Medo da dor do parto � o principal motivo de op��o por ces�rea
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress | ||
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Mariana Ferreira de Souza, 30, e seu filho Vitor; ela escolheu fazer ces�rea por causa do medo da dor |
Quando soube que estava gr�vida, a professora Fabiana Di�genes, 34, de S�o Paulo, logo avisou sua obstetra: queria que seu parto fosse cesariano, para n�o sentir dor.
"A m�dica tentou conversar comigo, mas eu estava decidida, diz. "Minha preocupa��o era que minha filha n�o nascesse antes do tempo."
A administradora Mariana Ferreira Olivieri de Souza, 30, tamb�m optou pela cesariana por causa do receio de sentir dores e de ter complica��es no nascimento de seu filho Vitor, de oito meses.
"Minha m�dica exp�s os pr�s e contras de cada tipo de parto, explicou quais eram os riscos, e optei pela ces�rea. Cada um deve escolher o tipo de parto com o qual se sente mais confort�vel", afirma.
O medo � comum, segundo um estudo da Fiocruz com dados de 24 mil gestantes de 266 maternidades p�blicas e privadas do pa�s, e � o principal motivo que leva as mulheres a escolher a cesariana no Brasil. Hoje, 56% dos partos no pa�s s�o feitos dessa maneira. Na semana passada, o Minist�rio da Sa�de anunciou medidas para mudar essa quadro.
A pesquisa mostrou que, entre as m�es de primeira viagem da rede p�blica, 83% citaram o medo da dor do parto como principal raz�o para preferir a ces�rea. Na rede privada, 69% disseram o mesmo.
Em seguida, na lista de motivos para a escolha da ces�rea, aparecem fatores como relatos de amigas e familiares e problemas de sa�de.
Mais mulheres atendidas na rede privada afirmaram ainda que a cesariana est� associada a um bom padr�o de atendimento e traz maior seguran�a para o beb�.
O editorial do projeto Nascer no Brasil, do qual o estudo da Fiocruz faz parte, aponta ainda que a ces�rea vem sendo uma op��o para minimizar o sofrimento do parto normal, "que quase sempre ocorre com muita dor".
Ainda segundo a pesquisa, menos de 5% das mulheres utilizaram pr�ticas recomendadas pela OMS (Organiza��o Mundial da Sa�de) para uma assist�ncia adequada ao trabalho de parto.
"Mulheres no mundo todo t�m medo da dor. A quest�o � como lidar com ela", diz Rosa Domingues, epidemiologista da Fiocruz e uma das autoras do estudo. Ela cita o exemplo da Inglaterra, onde as gr�vidas fazem cursos sobre como amenizar o sofrimento com massagens, caminhadas, �gua quente e anestesia.
A pesquisadora lembra que a ces�rea tamb�m pode trazer dores e que essa troca nem sempre � feita de maneira esclarecida.
A pedagoga Juliana da Silva Moreira, 33, teve seu terceiro filho na Inglaterra e p�de comparar a experi�ncia com o nascimento dos dois primeiros no Brasil.
Em sua primeira gravidez, tentou fazer um parto normal na rede p�blica mas sentiu muitas dores. No fim, precisou fazer uma ces�rea. J� na segunda gesta��o, vendeu seu carro para que o segundo nascesse de ces�rea com um m�dico privado. "N�o quis esperar, n�o quis sentir dores", conta. A recupera��o, por�m, foi dif�cil.
J� na Inglaterra, foi acompanhada o tempo todo por uma enfermeira obst�trica. "Eles queriam que meu parto fosse normal, mas por causa das ces�reas anteriores achavam que n�o seria recomendado, e no fim n�o foi mesmo. Mesmo assim fiz gin�stica, descia escadas, recebi um preparo e um apoio muito grande para ter parto normal humanizado."
PRIMEIRA OP��O
A pesquisa da Fiocruz apontou ainda que quase 70% das mulheres tinham o parto normal como prefer�ncia inicial.
Para Rita de C�ssia Sanchez, coordenadora da maternidade do hospital Albert Einstein, o baixo n�mero desse tipo de parto mostra que a escolha n�o tem recebido tanto apoio.
"Precisamos informar a gestante que ela n�o precisa ter medo e h� formas de amenizar a dor. Mas o que acontece no meio desse caminho? Ser� que n�o � o m�dico que est� gerando inseguran�a?"
Com seus 56% de partos realizados por ces�rea, o Brasil � campe�o mundial nesse tipo de procedimento, segundo a OMS. A entidade estipula uma taxa m�xima de 15% de cesarianas, porque o excesso de cirurgias pode trazer mais danos, como nascimentos prematuros, do que benef�cios.
Poucos pa�ses, como B�lgica e Noruega, por�m, atingem esse �ndice. Sanchez diz que a meta poderia ser algo em torno de 30% (taxa dos EUA), considerando que as mulheres t�m engravidado mais tarde e isso pode trazer mais riscos e dificuldades para o parto normal.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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