Consumo de ecstasy falso cresce e preocupa m�dicos
O ecstasy de hoje j� n�o � mais o mesmo de antigamente. A presen�a cada vez maior de novos compostos sint�ticos que imitam a a��o da mol�cula MDMA, a mol�cula "original", est� deixando os especialistas preocupados.
O Global Drug Survey (GDS), estudo global que detecta tend�ncias e comportamentos no uso de drogas, mostrou que, na edi��o de 2015, 0,9% dos usu�rios da droga tiveram complica��es m�dicas e foram internados. Em 2013, esse valor era de 0,3%.
A pesquisa, que no Brasil foi coordenada pela Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo), teve 102 mil participantes no mundo e 5.624 no Brasil. A maior parte da amostragem era jovem e usu�ria de drogas.
"As p�lulas de ecstasy muitas vezes s�o uma salada com mais de 30 componentes que ainda nem tem nome", afirma a professora da Unifesp Clarice Madruga, respons�vel pelo GDS no Brasil.
Essas mol�culas, diz Clarice, geram fissura (vontade de usar novamente), s�o neurot�xicas e s�o f�ceis de sintetizar: "S�o feitas em qualquer fundo de quintal".
J� o MDMA, sigla para metilenodioximetanfetamina, � uma mol�cula mais segura e dif�cil de fazer fora de um laborat�rio equipado. Apesar de ser il�cita, ela vem sendo testada para tratar estresse p�s-traum�tico e como linha auxiliar de psicoterapia para quem n�o responde aos tratamentos convencionais.
Entre as outras mol�culas est�o a mefedrona e a PMA (parametoxianfetamina), tamb�m sint�ticas, que possuem efeitos colaterais acentuados -como mal s�bito e desmaios.
O psic�logo especialista em redu��o de danos Bruno Logan conta j� ter atendido usu�rios que foram enganados na escolha da droga: "As pessoas entendiam que era ecstasy porque era vendido assim e s� perceberam que n�o era depois dos efeitos".
O pre�o do ecstasy "pirata" � mais baixo. "Essas outras subst�ncias acabam saindo muito mais barato. O lucro do tr�fico � maior, mas o usu�rio acaba prejudicado", diz Logan.
Um comprimido de ecstasy custa em torno de R$ 35, enquanto um "pirata" chega a ser vendido por metade desse valor.
�LCOOL
As drogas geralmente s�o trazidas do exterior. Como h� risco de apreens�o pela Pol�cia Federal, as alternativas "em conta" acabam ganhando espa�o.
Em 2015, at� a primeira quinzena de setembro (dados mais recentes dispon�veis), a Pol�cia Federal apreendeu pouco mais de 300 mil comprimidos de ecstasy.
O n�mero � modesto se comparado ao total de coca�na (18,5 toneladas) ou de maconha (128 toneladas).
Mesmo assim, o impacto do consumo dos v�rios tipos de ecstasy n�o podem ser ignorados, na opini�o de especialistas.
Segundo Ivan Braun, psiquiatra do Hospital das Cl�nicas da USP, al�m de causar depend�ncia, a droga pode provocar crises de p�nico e desencadear surtos psic�ticos em pessoas predispostas, "principalmente em ambientes onde h� intensa atividade f�sica, como a dan�a".
"H� casos em que a temperatura aumenta e a pessoa morre", afirma.
Uma circunst�ncia que pode agravar os quadros de intoxica��o � o consumo dessas drogas associadas ao �lcool. No Brasil, isso acontece em 40% dos casos.
DEEP WEB
Quase 5% dos brasileiros do GDS disseram ter adquirido drogas online. O curioso � que, al�m de serem vendidas pelos nomes convencionais (como LSD ou ecstasy, por exemplo), �s vezes elas s�o "apelidadas" de adubo, plantas ornamentais ou mesmo de sais de banho.
Alguns usu�rios relatam ter obtido a droga na camada mais profunda da internet, conhecida como deep web. � uma regi�o n�o acessada pelos navegadores convencionais e onde h� com�rcio de itens il�citos e de pornografia infantil, por exemplo.
O Global Drug Survey 2016 est� no ar para a participa��o dos interessados. Com os dados, poder�o ser obtidas tend�ncias do comportamento dos brasileiros no uso de drogas.
As pessoas interessadas podem responder ao question�rio na p�gina www.globaldrugsurvey.com/gds2016. A interface da pesquisa est� acess�vel em portugu�s e n�o � necess�rio ter usado nenhum tipo de droga em particular para participar.
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