Moradores de Paraisópolis (zona sul de SP) se reuniram neste segunda-feira (9) com uma comitiva de cerca de 20 secretários estaduais e municipais para cobrar demandas como uma subprefeitura Paraisópolis/Morumbi e infraestrutura para o baile funk na comunidade.
No entanto, ainda não foram anunciadas respostas concretas pelas gestões dos tucanos Bruno Covas e João Doria, além de planos que já estavam em andamento. A prefeitura disse que vai estudar criação da subprefeitura.
As equipes compareceram ao local após a favela virar centro de uma crise causada pela morte de nove jovens durante ação policial em um baile funk.
Segundo o presidente da União de Moradores e do Comércio de Paraisópolis, Gilson Rodrigues, uma vez que o baile funk existe, é necessário a criação de infraestrutura.
"Queremos um baile organizado, com horário para começar e terminar, mas também infraestrutura [como banheiros]", disse.
Ele afirmou que diversos planos já foram interrompidos e, desta vez, é necessário haver medidas concretas. A lista entregue pelos moradores tem dezenas de itens, incluindo retomada das obras da estação da linha 17-ouro do metrô.
De acordo com a secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, foi criada uma comissão que em dez dias vai dar respostas aos moradores. Os eixos definidos são educação, cultura, desenvolvimento social, saúde e emprego.
O secretário estadual de Cultura, Sergio Sá Leitão, afirmou que os pedidos são viáveis e serão analisados. Na área cultural, há pedidos de expansão de programas como projeto Guri, apoio aos projetos já existentes na favela e ajuda na regulamentação dos bailes funk.
O titular da Cultura municipal, Alê Youssef, afirmou que a prefeitura tomará medidas como a inclusão do CEU Paraisópolis no calendário cultural da cidade, com shows de artistas locais e os de maior projeção.
Citou também um festival de funk, cuja criação já estava em andamento, e que começará pela Cidade Tiradentes (zona leste de SP).
Youssef afirmou que o funk deve ser tratado como cultura e que não pode ser criminalizado. "Em outros momentos históricos outros ritmos já foram criminalizados", disse, citando o hip-hop e o punk.
No início da noite, o governador João Doria (PSDB) se reuniu com familiares das vítimas no Palácio dos Bandeirantes.
Participaram do encontro também a Defensoria e a Procuradoria do estado, além de secretários estaduais.
No encontro, segundo o governo, foram tratados questões como transparência das investigações e também assistência às vítimas.
"Foi um momento de escuta sensível", disse a secretaria estadual de Desenvolvimento Social, Célia Parnes.
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