Os efeitos da pandemia do novo coranavírus nas favelas brasileiras e as formas que essas comunidades tentam encontrar para se defender é o tema, nesta quarta-feira (29), do Ao Vivo em Casa, a série de lives da Folha para o período de isolamento social.
O repórter da Folha Emilio Sant’Anna entrevista três convidados: Gilson Rodrigues, líder comunitário, presidente da União de Moradores e Comerciantes de Paraisópolis e coordenador nacional do G10 Favelas; Reginaldo Lima, liderança comunitária do Complexo do Alemão e coordenador do G10 Favelas no Rio de Janeiro; e o médico infectologista João Prats, da Beneficência Portuguesa de São Paulo e Unifesp.
O G10 Favelas é um bloco de líderes e empreendedores de impacto social das favelas que reúne as principais comunidades do país em busca do desenvolvimento econômico e protagonismo das periferias.
A atuação da entidade em Paraisópolis é um exemplo do tamanho do desafio de tentar blindar mais de 100 mil moradores da contaminação do novo coronavírus, que já fez mais de 88 mil mortes no país.
Na comunidade carente da zona sul de São Paulo, a União de Moradores promove ações como a distribuição de cestas básicas e produtos de higiene, além de ter se mobilizado para a contratação de um serviço médico de urgência – uma vez que a demora e as dificuldades para as remoções de pacientes de dentro da comunidade é um problema recorrente no local.
Na Rocinha, no Rio, reclamações de falta de fornecimento de água têm sido constantes. Sem acesso ao recurso, o trabalho de proteção da comunidade ao vírus tem sido prejudicado. Um ponto que preocupa essas comunidades é o processo de reabertura econômica dos estados.
Segundo uma enquete feita com líderes comunitários que atuam em seis capitais, para 82% das lideranças entrevistadas a flexibilização das medidas de isolamento social tomadas para conter a Covid-19 terá impactos negativos. Somente 14% disseram esperar efeitos positivos, com a reabertura do comércio e a retomada de outras atividades econômicas que estavam paralisadas.
Realizada pela Rede de Pesquisa Solidária entre os dias 6 e 16 deste mês, a enquete ouviu 75 líderes comunitários das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Manaus, além de três grandes cidades do interior, Campinas (SP), Joinville (SC) e Maringá (PR).
Entre os que veem a reabertura com apreensão, a maioria teme aumento dos casos de infecção e das mortes causadas pelo coronavírus, falta de fiscalização do cumprimento de medidas preventivas como o uso de máscaras nas ruas e problemas na oferta de transporte público e outros serviços.
Os pesquisadores captaram também sinais da desorientação provocada pelas ações das autoridades na linha de frente do enfrentamento da pandemia: 28% acham que o medo de contágio tende a aumentar, mas 19% acham que a reabertura levará as pessoas a menosprezar a gravidade da doença.
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