neuza Back, 'quinta árbitra' em México x Polônia, auxilia Stéphanie Frappart (esq.) na lateral do gramado do estádio 974, em Doha, na Copa do Qatar
A brasileira Neuza Back, quinta árbitra em México x Polônia, auxilia Stéphanie Frappart (esq.) na lateral do gramado do estádio 974, em Doha - Carl Recine - 22.nov.2022/Reuters

Frappart, Back e Díaz Medina serão protagonistas somente no 12º dia de Copa do Mundo, o penúltimo da fase de grupos, quando já terão sido realizadas 42 das 64 partidas do Mundial.

O Mundial qatariano tem 36 árbitros, 69 assistentes (bandeirinhas) e 24 VARs (árbitros de vídeo).

Na manhã desta terça, horas antes de a escala que incluiu os nomes das três ser sido divulgada, a Folha entrou em contato por e-mail com a assessoria de comunicação da Fifa para questionar o critério de escolha do time de arbitragem para os jogos, mas a entidade não respondeu.

A partida de quinta-feira em que Back, Frappart e Díaz Medina estarão em ação é decisiva.

A Alemanha, que está em último no Grupo E, com 1 ponto, precisa derrotar a Costa Rica (3 pontos) para não dar adeus precoce à Copa pela segunda vez seguida.

No mesmo grupo estão Espanha (4 pontos) e Japão (3), que jogam no mesmo horário, às 16h (de Brasília), no estádio Khalifa, em Doha.

'Cheiro da grama'

Depois que soube que foi escolhida para ir à Copa no Qatar, Neuza Inês Back, nascida em Saudades (no oeste de Santa Catarina), deu algumas entrevistas nas quais comentou o feito que tinha atingido e a expectativa para participar da competição.

"A gente fica quatro anos esperando esse momento de chegar a Copa do Mundo para poder assistir aos jogos, e eu vou poder sentir o cheiro da grama, vou poder fazer parte de uma Copa do Mundo", declarou à TV Globo.

Ela disse também como pretende administrar o nervosismo e o deslumbramento de estar atuando em um jogo da competição de futebol mais importante do planeta.

"É uma autodefesa minha. [Vejo] a equipe de vermelho contra a equipe de branco. Se eu ficar pensando que estou numa partida de Copa do Mundo, trabalhando com duas seleções, daqui a pouco eu não consigo trabalhar no jogo."

Com uniforme amarelo, a assistente de arbitragem Neuza Back atua em São Paulo x Mirassol, no estádio do Morumbi, pelo Campeonato Paulista de 2021; com o braço direito ela estende uma bandeira quadriculada com as cores amarelo e laranja
A assistente de arbitragem Neuza Back atua em São Paulo x Mirassol, no estádio do Morumbi, pelo Campeonato Paulista de 2021 - neuzaback no Instagram

O ponto mais alto na arbitragem da ex-estudante de educação física ocorreu no Mundial de Clubes do Qatar, no começo deste ano, quando foi selecionada para estar na competição masculina, na qual, contudo, figurou apenas como suplente.

Agora, muito perto de viver o dia mais importante de sua carreira profissional, ela sabe que o mundo estará observando se seu desempenho estará à altura de uma Copa do Mundo.

"É o maior desafio profissional que eu vou enfrentar na minha vida. O mundo para para ver essa competição", disse Back à rádio Bandeirantes.

"É um desafio para todas as mulheres. Como a gente está indo pela primeira vez, o mundo vai estar olhando com aquele olhar: será que elas dão conta? Estão indo por uma ação social da Fifa ou porque realmente têm qualidade para trabalhar? Espero que resposta seja: elas estão indo porque merecem, porque têm capacidade profissional."

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