Descrição de chapéu educação

Lula diz que classe média só voltará para educação pública quando melhorar a qualidade

Presidente disse ainda que meta de 80% para alfabetizar crianças na idade certa é nobre, mas pequena

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Brasília

O presidente Lula (PT) disse, nesta terça-feira (28), que a classe média só voltará às escolas públicas, quando a educação for de melhor qualidade.

A declaração foi dada durante reunião sobre o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, no Palácio do Planalto. A iniciativa, segundo ele, é um pontapé para melhorar a educação.

Um grupo de homens vestidos formalmente posa para uma fotografia, segurando troféus pequenos. Eles estão em frente a um fundo azul. O homem no centro, com barba e bigode grisalhos, destaca-se ao apontar para a câmera, enquanto os outros sorriem para a foto
Lula, o ministro Camilo Santana e os governadores Helder Barbalho (PA), Jerônimo Rodrigues (BA), Wanderlei Barbosa (TO) e Paulo Dantas (AL) durante o evento no palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

O governo utilizou o evento para firmar publicamente o compromisso com estados e municípios da meta de alfabetizar 80% das crianças na idade certa até 2030.

Lula disse achar o patamar uma "coisa nobre", mas "pequena", e reforçou a necessidade de se chegar a 100%.

"Se você pegar os grandes quadros intelectuais desse país, todos são oriundos de escola pública. Quando você universaliza o ensino, uma parte da sociedade saiu da escola pública, porque não tinha qualidade exigida, foi para a escola particular e ficou a parte mais pobre da população com a escola pública", disse.

"A gente só vai trazer a classe media de volta para a edução pública no ensino fundamental, quando melhorar qualidade da educação", completou.

O evento foi em formato de reunião, com apresentação do ministro Camilo Santana e presença de 12 governadores, entre eles chefes do Executivo de estados de oposição, como Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Ronaldo Caiado (Goiás).

Todos os governadores que quiseram falar puderam. E Castro e Caiado discursaram com menções elogiosas ao ministro da Educação.

O governador do Rio de Janeiro, do mesmo partido de Jair Bolsonaro (PL), chamou Santana de amigo e "superministro". Ele disse ainda que costuma ser crítico ferrenho ao pacto federativo, mas elogiou a iniciativa do compromisso da alfabetização do MEC.

"Presidente, eu saio daqui muito orgulhoso hoje. Tenho sido critico feroz do pacto federativo e diversas nuances dele, sobretudo na educação, onde acho que o pacto gera uma pirâmide invertida, onde um ente que fica mais tempo cuidando das nossas crianças e jovens é o que tem menos dinheiro, o município", disse.

"Quando ouvi o ministro da Educação falar a mesma coisa, que tem que investir mais nos municípios, é musica para os ouvidos de quem torce para educação de qualidade", completou Castro, pedindo palmas para Santana, em seguida.

Caiado por sua vez diz que o ministro da Educação, quando foi governador do Ceará, no mandato anterior, ajudou-o a melhorar práticas a políticas de Goiás.

O Ceará, historicamente, é o estado com os melhores índices de educação do país.

Como mostrou a Folha, o governo apresentou nesta terça dados que mostram melhorias na alfabetização de crianças em 2023 como sendo os "primeiros resultados" do programa federal sobre o tema. Mas o novo programa só foi lançado no meio do ano passado, e até novembro o governo não havia investido nenhum recurso.

Ações como a criação de cantinhos de leitura e formação de professores não ocorreram no ano passado. No ano passado, os esforços do governo estiveram concentrados para fechar a articulação da União com os sistemas de ensino estaduais e municipais.

Os dados indicam que, no passado, 56% das crianças estavam alfabetizadas, contra 36% em 2021, durante a pandemia. Em 2019, esse percentual era de 55%.

O ministro Santana disse que a política começou a ser construída no início do ano passado e que tudo foi feito com os estados e municípios.

"O papel do MEC é o papel de coordenar essa política, de induzir tecnicamente e financeiramente. Nós também não queremos um protagonismo para o MEC, nós queremos protagonismo dos estados, dos municípios", disse a jornalistas após o evento no Palácio do Planalto.

Ele afirmou que, quando o decreto foi assinado em junho, a política já havia sido elaborada com os entes. Citou ainda como exemplo o repasse para articuladores de alfabetização nos estados, iniciativa do governo federal que já reuniu mais de 7.000 profissionais nos estados.

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