Tentando implementar a filosofia de que "menos é mais", o Palmeiras inicia nesta quarta-feira (4), às 19h15, sua trajetória na Copa Libertadores 2020, contra o Tigre, na Argentina, em busca do segundo título da competição.
O torneio sul-americano continua sendo tratado como obsessão por torcedores, patrocinadora e o próprio clube, mas o número de atletas contratados para a disputa da fase de grupos é o menor desde a edição de 2016 (sete jogadores), a primeira da equipe com o aporte financeiro da Crefisa.
A diretoria palmeirense trouxe apenas dois reforços para a atual temporada: o atacante Rony, 24, e o lateral esquerdo uruguaio Matías Viña, 22.
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O auge no quesito número de reforços do Palmeiras para o início das chaves da Libertadores ocorreu em 2017, quando 9 jogadores foram trazidos –em 2018 foram 6.
Há três anos, o clube desembolsou R$ 110,6 milhões, segundo valores de transferências compilados pelo site Transfermarkt e corrigidos pela inflação do período, de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Na temporada atual, Rony, ex-Athletico, e Viña, ex-Nacional (URU), custaram juntos R$ 53,1 milhões. Esse valor é 52% mais baixo do que o despendido em 2017, ano em que a Crefisa mais injetou dinheiro na formação do elenco para tentar a conquista do bicampeonato continental.
Na ocasião, o colombiano Miguel Borja, então com 24 anos, foi a grande contratação de 2017. Pelo atacante, o Palmeiras pagou ao Atlético Nacional (COL) R$ 36,8 milhões (valores atualizados), na aquisição mais cara da história do clube. Outros oito atletas chegaram ao plantel para a disputa do torneio, comandado naquela oportunidade por Eduardo Baptista.
O grande investimento não impediu a demissão do treinador ainda na fase de grupos do torneio e a eliminação do time nas oitavas de final para o Barcelona (EQU), já sob a tutela de Cuca, após ser derrotado nas penalidades.
A diferença no número de reforços e nos valores investidos em 2020, até o momento, vêm ao encontro de declarações recentes do presidente Maurício Galiotte, após avaliar o desempenho da equipe no ano passado, quando não conquistou títulos e foi contestada pelos jogadores contratados.
"Neste momento, a gente muda um pouco a nossa postura em relação ao mercado", ele disse no início da pré-temporada. "Estamos fazendo um trabalho para que tenhamos um grupo qualificado, mas que não seja grande."
As principais queixas dos torcedores em relação ao time de 2019 foram as apostas feitas pela diretoria e pela comissão técnica, então comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari, para reforçar a base campeã do Campeonato Brasileiro do ano anterior, que havia sido mantida.
Na ocasião, seis atletas chegaram em definitivo ou por empréstimo para o início da Libertadores –a equipe foi eliminada pelo Grêmio nas quartas de final. O perfil buscado era de atletas promissores, como o centroavante Arthur Cabral, então com 20 anos, que havia tido bom desempenho na temporada anterior com a camisa do Ceará –pouco utilizado e vendido ao FC Basel– e o meia Zé Rafael, que tinha 25 anos na época e era o principal jogador do Bahia, mas que oscilou durante seu primeiro ano com a camisa alviverde.
Outra jovem promessa para 2018, essa indicada por Felipão, foi o atacante Carlos Eduardo, 22 anos à época, revelado pelo Goiás e que estava no Pyramids (EGI). Por ele, foram desembolsados R$ 25, 4 milhões. Apesar das oportunidades, o jogador não se firmou na equipe titular, marcou apenas um gol e nesta temporada foi para o Athletico.
Atualmente, um valor equivalente foi investido em Matías Viña, 22, que estava no Nacional (URU). Ele foi eleito o melhor jogador de seu país em 2019 e passou a ser chamado pelo técnico Óscar Tabárez para a seleção uruguaia. Já Rony foi um dos destaques do Athletico na campanha que levou o clube ao seu primeiro título da Copa do Brasil. Na segunda partida da decisão, ele fez o gol da vitória sobre o Internacional, por 2 a 1, no Beira-Rio.
A contratação de ambos corrobora o discurso de Galiotte, de contratar em menos quantidade, mas trazer jogadores que possam disputar lugar no time titular.
Além de buscar reforços mais "prontos", o Palmeiras também aumentou a presença de jogadores formados pelo clube em seu elenco principal.
Os garotos são Alan, 19, Esteves, 19, Patrick de Paula, 20, Gabriel Menino, 19, Veron, 17, e Angulo, 20, (não foi inscrito na Libertadores), recém-promovidos, além de Vinicius Silvestre, 25, que estava emprestado e retornou.
A política de dar mais espaço aos jovens foi anunciada pelo ex-diretor de futebol do Palmeiras, Alexandre Mattos, ainda no ano passado, pouco antes de ser demitido. Agora no futebol inglês, ele foi o responsável pelo grande volume de contratações desde 2015, ano também do contrato firmado com a principal patrocinadora.
A escolha da comissão técnica para esta temporada também teve a contenção de gastos como um dos fatores determinantes. Em dezembro, o clube negociou com o técnico argentino Jorge Sampaoli, após ele se desligar do Santos, mas recusou a pedida de salário de cerca de R$ 2 milhões do estrangeiro.
Vanderlei Luxemburgo e sua comissão técnica foram contratados por aproximadamente R$ 600 mil.
Mesmo gastando menos, a conquista da Libertadores ainda é a grande meta da equipe para a temporada. Desde 2015, início da era Crefisa, essa é a quinta participação do time no torneio. Sua melhor campanha no período foi em 2018, quando chegou às semifinais.
O Tigre, adversário do Palmeiras nessa quarta, disputa atualmente a segunda divisão do Campeonato Argentino. Na edição de 2013 da competição sul-americana, quando os clubes se enfrentaram, o time alviverde era quem estava na Série B. Na época, a vitória dos argentinos provocou ira da torcida uniformizada palmeirense e agressão ao goleiro Fernando Prass, no aeroporto de Buenos Aires.
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