Mineiro de Belo Horizonte, Antonio Augusto Cançado Trindade era considerado um dos mais brilhantes pensadores do direito internacional no Brasil.
Para o professor George Rodrigo Bandeira Galindo, consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores, ele era um homem revolucionário, com visão única sobre a área.
"O que mais o caracterizava era uma coerência muito forte entre o que dizia e o que fazia como juiz, consultor jurídico e professor. Cançado Trindade era um homem de princípios, e revolucionário porque de fato acreditava no poder do direito para mudar as coisas, para que o mundo fosse melhor, mesmo sabendo do papel limitado que o direito tem. Ele se preocupava com o ser humano que estava atrás das normas e sempre tentava entender como o direito internacional afetava as pessoas", afirma George Galindo.
Formado em direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Cançado Trindade fez mestrado e doutorado na Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Foi consultor jurídico do Itamaraty de 1985 a 1990 e professor do Instituto Rio Branco e da Universidade de Brasília, entre outras instituições.
Inspiração para gerações de diplomatas na defesa do direito internacional, foi juiz e presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, membro da Corte Permanente de Arbitragem e integrante por dois mandatos da Corte Internacional de Justiça, o principal órgão jurídico da ONU, responsável por julgar disputas entre Estados.
Segundo o Itamaraty, Cançado Trindade deixa como maior legado o esforço para humanizar o direito internacional.
Doutorando em direito na USP, João Telésforo ressalta as características humanas de seu ex-professor na Universidade de Brasília. "Mesmo com brilhantismo, autoridade e prestígio, tanto acadêmico quanto profissional, ele sempre foi uma figura de extrema simplicidade, muito simpático, bem-humorado, afável, gentil e muito alegre", afirma.
"Cançado Trindade era de convicções firmes, posições claras e avançadas e muito comprometido. Firme e corajoso como acadêmico e profissional de direito, não temia em se posicionar em defesa dos direitos humanos de maneira incondicional, sempre."
O professor morreu dia 29 de maio, aos 74 anos. A causa da morte não foi informada. Antonio Augusto Cançado Trindade era casado e tinha filhos.
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