Desabamento de prédio em construção causa 1 morte em Belo Horizonte

Três pessoas ficaram feridas; família morava no imóvel mesmo sem conclusão de obras

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São Paulo e Belo Horizonte

Um prédio de cinco andares em construção desabou na madrugada desta quarta-feira (21) no bairro Planalto, zona norte de Belo Horizonte. O acidente deixou um morto e três pessoas feridas, de acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

O prédio, que estava em fase final de obras, colapsou sobre uma casa vizinha, mas não houve vítimas neste outro imóvel porque os moradores estavam viajando no momento do desabamento. A obra já havia sido embargada pela prefeitura em 2016, mas, segundo a administração municipal, estava regularizada desde 2021.

Equipe de bombeiros procuram vítimas em escombros de prédio desabado.
Bombeiros durante resgate de vítimas em desabamento de prédio no bairro Planalto, em Belo Horizonte; prédio desabou por volta das 5h da manhã desta quarta-feira (21) - Corpo de Bombeiros-MG

Segundo a corporação, duas famílias moravam no imóvel, uma no térreo e a outra no último andar. Porém, apenas os moradores da cobertura, sendo eles um casal de idosos e suas duas filhas, estavam no local no momento do desmoronamento.

A mãe, de 62 anos, foi encontrada sem vida. O pai, de 75 anos, e as filhas foram retirados em segurança dos escombros e socorridos com vida, conscientes e com traumas pelo corpo, conforme os Bombeiros.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, as vítimas foram levadas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao Hospital Odilon Behrens e ao Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.

O Corpo de Bombeiros informa que a Defesa Civil já se encontra no local para avaliação estrutural, mas ainda não tem informações sobre documentação do imóvel. A Polícia Civil também foi acionada para a perícia no local.

Na terça-feira (20), o mezanino de um galpão de contêineres desabou em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) e matou nove pessoas, segundo o Corpo de Bombeiros. Outras 31 pessoas foram socorridas com ferimentos. No local ocorria um evento com políticos.

Histórico de irregularidades

A obra, que tinha alvará de construção para conclusão válido até 2025, chegou a ser embargada em 2016. À época, a prefeitura constatou que a construção estava em andamento sem licenciamento urbanístico. Foi aplicada ainda multa por execução de projeto sem aprovação, conforme informações do município.

A construção foi paralisada e, em 2020, a prefeitura constatou que havia moradores no prédio, o que não poderia ocorrer, já que o poder público não tinha concedido o "habite-se" (a autorização final para que moradias passem a ser usadas).

Ainda segundo o município, a obra foi regularizada em 2021. "A Prefeitura de Belo Horizonte é responsável pelo licenciamento urbanístico, aprovação de projeto arquitetônico e emissão de alvará de construção conforme as normas legais", diz nota enviada pelo município.

"O exame quanto à regularidade urbanística significa a aferição da edificação quanto aos parâmetros de ocupação do terreno contidos no Plano Diretor, à conformidade com o Código de Obras e com o Código de Posturas. São observadas, com a mesma importância, regras de acessibilidade, as normas ambientais e as deliberações inerentes ao patrimônio histórico, quando cabíveis", segue o texto.

Segundo a prefeitura, a responsabilidade em relação à estabilidade da estrutura do prédio é do técnico cadastrado no Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) ou no CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo).

"Este profissional é o encarregado pela execução da obra com anotação de responsabilidade técnica emitida pelo conselho profissional. Sendo assim, a PBH informa que a responsabilidade sobre a estrutura e sobre a obra recai sobre o responsável técnico", diz a nota.

O Crea-MG (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais) também relatou irregularidades na obra. Em fiscalização no ano passado, o responsável técnico pelo andamento da construção do prédio foi autuado pelo conselho por falta de identificação do serviço em execução.

A placa da obra, que reúne informações sobre o projeto mostrava outro responsável técnico e uma empresa, chamada Empreiteira Brasil Construções Ltda, que não está registrada no conselho. A entidade não informa os nomes dos profissionais.

A reportagem tenta localizar a empreiteira.

O Crea diz que, com o desabamento, vai acionar a Câmara Especializada de Engenharia Civil para verificação de aspectos éticos que envolvem atuação profissional em empresa que não estava habilitada no conselho.

O conselho afirma ainda que não é de sua competência a verificação técnica de obras e de procedimentos, realização de perícias, vistorias, emissão de laudos técnicos, interdição ou embargos de obras.

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