Contra racismo, jogador fica sentado durante hino e recebe cr�ticas nos EUA
Mike Ehrmann/Getty Images/AFP | ||
![]() |
||
Kaepernick lan�a a bola durante jogo do San Francisco 49ers |
Em 1968, na Olimp�ada do M�xico, os velocistas americanosTommie Smith e John Carlos ergueram os punhos fechados no p�dio durante a execu��o do hino dos EUA, em protesto contra a discrimina��o racial em seu pa�s. Era o auge do movimento de direitos civis, meses depois do assassinato de seu l�der, Martin Luther King Jr. O gesto tornou-se um �cone da hist�ria ol�mpica.
Quase quatro d�cadas depois, o ressentimento persiste, e o esporte mant�m-se como uma v�lvula de escape. Na �ltima sexta-feira, Colin Kaepernick, quarterback (lan�ador) do time de futebol americano San Francisco 49ers, n�o levantou-se para a execu��o do hino nacional numa partida de pr�-temporada. O gesto provocou algumas vaias na hora, mas a tempestade viria depois, com uma onda de ataques nas redes sociais e cr�ticas no meio esportivo.
"N�o vou ficar de p� e mostrar orgulho da bandeira de um pa�s que oprime os negros e pessoas de cor", disse Kaepernick depois do jogo, em que seu time foi derrotado por 21 a 10 pelo Green Bay.
Protestos de atletas negros nos EUA contra a discrimina��o n�o s�o incomuns, mas a atitude de Kaepernick ganhou enorme repercuss�o, num momento em que as tens�es raciais afloraram com epis�dios de viol�ncia e morte envolvendo negros e a pol�cia.
Gary Hershorn/Reuters | ||
![]() |
||
Kaepernick, do San Francisco 49ers, arranca com a bola durante jogo da NFL |
O gesto aconteceu enquanto a disputa presidencial entre o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton virava� uma batalha racial, com ambos se acusando de racismo. Patinando nas pesquisas atr�s de Hillary, Trump tem tentado apelar �s minorias, que lhe d�o apoio magro nas pesquisas. Mas o epis�dio Kaepernick fez o bilion�rio deixar de lado as estrat�gias e voltar a seu estilo desbocado.
"� terr�vel", disse Trump. "Acho que ele deveria achar um pa�s que funcione melhor para ele. Que tente, n�o vai acontecer".
Kapernick levou o San Francisco � final do Superbowl, em 2013, vencida pelo Baltimore Ravens. Depois disso, ele entrou em decl�nio, e deve come�ar a temporada no banco. Voltou �s manchetes por uma causa pol�tica, e muitos torcedores n�o o perdoaram. Nas redes sociais, choveram ataques, um deles propondo entregar o quarterback de presente ao grupo terrorista Estado Isl�mico (EI).
As cr�ticas vieram at� de quem apoia a mensagem, como o ex-jogador profissional Rodney Harrison, que tem dois an�is do Superbowl. Ele ampliou a pol�mica ao questionar se Kaepernick � negro, mostrando a complexidade da tens�o racial nos EUA.
"Eu sou um homem negro e Colin Kaepernick, ele n�o � negro", disse Harrison. "Ele n�o pode entender o que eu e outros negros enfrentam no dia a dia". O ex-jogador depois se desculpou pelos coment�rios. Kaepernick � birracial, seu pai era negro e sua m�e era branca. Ele foi adotado por Rick e Teresa Kaepernick, um casal branco que o criou na Calif�rnia.
O jogador tamb�m recebeu apoio de muitos outros atletas e celebridades, como o diretor de cinema Spike Lee, que o comparou ao lutador Muhammad Ali.
"Eu o apoio e acho interessante que as pessoas queiram escolher que direitos outros t�m", disse Lee. Foi o mesmo quando John Carlos e Tommy Smith levantaram seus punhos com luvas pretas, o mesmo quando Muhamad Ali se recusou a lutar numa guerra insana [Vietn�]".
O time de Kaepernick respeitou sua decis�o, afirmando que considera o hino "uma parte especial" da cerim�nia que antecede os jogos e que "� uma oportunidade de honrar nosso pa�s e refletir sobre as grandes liberdades que temos como cidad�os". Baseado no princ�pio americano da liberdade, disse o San Francisco 49ers num comunicado, reconhecem o direito de n�o participar.
A NFL, liga que administra o futebol americano, afirmou que n�o haver� puni��o para o quarterback, que n�o deixou as cr�ticas amolecerem seu discurso.
"Para mim, isso � maior que o futebol e seria ego�sta da minha parte olhar para o outro lado", disse Kaepernick, que ganha US$ 1,5 milh�o (R$ 4,8 milh�es) por m�s. "H� corpos nas ruas e pessoas que s�o pagas est�o cometendo assassinatos impunemente", disse.
Stephen Lam/Reuters | ||
![]() |
||
Kaepernick durante jogo do San Francisco 49ers |
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade