USP n�o tem onde instalar �rg�o comprado por R$ 6 milh�es
Os 3.375 tubos de um �rg�o de catedral europeu, encomendado pela USP ao pre�o de R$ 5,6 milh�es, ainda n�o soaram seus timbres transcendentais no audit�rio do Centro de Conven��es da Cidade Universit�ria. Nem v�o.
� que as obras do centro, que j� consumiram R$ 34 milh�es, foram paralisadas em meio � crise or�ament�ria da maior universidade do pa�s. E o �rg�o segue encaixotado.
Para contornar a situa��o, a USP afirma que vai instalar o �rg�o no Centro de Difus�o Internacional, mas n�o informou quando isso ser� feito.
Especialistas consultados pela Folha afirmam que, para a cria��o de um �rg�o como esse, � necess�rio um minucioso estudo ac�stico da sala ou audit�rio que ir� abrig�-lo. Se for transferido para outro local, ser� preciso uma adapta��o, com o objetivo de n�o comprometer o "resultado sonoro" do instrumento.
Gustavo Epifanio/Folhapress | ||
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Centro de Conven��es da USP, que receberia o �rg�o, mas est� com as obras paralisadas |
OUTRO �RG�O
Desde 2005, um outro �rg�o, de 3.200 tubos, doado � institui��o por uma senhora paulistana, est� em um container e se deteriora em um dep�sito do campus.
�nico professor de �rg�o da universidade, Jos� Lu�s de Aquino afirma n�o ter feito parte do grupo que decidiu pela compra do novo instrumento musical.
Foi Aquino, concertista que j� se apresentou em diversos pa�ses ao redor do mundo, quem intermediou a doa��o. Mas ele afirma que nunca conseguiu fazer com que o �rg�o fosse instalado.
PRE�O
Jo�o Grandino Rodas, reitor � �poca da compra, feita em maio de 2013, defende a aquisi��o. Rodas afirma que o novo instrumento n�o custou "nem R$ 2 milh�es".
Segundo o Di�rio Oficial de 16 de maio de 2013 (quando Rodas ainda era o reitor da USP), o contrato de compra, envio e instala��o chegou a R$ 4,5 milh�es. Depois de somadas despesas com c�mbio de moeda, embarque, seguro e alf�ndega, o valor total alcan�ou R$ 5,6 milh�es, de acordo com a assessoria de imprensa da universidade.
O �rg�o foi encomendado � empresa de origem alem� Gerhard Grenzing, que j� fez instrumentos para catedrais europeias famosas, como a de Bruxelas e a de Sevilla.
Hoje, a f�brica da Grenzing est� instalada na Catalunha (nordeste da Espanha). O forte da empresa, com apenas 18 funcion�rios, s�o �rg�os hist�ricos, mais especificamente os pr�prios para m�sica ib�rica. A empresa tamb�m fabrica instrumentos ecl�ticos, nos quais se pode tocar todo tipo de m�sica, contempor�nea inclusive.
Um documento da reitoria da Universidade de S�o Paulo, ao qual a Folha teve acesso, justifica a compra: defende que o instrumento novo, de "porte sinf�nico", seria necess�rio para a realiza��o de concertos no novo edif�cio, o que permitiria que estudos e apresenta��es atingissem p�blico maior. Diz ainda que o �rg�o doado � institui��o � de menor porte e mais antigo (ele � de 1951). Assim, s� se "prestaria bem ao ensino".
RESTAURO
Segundo Daniel Rigatto, da Rigatto e Filhos, f�brica de �rg�os com sede na Lapa (zona oeste) sua empresa foi chamada para avaliar o �rg�o doado em 2005, mas a USP n�o solicitou or�amento para o restauro. Pelos seus c�lculos, isso custaria "no m�ximo R$ 1,8 milh�o".
O valor gasto no novo �rg�o � pr�ximo aos R$ 6 milh�es que a universidade vai economizar, ao ano, com o corte de gratifica��es, horas extras e benef�cios acima do teto definido pela Constitui��o. A medida foi anunciada pela institui��o na �ltima quinta-feira (2).
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