Senhoras iam para o portão para saber quem morreu quando o carro de João Geraldo Roveri, 65, passava nas ruas de Mirandópolis, interior de São Paulo, com o carro de som.
Até que, no último dia 2 de abril, a cidade foi surpreendida com o anúncio da morte de Roveri, gravado por ele mesmo. "Faleceu hoje na cidade, esse que vos fala. Aguardo sua presença no velório municipal para os nossos últimos contatos", disse o anúncio. "Favor levar drinques e quitutes. E, atenção, caso não possa ir, eu venho buscar."
Sua filha, Ana Carolina Roveri, conta que o áudio já era de conhecimento dos amigos e familiares. Enquanto ela e a mãe não gostavam de ouvir, os amigos caíam na risada sempre que ouviam. "Ele tinha um jeito muito leve de levar a vida e teve essa ideia porque pensou ‘quando eu morrer, quem é que vai anunciar?’"
Por isso, quando ele morreu, em decorrência de um traumatismo craniano, a família e os amigos respeitaram seu último desejo e Mirandópolis ouviu a voz de Roveri pela última vez.
O velório, porém, não contou com drinques, pois a morte pegou todos de surpresa. Mas a família afirma que a vontade dele seria respeitada na missa de sétimo dia, que aconteceu nesta quinta-feira (7).
A história do inusitado anúncio da morte de Roveri logo se tornou assunto nas redes sociais. "Ele sempre quis ser famoso, mas nunca conseguiu. Ele deve estar rindo e adorando isso", diz a filha.
Roveri era músico desde os 14 anos e conhecido na cidade por tocar nos Carnavais, barzinhos e casamentos. Depois, passou a apresentar um programa na rádio local, que foi fechada. Só então, já cansado da vida noturna de músico, começou a fazer anúncios em carros, tanto fúnebres quanto comerciais, como os de açougue, padaria e farmácia.
"Ele era a voz da noite da cidade", lembra sua filha. "Falava em música, ele era a referência. Meus amigos gostavam de vir aqui para ouvir ele tocar e fazer roda de violão, daí ia até 5h da manhã."
Após anos como músico, professor de música, radialistas e a voz dos anúncios nos carros de som, Roveri era uma figura muito conhecida e querida na cidade de pouco mais de 30 mil habitantes. No seu velório, relata Ana Carolina, diversas pessoas apareceram chorando, que a família nem sequer conhecia.
Boêmio e brincalhão é como Roveri é lembrado pela filha. Ter uma conversa sério com ele era uma tarefa árdua, uma vez que ele levava tudo na brincadeira. O músico gostava de festejar e era considerado um amigo legal a todos.
Ele deixa a mulher Angela Maria, a filha Ana Carolina e a neta Valentina.
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