Após receber críticas de Jair Bolsonaro (PSL), o futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, negou que seja favorável a um exame nos moldes de uma OAB para médicos. Disse, contudo, que na sua gestão irá defender um modelo de certificação a profissionais em atividade.
Neste domingo (25), Bolsonaro desautorizou proposta de Mandetta para aplicar a médicos formados exames de certificação do diploma, semelhante ao que ocorre com advogados.
“Sou contra”, disse Bolsonaro, em rápida entrevista após deixar a Escola de Educação Física do Exército, onde participou de cerimônia neste domingo (25).
O presidente eleito criticou o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que é aplicado aos recém-formados em direito, ao dizer que cria “boys de luxo” para escritórios de advocacia.
Em entrevista ao jornal O Globo, Mandetta havia proposto o exame para médicos. “As pessoas falam que, se for colocar uma prova para saber se o cara sabe medicina ou não, seria só para o cara de fora. E o médico brasileiro? Eu sou favorável que o médico brasileiro também faça”, afirmou, ao sugerir que o futuro governo levasse a proposta ao Congresso.
Para Mandetta, o ideal é que país passe a adotar um modelo de cobrança e certificação para que os médicos em atividade confirmem sua atualização e qualificação para atuar em algumas áreas.
“Depois de 15, 20, 25 anos, não vamos cobrar nada do indivíduo? É nesse ponto que vamos ter que avançar. Vamos ter que fiscalizar e dizer aos médicos que tem obrigação de ter xis horas [de atualização e capacitação continuada]. Às vezes não é nem prova, é participação em congresso, assinatura de revista indexada, participação em publicação”, disse em entrevista à Folha neste domingo.
Ele cita exemplo de países como os Estados Unidos, o qual, segundo o ministro, é baseado em um comitê de educação continuada.
Para Mandetta, o Brasil tem muitos médicos capacitados, mas também profissional “que não compra livro, que não vai a congresso nem faz atualizações”.
“Tenho colegas que me falam ‘eu parei, faço só exames de vista, fechei o consultório’. Mas se ele decidir voltar e começar a fazer cirurgia... Mesmo com 30 anos atendendo burocracia, ele pode fazer uma cirurgia, não tem nada que o impeça. É nesse ponto que a sociedade brasileira vai ter que decidir como vai monitorar isso aí”, afirma.
Ele afirma que deve levar um projeto ao Congresso sobre o tema. O motivo é o aumento no número de médicos no país.
Questionado sobre a proposta de um exame de proficiência para recém-formados, Mandetta diz que essa não seria a solução.
“É um tipo de prova que não acrescenta nada a sociedade”, avalia. A medida, porém, tem sido defendida por entidades médicas diante do aumento na abertura de cursos de medicina no país e é alvo de projetos de lei em tramitação no Congresso.
Para ele, o ideal seria exigir uma certificação da universidade do que do aluno. “Esses alunos já fazem prova de residência dificílima. Vamos botar uma prova a mais?”, questiona.
Deputado federal pelo DEM de Mato Grosso do Sul, Mandetta foi indicado para o ministério com apoio da bancada da Saúde no Congresso. Seu nome foi confirmado pelo presidente eleito na última terça (20).
Ele vai assumir com a missão de resolver problema de falta de médicos em municípios que eram atendidos por profissionais de Cuba. Os cubanos começaram a deixar o país na última quinta (22) após rompimento do governo cubano com o programa Mais Médicos.
Na última semana, o futuro ministro criticou o programa e disse que era "muito mais convênio de Cuba e PT".
Na entrevista ao O Globo, ele disse que o governo Bolsonaro vai propor a criação de uma carreira para levar saúde a locais de difícil provimento. Defendeu ainda a mudança do programa para Mais Saúde, pois o atual negligência outros profissionais necessários, como enfermeiros e fisioterapeutas.
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