Antigas trilhas de passeio do século passado estão no projeto do parque Augusta, que deve ser entregue pela Prefeitura de São Paulo até junho do ano que vem. O projeto foi apresentado nesta sexta-feira (13).
O novo parque terá cinco entradas: dois portões na rua Augusta, dois na Caio Prado e um na Marquês de Paranaguá.
Além das trilhas, alguns dos itens previstos para a nova área de lazer da cidade são: cachorródromo, parque infantil, academia para terceira idade, redário e local para instalação de slacklines.
De acordo com o promotor Sílvio Marques, que encabeçou o processo de acordo entre as partes, as obras de restauração estão em estágio avançado e mesmo os ativistas que acompanham o processo desconheciam as trilhas em meio ao futuro parque. As trilhas foram descobertas durante a retirada de terra de parte da área.
O terreno pertencia às construtoras Cyrela e Setin. Após um longo processo de negociação, idas e vindas, as empresas doaram o espaço à Prefeitura de São Paulo para a construção do parque Augusta e receberam créditos para erguer novos empreendimentos na cidade.
Para as obras do parque, as duas empresas também desembolsaram R$ 10 milhões, diz o promotor.
Duas construções nos terrenos estão sendo restauradas: o portal, na rua Caio Prado, e a casa do bosque, tombados pelo patrimônio público.
Segundo o promotor, o muro do parque, na rua Augusta, ainda causa controvérsia com ativistas que desejam mantê-lo. "Alguns querem que ele seja restaurado e mantido, mas o órgão do patrimônio público não viu valor histórico e arquitetônico", diz.
Por dentro, o muro tem antigos arcos e teria tubulações, por baixo, que seriam para escoar água do terreno para a região da avenida Nove de Julho.
No restante do parque será mantido um gradil, e o espaço funcionará como os demais parques da cidade, com horário para abrir e fechar.
"Uma coisa interessante é que já foi eleito um conselho para o parque e tivemos disputa", diz Marques, que acredita que o interesse da população pelo local é um bom sinal.
LUCRO DAS CONSTRUTORAS
As duas construtoras têm direito a um total de R$ 205,4 milhões em créditos, ante os R$ 110 milhões que gastaram para comprar e manter os terrenos, depois doados em acordo iniciado com João Doria e, posteriormente, finalizado pelo prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB.
O valor foi calculado com base na lei municipal que norteou o acordo e prevê contrapartida a proprietários privados de terrenos que aceitam doá-los para a cidade quando o interesse público é comprovado, como ocorreu no caso do parque.
Essa contrapartida é dada em forma do chamado potencial construtivo passível de transferência, uma espécie de crédito tributário calculado a partir do tamanho do terreno.
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