A avenida Paulista amanheceu neste sábado (21) com a frase "Vidas pretas importam" estampada em seu asfalto.
A pintura em frente ao Masp foi motivada pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40, espancado e morto na noite de quinta-feira (19) por dois seguranças de uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre.
A obra, que terminou por volta das 5h da manhã deste sábado e contou com apoio de funcionários da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), foi coordenada e realizada pelo Coletivo Arte 1, que reúne artistas de vários segmentos.
A Prefeitura de São Paulo informou, via Secretaria Municipal de Cultura, que a frase foi escrita coletivamente por artistas e produtores atuantes na cidade, entre eles: Pagú, Mauro Veracidade, Dino, Kaur, Vera Santana, Fernanda Bueno, Opni, Imargem, Local Studio, Cooletivo, Marcos Visuarte, Os de sempre, Sustos, A vida no centro, Studio Curva e voluntários.
A Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Polícia Militar também colaboraram para a intervenção artística, com o bloqueio das vias e a segurança dos artistas.
Em julho, o slogan "Black Lives Matter" (vidas negras importam) foi pintado em letras gigantes em frente à Trump Tower, em Nova York, com a participação do prefeito da cidade, Bill de Blasio, e sua esposa, Chirlane Irene McCray.
Murais semelhantes em apoio ao movimento Black Lives Matter, que lidera a luta contra o racismo e a brutalidade policial contra cidadãos negros, surgiram em várias cidades após semanas de protestos massivos. É o caso de Oakland (Califórnia), Charlotte (Carolina do Norte), Albany (Nova York) e Dallas (Texas), entre outras.
No início de junho, a prefeita de Washington, Muriel Boswer, nomeou um trecho da 16th Street que fica a um quarteirão da Casa Branca de Praça Black Lives Matter e inaugurou um grande mural amarelo pintado na rua. O local foi o centro das manifestações antirracistas na capital federal.
Os protestos foram desencadeados pela morte de um homem negro, George Floyd, nas mãos de um policial branco em Minneapolis em 25 de maio.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não comentou o enorme letreiro amarelo em frente à sede do seu grupo imobiliário e sua ex-residência pessoal.
Até o momento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se pronunciou sobre o assassinato de Beto Fretas. O vice-presidente, Hamilton Mourão, lamentou o espancamento, mas disse não considerar que o episódio tenha sido provocado por racismo, e que "no Brasil não existe racismo."
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