Um indígena que vivia em isolamento voluntário na Terra Indígena Tanaru, em Rondônia, foi encontrado morto em sua palhoça na última terça-feira (23). Conhecido como "Índio do buraco" ou "Índio Tanaru", ele era o único sobrevivente de sua comunidade, de etnia desconhecida.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), ele foi encontrado dentro de sua rede de dormir durante ronda de monitoramento e vigilância de equipes que lidam com índios isolados ou de contato recente. Não havia vestígios de pessoas no local nem sinais de luta.
A informação sobre a morte foi divulgada inicialmente pela Agência Pública e depois confirmada pela Funai.
Também não foram achados sinais na mata próxima e os pertences, utensílios e objetos utilizados costumeiramente pelo indígena permaneciam em seus devidos lugares, o que leva a Funai a acreditar que a morte se deu por causas naturais.
O local foi examinado pela Polícia Federal, com a presença de especialistas do INC (Instituto Nacional de Criminalística) de Brasília e apoio de peritos criminais de Vilhena (RO), diz a Funai.
"Nos trabalhos, foram utilizados equipamentos como drone e escâner 3D, além de serem coletados diversos vestígios e o corpo do indígena, que serão analisados pelo INC em Brasília", completou a fundação, em nota oficial.
O "índio do buraco" era considerado um dos casos de índios isolados mais vulneráveis do país, ao lado dos awás, no Maranhão, e de piripkuras e kawahivas do rio Pardo, ambos em Mato Grosso. Ele era acompanhado há 26 anos pela Funai.
Ele vivia em grupo até meados de 1995, em um povo que a Funai estimava em apenas seis pessoas, e que foi dizimado após ataque de madeireiros. Foi descoberto pela Funai em junho de 1996, a partir da localização do acampamento e outros vestígios da presença dele.
Sobrevivia de modo rudimentar, com roças de milho, batata, cará, banana e mamão e também caçava animais para se alimentar. Em 2018, a Funai divulgou fotos inéditas, feitas à distância, que mostram o indígena tentando cortar uma árvore.
A tapera onde ele foi encontrado morto era a 53ª residência do índio desde que a Funai iniciou o seu monitoramento. Todas seguiam o mesmo padrão arquitetônico, com uma única porta de entrada e saída e sempre com um buraco no interior da casa.
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