Após terminar o colégio, Conradine decidiu que queria ser médica. Anunciou sua decisão à mãe, que logo a confrontou com o fato de que a garota não suportava ver sangue.
Mas a mãe deu o caminho para a jovem, indicou que ela usasse seu genialidade nos cálculos para estudar engenharia. Após a graduação, Conradine seria a primeira mulher catarinense a se formar em engenharia.
A facilidade com os estudos veio de uma boa educação também em casa. Aos finais de semana, o pai alemão tocava música clássica ao piano enquanto os filhos discutiam o que aprendiam nos livros.
Os problemas em casa começaram quando o Brasil entrou na Segunda Guerra, se opondo à Alemanha nazista. O pai de Conradine, assim como a outros patrícios, foi preso sob a acusação genérica de ser um infiltrado no país.
Soldados brasileiros reviraram a casa de Conradine, quebraram utensílios domésticos e apreenderam até livros de receitas. Anos depois, o pai da menina foi solto por falta de provas.
O pai incentivou que os filhos estudassem, disse que apenas sossegaria se deixasse como herança, não uma fortuna, mas um diploma universitário.
Com o diploma em mãos, Conradine trabalhou 30 anos na extinta estatal Rede Ferroviária Federal. Viajou o mundo e foi parar até na Antártida.
A engenheira conciliava os constantes estudos com as aulas de canto, onde treinava óperas.
A família conta que Conradine sempre foi testada pela vida. Fosse durante o período da Guerra, no tratamento de dois cânceres ou na morte de seus dois únicos filhos.
Ainda assim, mantinha a altivez de quem sabia ter que sempre aprender algo novo. Conradine morreu no dia 22, de uma parada cardíaca, aos 86 anos. Ela deixa as irmãs e sobrinhos.
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