Jovens com necessidades especiais recorrem � EaD para conseguir estudar
Quando adolescente, Neuriane de Oliveira, 25, nunca imaginou que faria universidade. Moradora da zona rural de Corinto (MG), ela nasceu com uma distrofia muscular que dificulta a locomo��o.
Para que pudesse cursar a faculdade, seus pais, trabalhadores rurais, teriam que se mudar para outro munic�pio e ajudar a jovem no deslocamento di�rio. "Minha fam�lia vive da agricultura, n�o teria condi��es de me levar para estudar fora daqui", afirma ela. "Fazer gradua��o era uma coisa imposs�vel."
O jogo come�ou a virar em 2008, quando a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) inaugurou um polo de educa��o a dist�ncia na cidade de Neuriane. Em 2011, ela entrou no curso de geografia.
No in�cio, a dificuldade foi se habituar � plataforma digital, sem o olho no olho com o professor. Mas a garota ganhou intimidade com a ferramenta e autonomia.
"No ensino convencional, a nossa vida tem que se adaptar ao estudo. No ensino a dist�ncia, � o estudo que se adapta � nossa vida", diz a jovem, que se formou em 2015.
Em setembro de 2013, a educa��o presencial tamb�m passou a n�o caber mais na vida de Pedro Blankleder, 27. Quando subia de moto a rodovia Anchieta (SP), ele foi atropelado por um caminh�o.
Estava no segundo ano de propaganda e marketing e precisou deixar a faculdade para fazer o tratamento - foram 16 cirurgias para restaurar a perna direita. Optou, ent�o, por continuar os estudos a dist�ncia na Universidade Anhembi Morumbi (Laureate), em 2014. Ainda em recupera��o, se forma no fim do ano."Se n�o fosse a EaD, ficaria parado esse tempo todo", afirma.
Segundo Maria Elizabeth de Almeida, especialista em EaD da PUC-SP, a modalidade a dist�ncia n�o substitui a presencial, mas atende a necessidades espec�ficas dos estudantes. "O importante � criar condi��es diversificadas para que todos tenham acesso � educa��o", afirma.
NO RITMO
Para Bruno Welber, 24, que � cego, o ensino a dist�ncia � sin�nimo de autonomia. Aluno do curso de tecnologia em seguran�a da informa��o na Uninove, ele estuda com o aux�lio de um leitor de tela, software que transforma elementos visuais em �udio.
"Na sala de aula, voc� depende muito do professor para saber o que est� escrito na lousa e nos slides", diz. "Na EaD, tenho acesso ao conte�do o tempo todo. Posso ler, reler e ditar o meu ritmo."
Viviane da Costa, 32, concorda. Com 20% da vis�o, a estudante de recursos humanos optou pela modalidade a dist�ncia devido � praticidade e maior facilidade para acessar o conte�do. "Com um aplicativo, posso ouvir todo o material pelo celular. Assim, n�o preciso for�ar o que ainda tenho de vis�o", afirma.
Mas nem tudo s�o flores. Bruno conta que, no in�cio do curso, encontrou obst�culos para usar a plataforma. "Sugeri mudan�as no sistema, a universidade foi bem receptiva e j� est� implementando", diz.
De acordo com Elisa Schl�zen, especialista em educa��o inclusiva da Unesp (Universidade Estadual Paulista), o ensino a dist�ncia ajuda a diminuir as diferen�as entre os alunos e, por si s�, j� possui car�ter inclusivo.
No entanto, as institui��es precisam se preparar melhor para receber alunos com necessidades especiais. "O ambiente digital tem que ser pensado de forma acess�vel desde a concep��o."
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