Muitos blocos de Carnaval do Rio de Janeiro estão se preparando para desfilar no feriado de Tiradentes, mesmo após a prefeitura anunciar que não preparou estrutura para a folia na rua, como a instalação de banheiros químicos.
A lista é feita basicamente de blocos menores, já que os mais conhecidos anunciaram que não vão desfilar. É o caso por exemplo do Cordão do Bola Preta, um dos mais tradicionais da cidade, que em 2020 reuniu 600 mil pessoas no centro da cidade, de acordo com a gestão municipal.
Uma lista que circula nas redes sociais mostra que ao menos 25 blocos planejam sair durante o feriado. São os casos do Derê, com desfile marcado para quinta-feira (21), e o Bloco dos Inconfidentes, que deve ir para a rua no sábado (23).
Segundo a Secretaria de Ordem Pública, esses blocos não serão alvo de repreensão da guarda municipal. "As pessoas não estão proibidas de sair às ruas. A vacina permitiu que hoje a gente fizesse o desfile [das escolas], que a gente tivesse uma cidade o mais próximo do normal possível. A gente tem uma cidade monitorada pela Ordem Pública, pela Guarda Municipal, e as pessoas têm total liberdade para estarem nas ruas", disse o secretário, Brenno Carnevale.
Na semana passada, ao menos 140 blocos de rua e entidades ligadas à folia assinaram um manifesto para protestar contra a decisão da prefeitura de não realizar o Carnaval de rua este ano.
A festa foi cancelada ainda em janeiro em razão do aumento de casos de Covid-19, cenário impulsionado pela variante ômicron.
Os desfiles das escolas de samba, no entanto, estão previstos para acontecer nos dias 22 e 23 de abril.
Presidente da comissão especial do Carnaval, o vereador Tarcísio Motta (PSOL) considera irresponsável a decisão da prefeitura de não realizar o Carnaval de rua neste ano. Para ele, o poder municipal deveria ter adiado o cortejo dos blocos de fevereiro para o feriado de Tiradentes, assim como fez com o desfile das escolas de samba.
"A uma semana do Carnaval, a cidade não tem banheiro químico para atender os foliões, não tem posto de saúde provisório, não tem planejamento porque não sabe onde os blocos vão sair, portanto o trânsito vai ficar caótico", diz Motta na semana passada. "Então a prefeitura tomou uma medida irresponsável com o direito que o carioca tem de viver o Carnaval."
Em nota, a Riotur —a empresa de turismo do Rio— diz que não preparou a cidade para receber os desfiles dos blocos em virtude do cancelamento do Carnaval oficial, que estava previsto para fevereiro.
"Por meses, durante 2021, a Riotur trabalhou com os demais órgãos públicos (prefeitura e governo do estado) para organizar os mais de 500 pedidos de desfiles de blocos na ocasião. Uma vez cancelado, tudo foi desmobilizado e não há tempo hábil para que a cidade se comporte bem tanto para os desfilantes como para quem não gosta de Carnaval e quer seguir vivendo na cidade."
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