O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, reafirmou nesta terça-feira (31) que as Forças Armadas não atuarão nas ruas do Rio de Janeiro, mas que os militares vão trabalhar em portos, aeroportos e fronteiras para conter a escalada de violência no estado.
O ministro disse que em reunião realizada nesta manhã com o ministro da Defesa, José Múcio, ficou definido que o Exército deve atuar na faixa de fronteira terrestre e a Marinha na Baía de Guanabara, na Baía de Sepetiba e no Porto de Santos.
"O Rio não tem [fronteira terrestre], mas estados próximos que são vitais para o crime organizado do Rio de Janeiro têm [faixa de fronteira], como Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso."
O pacote com as medidas deve ser entregue ao presidente Lula (PT) até quarta-feira (1°).
Sobre o uso de integrantes da Marinha, Dino afirmou que já houve ampliação do efetivo em atuação na baía de Guanabara. O objetivo é atacar o uso do litoral e dos portos para escoamento do tráfico para o exterior, que é um das principais fontes de renda das facções e do crime organizado que atua no estado.
"A Marinha intensificando sua atuação na baía de Guanabara. Estamos conversando sobre o canal de acesso ao porto de Santos, é um debate correlacionado e ainda não definido, mas é um a possibilidade, porque há uma integração entre as forças criminosas que atuam no Rio de Janeiro com a Baixada Santista", disse Dino.
De acordo Dino, atualmente a Marinha não atua na parte "terrestre" dos portos, fazendo a fiscalização, mas o governo debate e aguarda posição do presidente Lula (PT) para emprega a Força nesse tipo de trabalho.
Sobre a Força Aérea, Dino disse que eles devem atuar nos aeroportos e também apoiando o Exército no controle das fronteiras terrestres.
"E, no caso da Aeronáutica, essa dupla atuação. Em aeroportos, nós sabemos que Guarulhos e Galeão são relevantíssimos para o fluxo do crime organizado –evidentemente há outros aeroportos, mas agora a prioridade é apoiar o Rio de Janeiro. E a Aeronáutica também apoiando o Exército no que se refere à faixa de fronteira", afirmou.
Além da atuação dos militares, o governo também dobrou o número de policiais no Gise (Grupo de Investigações Sensíveis) sediado na PF do Rio de Janeiro. O grupo é o responsável por conduzir as principais investigações sobre facções criminosas, milícias e tráfico de armas no Rio.
Segundo Dino, os policiais que foram reforçar a equipe do Rio saíram de diversos estados.
"Todas as polícias fazem a mobilidade porque às vezes você tem déficit de um lado e superávit de outro e compensa. Então, analistas foram destinados daqui e de outros estados e foram alocados no Rio de Janeiro".
A PF enfrenta um déficit histórico de policiais. O baixo número de integrantes da corporação é, inclusive, uma das justificativas para ampliar o número de militares na operação de combate ao crime no Rio.
Ao ser questionado sobre se a interação da PF ficaria prejudicada com a Polícia Civil por causa de várias operações recentes da corporação que apontaram ligação de policiais civis com o crime organizado, Dino disse que isso não atrapalha os trabalhos.
"Nós não podemos dizer que uma determinada instituição é totalmente contaminada, isso não existe em relação à Polícia do Rio de Janeiro. Nós estamos fazendo o trabalho junto com eles para identificar os maus policiais, puni-los, há duas semanas atrás houve duas operações, toda semana eu demito policiais federais. Isso faz parte da existência humana sobre a terra", disse.
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