A lógica é de difícil compreensão na matemática, na filosofia e na vida. Pois o Brasil perdeu recentemente uma especialista no tema, a professora Andrea Loparic, uma das figuras mais importantes do pensamento filosófico do país.
Ela morreu dia 25 de outubro, aos 80 anos, de insuficiência renal.
Mestre em acolher seus alunos não só através do conhecimento, mas também da afetividade, Andrea sempre foi muito generosa.
"A Andrea Loparic era uma pessoa agradável e preocupada em garantir que os alunos estudavam e aprendiam. Tinha uma generosidade fora de série. Os alunos apreciavam muito, embora lecionasse uma disciplina muito difícil. Eles tinham muita dificuldade com lógica. Ela conseguia orientá-los e motivar aqueles que não eram matematicamente orientados do departamento. Sua sensibilidade permitia lidar com os alunos de forma igual", afirma o professor do departamento de filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, Edelcio Gonçalves de Souza.
Edelcio foi seu aluno na graduação, pós-graduação, em disciplina do doutorado e um amigo próximo.
"Ela foi a minha primeira professora de lógica formal. A maneira com a qual ela dava aula e os interesses que ela tinha acabaram me influenciando nas escolhas que eu fiz na minha carreira. Fui para uma carreira ligada à lógica universal e abstrata, que estuda vários sistemas lógicos diferentes e o que há de comum entre eles. Nós tínhamos uma relação muito próxima. Ela era a principal professora do departamento", conta Edelcio.
Em 1961, Andrea Loparic graduou-se em filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco e dois anos depois concluiu o bacharelado na Université Catholique de Louvain, onde também cursou mestrado. Era doutora em filosofia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Andrea trabalhou na Universidade Federal da Paraíba e na Unicamp, foi professora visitante na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente era professora sênior na USP. Por causa da saúde debilitada, porém, não dava mais aulas. Segundo Edelcio, ultimamente Andera preparava um livro sobre lógica.
Além de professora, ela atuou na defesa da democracia e militou no movimento Ação Popular.
Separada, Andrea tinha dois filhos e netos.
"Ela deixa uma saudade grande no departamento, porque era muito querida. Não tinha um professor que não gostasse dela e não ficasse bem com a sua presença. Perdi uma referência."
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