Pai de piloto do voo da Chapecoense vai � Col�mbia 'dar a cara a tapa'
Rodrigo Pedroso - /Folhapress | ||
![]() |
||
Alberto Pinto, pai adotivo do piloto do voo da Chapecoense, recebe h�stia de padre em La Uni�n |
O boliviano Alberto Pinto, 61, chegou na segunda-feira (8) � Col�mbia com duas miss�es. Queria entender o que aconteceu com seu filho e tentar falar com parentes de v�timas da trag�dia a�rea envolvendo a Chapecoense, que deixou 71 mortos. Ele � pai adotivo de Miguel Quiroga, piloto do voo da LaMia, que caiu no dia 29 de novembro, no arredores de Medell�n.
O empres�rio boliviano passou tr�s dias entre Medell�n e La Uni�n, povoado no p� do morro onde a aeronave caiu. Tentou se aproximar de familiares das v�timas brasileiras, foi a uma missa organizada no local do acidente e se encontrou com a controladora de voo que tentou guiar o pouso da aeronave.
O informe preliminar da investiga��o da aeron�utica civil colombiana, divulgado em dezembro, responsabilizava Quiroga por falhas no plano de voo, por ter decolado com menos combust�vel do que o exigido. O resultado final da apura��o sair� at� novembro.
"Vim aqui dar a cara a tapa, poderia ter ficado na Bol�via. Queria ter dito �s pessoas que tamb�m estamos sofrendo", afirmou Alberto � Folha.
O filho de Miguel, Roger Quiroga, 14, acompanhou o av� na viagem. Ambos ficaram hospedados na casa de um morador do povoado de La Uni�n, pr�ximo do local da queda.
Na ter�a-feira, a cidade organizou uma homenagem �s v�timas. Estiveram integrantes da delega��o da Chapecoense, entre eles os jogadores sobreviventes Alan Ruschel, Neto e Jackson Follmann.
Alberto n�o conseguiu se encontrar com os atletas, nem com familiares de v�timas que foram ao local do acidente na tarde de ter�a.
"Algumas pessoas n�o queriam que eu estivesse ali, o que eu compreendo, mas a fam�lia n�o pode ser culpada pelo que aconteceu", disse.
� Folha, a assessoria da Chapecoense confirmou que n�o aconteceu o encontro entre o pai de cria��o do piloto e os integrantes da equipe que foram ao local. Negou, por�m, que houve veto � presen�a dele na visita.
Tamb�m na ter�a, o pai conseguiu ter um r�pido contato com alguns familiares de brasileiros que morreram na trag�dia. Em uma cerim�nia de entrega de objetos das v�timas, � noite, Alberto falou com os parentes. O encontro foi intermediado pela psic�loga e volunt�ria colombiana Fernanda Sierra, 28.
Alberto se aproximou de um grupo de cinco brasileiras para se apresentar.
"Disse que tamb�m sinto a dor da perda de uma pessoa querida e recebi um abra�o e palavras de conforto."
Um dia ap�s a visita dos jogadores, Alberto, enfim, foi ao Cerro Chapecoense, como foi batizado o local da queda. Parentes do copiloto boliviano Ovar Goytia e o pai do t�cnico de voo, �ngel Lugo, tamb�m v�timas do acidente, estiveram com ele. Enquanto fazia v�deos narrando o que via para mostrar � m�e de Miguel, Maria Pinto, Alberto cronometrou o tempo que um avi�o que passara sobre sua cabe�a demorou em tocar a terra.
"Viu? Tr�s minutos daqui � aterrissagem. Por tr�s minutos...", disse, sem completar a a frase.
O venezuelano Jes�s Ram�n Lugo, 64, pai de �ngel, diz que chegou a culpar Miguel Quiroga pela trag�dia. Agora, afirma que o piloto "tomou uma decis�o errada e que pagou por isso".
"Fiquei com a sensa��o de que alguns brasileiros n�o queriam proximidade com a gente. Eu gostaria de ter falado com eles, mostrar meus sentimentos", afirmou.
Lugo foi a La Uni�n atr�s de um documento que explicasse melhor a causa da morte do filho para poder cobrar a indeniza��o do seguro. No laudo oficial, a conclus�o foi de que se deu por morte violenta.
ENCONTRO MARCADO
Depois da visita ao morro, Alberto foi a Medell�n para buscar o m�dico que assinou o atestado de �bito. N�o conseguiu encontr�-lo. Queria levar para a m�e de Miguel uma resposta sobre o estado do corpo do filho.
"Falaram que ele tinha sido decepado e, como fizemos o enterro em caix�o fechado, gerou esse trauma nela."
Horas antes de embarcar de volta � Bol�via, o pai de Miguel Quiroga teve outro encontro muito esperado por ele. Conversou com Yaneth Molina, a controladora de voo do aeroporto Jos� Maria C�rdoba no momento da queda do avi�o da LaMia.
Ap�s o vazamento pela imprensa do �udio da conversa entre ela e Miguel momentos antes da colis�o, Yaneth acabou responsabilizada por parte da opini�o p�blica colombiana e boliviana por supostamente ter demorado a transmitir as coordenadas de aterrissagem.
A conversa durou uma hora. Ambos expressaram pesar pelo acidente e dividiram seus sofrimentos com as repercuss�es do caso.
"Contei ao Alberto que n�o havia nada que a torre pudesse fazer", afirmou Yaneth. "Eu precisava ver a �ltima pessoa que falou com o meu filho", disse Alberto.
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade