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A vacinação é talvez uma das maiores conquistas da humanidade. A introdução da imunização na rotina infantil foi capaz de erradicar doenças infecciosas e diminuir drasticamente a mortalidade de crianças. No entanto, nos últimos anos houve uma queda na cobertura vacinal de diversos imunizantes no Brasil e no mundo, colocando um alerta para a possibilidade do retorno de doenças já eliminadas no passado.
Um estudo divulgado pelo Unicef apontou que, em todo o mundo, 48 milhões de crianças não receberam nenhuma dose da vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, entre 2019 e 2021.
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A vacina consiste em uma dose aos dois meses de idade e dois reforços aos quatro e seis meses;
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15 milhões de crianças deveriam ter recebido o último reforço e não tomaram;
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Portanto, são ao menos 67 milhões de crianças não imunizadas corretamente nos últimos anos.
A vacina DTP é considerada um proxy, isto é, ela indica que houve a vacinação adequada nos primeiros meses de vida, podendo ser extrapolada também para outros imunizantes. Isso significa que milhões de crianças que não receberam a DTP também devem estar desprotegidas para outras doenças da infância, como hepatite A, poliomielite e tríplice viral (que protege contra o sarampo).
No Brasil, o número de crianças não imunizadas no mesmo período é de 2,4 milhões, das quais 1,6 milhão não receberam nenhuma dose ao nascer. O mesmo número pode ser considerado para pólio, doença altamente infecciosa que pode deixar sequelas como paralisia infantil.
Fake news
A divulgação de notícias falsas deu um salto na pandemia, por meio de uma campanha orquestrada para desacreditar as vacinas contra a Covid. Isto impactou significativamente os índices de imunização. Ainda segundo o estudo do Unicef, a confiança nos imunizantes caiu em 52 países, incluindo o Brasil, no período de 2019 a 2021. Só Índia, China e México tiveram aumento na confiança de suas populações sobre os imunizantes.
A tentativa de desacreditar a eficácia das vacinas não é nova, mas foi potencializada durante a pandemia, quando grupos passaram a propagar informações falsas sobre o imunizante que protege contra o coronavírus. A desconfiança e o medo acabaram afetando a aceitação de outras vacinas.
Uma pesquisa feita pelo Ipec a pedido da farmacêutica Pfizer mostrou que 1 em cada 3 pais ou responsáveis por crianças de 0 a 14 anos não acreditam que a vacina protege contra a forma grave da Covid em seus filhos.
Como conseguir recuperar?
De acordo com especialistas, esforços conjuntos devem ser feitos para recuperar a vacinação. Alguns dos fatores que levam ao atraso ou queda vacinal, além da descrença nos imunizantes, são:
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dificuldade de acesso aos postos de saúde;
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horário de atendimento na hora do trabalho;
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problemas relacionados ao estoque de doses;
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percepção de menor risco das doenças já controladas (o desconhecimento faz com que os pais acreditem não ser um mal maior);
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esquecimento e desconhecimento sobre as vacinas incluídas no calendário.
Unir profissionais de saúde, lideranças comunitárias e religiosas, o terceiro setor (por meio de parcerias com ONGs), assistentes sociais e educadores, promovendo campanhas e ações nas escolas, são algumas das apostas para recuperar o atraso.
Além disso, praticar a busca ativa das crianças não vacinadas, indo até suas casas, é outra medida apontada como bem-sucedida para aumentar a vacinação.
De 24 a 30 de abril é celebrada a Semana de Vacinação nas Américas, organizada pela Opas (braço Pan-Americano da OMS) com objetivo de ampliar os esforços e vacinar as populações de 40 países e territórios das Américas, em especial povos indígenas, migrantes, populações de fronteira e periferias que têm dificuldade ao acesso à saúde.
CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR
Novidades e estudos sobre saúde e bem-estar
- A escolaridade é um fator protetor para a demência, mas há diferenças quanto à etnia e cor da pele. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), analisou a função cognitiva de mais de 20 mil adultos de 51 a 100 anos. Adultos negros e latinos tiveram pior desempenho cognitivo em relação aos brancos, independente do nível educacional. Em relação ao declínio cognitivo, os adultos brancos tiveram maior proteção quanto maior a escolaridade, enquanto latinos e negros com menor escolaridade tiveram um declínio mais acelerado, sendo que nos latinos o declínio cognitivo teve início a partir de uma idade mais avançada.
- A dieta pode afetar o desenvolvimento de câncer de próstata? Uma pesquisa publicada na revista BJU Internacional constatou que a dieta conhecida como mediterrânea ou Prudente —com alta ingestão de frutas, legumes, oleaginosas e peixe— não apresentou redução no risco de desenvolver câncer de próstata. Em oposição, uma dieta rica em carboidratos, gordura, açúcar e carne processada (conhecida como ocidental) esteve associada ao aumento do risco de aparecimento de câncer de próstata, especialmente do tipo agressivo. O estudo avaliou 15.296 homens na Espanha de 1992 a 1996, período em que foram identificados 609 casos de câncer de próstata.
- A depressão na gravidez está associada a um maior risco cardiovascular em mulheres até dois anos após o parto, mostra um estudo conduzido com 100 mil mulheres nos Estados Unidos publicado no Journal of the American Heart Association. Segundo a pesquisa, mulheres que vivenciaram depressão na gestação tiveram um risco associado significativamente maior de apresentar doença isquêmica do coração. O estudo ainda faz um alerta para um dado de que cerca de 1 em 5 mulheres vivenciam depressão na gravidez.
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