Um em cada cem beb�s nasce com defeito cong�nito no cora��o
Hospitais cardiol�gicos de S�o Paulo est�o fazendo partos de m�es cujos beb�s t�m cardiopatias cong�nitas graves e que podem morrer se n�o forem operados em tempo h�bil. O HCor (Hospital do Cora��o) tem realizado um parto por semana, e o InCor (Instituto do Cora��o), um por m�s.
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Novas pesquisas mostram que as chances de sobrevida do beb� cardiopata aumentam em 50% quando ele recebe atendimento cardiol�gico adequado -que pode incluir cirurgia- antes e logo ap�s o nascimento.
Uma em cada cem crian�as nascidas possui defeito cong�nito no cora��o. O n�mero � superior � s�ndrome de Down, por exemplo, que atinge um beb� a cada mil nascimentos.
Segundo a cardiologista fetal e pedi�trica Simone Pedra, coordenadora da unidade fetal do HCor, a demora na realiza��o de procedimentos e o transporte do beb� cardiopata de uma maternidade at� um hospital card�aco podem piorar muito o quadro cl�nico.
Caio Guatelli/Folha Imagem |
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M�dicos trabalham no parto da dona de casa Marcil�ia de Jesus Claudino, realizado no HCor (Hospital do Cora��o); beb� foi operado |
"As crian�as nascem bem, mas v�o se instabilizando com o passar das horas. Por isso � fundamental fazer os procedimentos necess�rios antes que a situa��o fique cr�tica", explica.
O cardiologista Miguel Barbero Marcial, respons�vel pela unidade de cirurgia pedi�trica do InCor, afirma que um beb� que nasce em uma maternidade, sem o diagn�stico pr�-natal da cardiopatia, costuma chegar �s unidades cardiol�gicas em estado muito cr�tico.
"Precisamos primeiro estabilizar o pulm�o, os rins e os demais �rg�os para depois operar. � muito diferente quando o beb� nasce [no hospital cardiol�gico], vai direto para uma UTI neonatal cardiol�gica e logo depois � operado", diz Marcial.
H� tr�s meses, o HCor come�ou a atender gestantes do programa "M�e Paulistana", por meio de uma parceria com a Prefeitura de S�o Paulo. Quando detectada a anomalia no beb�, a mulher � encaminhada para o HCor, que a acompanha durante a gesta��o, no parto e ap�s o nascimento da crian�a.
Anteontem, a dona de casa Marcil�ia de Jesus Claudino, 22, participante do programa, deu � luz Guilherme no HCor. O beb�, que foi operado ontem, tem a S�ndrome da Hipoplasia do Cora��o Esquerdo. A doen�a se caracteriza pelo n�o desenvolvimento correto do lado esquerdo do cora��o.
Marcil�ia descobriu a cardiopatia do filho na 36� semana de gesta��o, durante um ecocardiograma fetal. "Foi um susto grande, mas fiquei mais tranquila quando soube que poderia fazer o parto aqui [no HCor]", afirma. O nascimento ocorreu na 38� semana.
No passado, a taxa de mortalidade dessa doen�a era de 95%. Hoje, se a crian�a receber tratamento adequado, a sobrevida chega a 90%. Se o diagn�stico for tardio, a taxa � de 60%.
No entanto, muitas crian�as no Brasil ainda nascem com essa s�ndrome e morrem nos primeiros dias de vida, sem diagn�stico correto. "Antigamente, acreditava-se que a crian�a morria de sepse, um quadro infeccioso grave. � a evolu��o da doen�a. A crian�a nasce bem, entra em choque e vai a �bito rapidamente", explica Pedra.
Para o diagn�stico precoce dessas cardiopatias, a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a realiza��o do ecocardiograma no pr�-natal. No SUS, s�o poucos os munic�pios que fazem o rastreamento para a detec��o do problema.
Em Porto Alegre (RS), h� um programa do Instituto de Cardiologia em que m�dicos v�o at� os postos de sa�de e fazem ecocardiograma fetal em todas as gestantes, por meio de um aparelho port�til. Quando h� suspeita de algum problema card�aco no feto, a mulher � encaminhada ao instituto para acompanhamento e, se for o caso, d� � luz no local.
"Se o feto apresenta arritmia, por exemplo, a m�e recebe medica��o. Com isso, esses beb�s nascem bem, a termo, em condi��es de continuar o tratamento depois do parto", explica o cardiologista Luiz Henrique Nicoloso, da unidade de cardiologia fetal do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre.
O diagn�stico de algumas anomalias acontece a partir da 12� semana de gesta��o.
Editoria de Arte/Folha Imagem | ||
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