Descrição de chapéu Obituário José Maria Vieira Lopes (1960 - 2024)

Mortes: Fez carreira no rádio e lançou artistas sertanejos

José Maria Vieira Lopes se eternizou como o apresentador Zé Gatão

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São Paulo

Quando os avós de José Maria trocaram a Bahia por São Paulo, o projeto para o sustento da família era o trabalho no campo. Estabeleceram-se em Mirassol, a cerca de 450 km da capital paulista, numa chácara.

Mas o garoto, que já nasceu na cidade do interior paulista, não queria ganhar a vida trabalhando na roça. José Maria era falador e gostava de ouvir rádio.

Foi com a ajuda do avô, que comprou lotes de horário em rádio, que ele começou a ler propagandas aos 11 anos de idade. O material era veiculado na rádio Difusora Mirassol.

José sorri e posa para foto, segura um violão
José Maria Vieira Lopes, o Zé Gatão (1960 - 2024) - Arquivo pessoal

Educado, calmo e perseverante, segundo o filho, Raphael Ferrari, 39, José Maria rapidamente ganharia audiência e reputação como um radialista talentoso.

"Eu era pequeno e ele me levava às emissoras. Colocava o microfone para eu falar e dizia ‘aqui o Raphael, herdeiro das dívidas’, mas eu tinha muita vergonha", diz o filho.

O trabalho no rádio, iniciado na adolescência, seguiu pela juventude de José, que se mudou para São José do Rio Preto, a 14 km de Mirassol.

Na década de 1980, lembra o filho, "ele abria as portas para tudo que é dupla nova." Antes do streaming, diz Raphael, José Maria fazia questão de apresentar artistas até sob as lonas de outros espetáculos.

"Meu pai é da época de cantor sertanejo tocar em circo, apresentou shows de Milionário e José Rico e Chitãozinho e Xororó."

José Maria conquistava cada vez mais público com o jeito brincalhão, e foi com a canção carnavalesca "Marcha do Zé Gatão", de 1989, que ele incorporou o personagem, inclusive no nome, e despontou também na televisão.

As aparições frequentes em programas de Silvio Santos, Chacrinha e Raul Gil ajudaram a transformar o jovem de Mirassol no talento Zé Gatão, que comprou um ônibus, pintou de amarelo e criou uma caravana própria, circulando pelo interior de São Paulo com trupes inteiras de artistas e bailarinas.

"Ele comprou o ônibus e mandou pintar uma cara de gato na frente e Zé Gatão Show na lateral. Tinha muito show na época, eu também andei bastante nesse ônibus", afirma Raphael que, depois da timidez com os microfones na rádio, acabou virando jornalista e hoje trabalha na televisão.

José Maria também abriu um jornal impresso e foi empresário de artistas como Moacyr Franco e Sérgio Reis, de quem ficou amigo. Continuou a trabalhar na televisão, inclusive já nos anos de transmissão da internet, divulgando a música sertaneja.

Ele morreu em 6 de março, aos 63 anos, em decorrência de uma insuficiência renal. Deixa o filho, Raphael, e a neta, Raphaela, 8, e a admiração de fãs e amigos.

"Que saudade de você! Um abraço para você, para você e também para você", disse, em uma transmissão do Programa Zé Gatão, enquanto apontava para diferentes lugares na tela.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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