Apesar de lesões e problemas extracampo, França busca repetir Brasil de 1962

Seleção europeia tenta ser a primeira a ganhar duas Copas do Mundo seguidas depois de 60 anos

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São Paulo

A França tem time para fazer algo que não acontece há 60 anos: uma seleção campeã mundial defender seu título com sucesso no torneio seguinte. A última foi o Brasil de 1958-1962.

O técnico Didier Deschamps terá uma arma ofensiva que esteve ausente há quatro anos, na Rússia: o atacante Karim Benzema, 34 (fará 35 um dia após a final do Mundial no Qatar). Brigado com a federação nacional, com o treinador e até com políticos do país após ser acusado de participar de tentativa de extorsão do colega de seleção Mathieu Valbuena, ele está de volta.

Kylian Mbappé lamenta chance perdida contra a Suíça, nas oitavas de final da Eurocopa do ano passado
Kylian Mbappé lamenta chance perdida contra a Suíça, nas oitavas de final da Eurocopa do ano passado - Franck Fife-28.jun.21/AFP

O artilheiro foi reincorporado à equipe antes da Eurocopa de 2021. Neste ano, depois de ser o maior nome do Real Madrid (ESP) na conquista da Champions League, venceu a Bola de Ouro de melhor jogador da temporada e é um dos favoritos para craque do ano da Fifa.

"As pessoas falam em seleções favoritas, mas esquecem que a Copa da Mundo é torneio único. Em um jogo [de mata-mata] qualquer coisa pode acontecer. Um erro decide tudo", define Deschamps, repetindo a fórmula que empregou em 2018 de tentar tirar ao máximo a pressão sobre seus jogadores.

Ao lado de Zagallo e do alemão Franz Beckenbauer, ele é o único a ter levantado o troféu como jogador e técnico. Era volante do time campeão em 1998.

A França é a prova de que uma equipe pode oscilar muito no período de quatro anos. Duas vezes semifinalista nos anos 1980 (1982 e 1986), não conseguiu se classificar para os torneios de 1990 e 1994. Isso apesar de ter uma geração de nomes ofensivos talentosos, como Eric Cantona, David Ginola e Jean-Pierre Papin.

Campeã como sede em 1998, em casa, teve uma defesa de título desastrosa em 2002. Zinedine Zidane se machucou uma semana antes da estreia e o time saiu do torneio na Coreia do Sul e Japão eliminado na fase de grupos, com apenas um ponto conquistado em três jogos.

Finalista em 2006 (no histórico jogo da cabeçada de Zidane no peito do italiano Materazzi), implodiu durante o Mundial de 2010 na África do Sul. Nicolas Anelka despejou sua ira sobre o técnico Raymond Domenech, os outros jogadores ensaiaram uma greve e o lateral Patrice Evra quase saiu no braço com integrante da comissão técnica. Mais uma vez não chegou sequer às oitavas.

O elenco de 2014, eliminado nas quartas de final pela campeã Alemanha seria o embrião do que se consagraria na Rússia.

Mas há problemas. Hugo Lloris é um goleiro inconstante e a França teve uma campanha decepcionante na última Liga das Nações. Na Eurocopa de 2021, caiu de forma surpreendente, nos pênaltis, contra a Suíça, nas oitavas. Cedeu o empate em 3 a 3 no tempo normal depois de ter a vantagem por 3 a 1.

A campeã do mundo tem questões físicas e um desfalque sério confirmado. Lesionado, o volante N’Golo Kanté está fora do torneio e Deschamps não tem nenhum outro jogador capaz de dar a energia no meio-campo, roubar tantas bolas e ainda chegar no ataque, como o atleta do Chelsea (ING).

Na semana passada, o zagueiro Raphael Varane sofreu contusão na panturrilha e vai ficar afastado de duas a três semanas.

Paul Pogba se recupera de lesão no joelho e vai voltar a tempo de atuar na Copa, mas terá de acelerar a preparação para estar 100% e há a dúvida sobre seu ritmo de jogo.

As questões extracampo circundam atletas importantes. O próprio Pogba teve de receber proteção policial porque era ameaçado de extorsão por um grupo de amigos de infância e seu irmão, Mathias.

Existe preocupação quanto ao clima entre jogadores, comissão técnica e dirigentes. Especialmente o astro Kylian Mbappé. O atacante reclamou repetidas vezes sobre a questão do pagamento dos direitos de imagem dos atletas. No mês passado, ele anunciou que não participaria de sessão de fotos dos patrocinadores da seleção.

Uma reunião de emergência foi convocada com a participação de Noel Le Graet, presidente da Federação Francesa, Deschamps, Varane, Lloris e Mbappé para tentar resolver a situação. Foi feito novo acordo, mas isso mostrou problemas internos.

A França está no Grupo D da Copa do Mundo e estreia contra a Austrália, em 22 de novembro. Dinamarca e Tunísia também estão na chave.

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