O desabamento da mina de número 18 da Braskem, neste domingo (10), em Maceió (AL), ainda terá seus efeitos estudados nos próximos dias, mas a imagem da água borbulhando e encobrindo parte de terra da margem da lagoa Mundaú, em vídeo divulgado pelo prefeito da cidade, espantou quem assistia.
O teto da mina sofreu um rompimento por volta das 13h15, após semanas sob monitoramento após abalos sísmicos.
"A Defesa Civil de Maceió ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas", disse o prefeito João Henrique Caldas (PL), afirmando que a mina tem mais ou menos o tamanho de um campo de futebol.
Antes e depois do colapso da mina
A região do lago Mundaú antes e depois do desabamento da mina número 18; parte da margem afunda e encobre uma construção - Robson Barbosa/AFP e Jonathan Lins/Reuters
A área era usada pela Braskem para produzir sal-gema, mas as operações foram interrompidas em 2019, após os primeiros sinais de afundamento do solo. Desde então, a empresa vinha trabalhando para preencher as cavidades de 35 minas no local.
A velocidade de afundamento da mina 18 se acelerou no sábado, chegando a 0,54 cm por hora, apresentando um movimento de 13 cm em 24h, segundo boletim emitido pela Defesa Civil. O rebaixamento da cavidade de onde era extraído sal- gema já acumula 2,24 m.
O município está em estado de emergência por 180 dias desde o dia 29 de novembro, conforme determinação do prefeito.
O momento do rompimento
RELEMBRE HISTÓRICO DO CASO
Os primeiros relatos sobre os danos no solo em Maceió surgiram em meio de tremores de terra no dia 3 de março de 2018. Na ocasião, o abalo fez ceder trechos de asfalto e causou rachaduras no piso e paredes de imóveis, atingindo cerca de 14,5 mil casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais. Outros bairros, como Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol também foram atingidos.
Ao todo, cerca de 20% do território da capital alagoana foi afetado, e cerca de 60 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Muitos animais também foram abandonados.
Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil, órgão ligado ao Ministério das Minas e Energia, concluiu que as atividades de mineração da Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema.
Na época, a mineradora tinha em área urbana 35 poços de extração de sal-gema, material usado para produzir PVC e soda cáustica. Os poços estavam pressurizados e vedados, porém a instabilidade das crateras causou danos ao solo, que foram visíveis na superfície.
A exploração do minério começou em 1979 e se manteve até maio de 2019, quando foi suspensa pela Braskem um dia após a divulgação do laudo pelo Serviço Geológico.
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