Descrição de chapéu Folhajus violência Rio

Família de João Pedro protesta contra decisão que absolveu policiais

Adolescente foi morto durante uma operação em comunidade no Rio de Janeiro

Vitor Abdala
Rio de Janeiro | Agência Brasil

Parentes do adolescente João Pedro, morto por policiais civis durante uma operação na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, na Grande Rio, em maio de 2020, protestaram contra a decisão judicial que absolveu os agentes envolvidos.

A manifestação, na porta da sede do Tribunal de Justiça do estado, também teve a participação de familiares de outras vítimas da violência policial.

João Pedro Matos Pinto, então com 14 anos, estava na casa do tio, quando a residência foi atingida por mais de 70 tiros. Os disparos foram feitos por policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais). O adolescente acabou sendo alvejado e morreu.

A imagem mostra três pessoas em primeiro plano, um homem, à esquerda, e duas mulheres; todos são negros; o homem usa camiseta branca com a foto de um adolescente negro e a frase "Eterno João Pedro"; ao fundo há mais pessoas segurando cartazes
Familiares e amigos de João Pedro, 14, morto durante uma operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, em 2020, realizam manifestação em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro - Tomaz Silva/Agência Brasil

Três policiais, Mauro José Gonçalves, Maxwell Gomes Pereira e Fernando de Brito Meister, foram denunciados pelo Ministério Público em 2022, por homicídio duplamente qualificado. Mas na última quarta-feira (10), a juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine os absolveu sumariamente. A magistrada, após analisar as provas e depoimentos, entendeu que os agentes agiram em legítima defesa.

A família esperava que o caso fosse levado a júri popular. "Essa é uma sentença sem responsabilidade nenhuma, com a família, com a sociedade. Esperamos mudança nessa situação [da absolvição]", disse o pai de João Pedro, Neilton da Costa Pinto.

"A verdade é que eles entraram em uma casa onde só tinha jovens adolescentes brincando e efetuaram vários disparos de arma de fogo. Não tem como um agente público entrar em uma casa onde só tem adolescente, efetuando mais de 70 disparos, sem ter intenção de matar", destacou.

Segundo ele, a família pretende continuar lutando para que o caso seja levado ao Tribunal do Júri e está disposta a levar o processo até a última instância judicial para ver os policiais condenados.

Com cartazes pedindo justiça, os manifestantes fizeram uma curta passeata entre a avenida Erasmo Braga, onde fica a lateral do prédio do TJRJ, até a avenida Presidente Antônio Carlos, onde fica a frente do edifício. Eles gritaram frases como "não nos calaremos" e "a polícia mata e o judiciário enterra".

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