Doria esquece farinata e amplia alimentos org�nicos na merenda
Depois da pol�mica criada com a proposta de incluir a farinata na merenda da rede municipal de ensino, o prefeito Jo�o Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira (16) a amplia��o de compra de alimentos org�nicos para a alimenta��o escolar.
Doria disse que a ideia de incluir a farinata, composto produzido a partir de alimentos prestes a vencer, j� est� totalmente descartada para a merenda e para qualquer pol�tica da prefeitura. "Dada a pol�mica, entendemos que n�o seria adequado insistir nesse projeto", disse.
A compra de alimentos org�nicos para compor a merenda � exigida por lei municipal de 2015. A gest�o informou que j� abriu 14 chamadas para a compra de produtos desse tipo –o mesmo n�mero firmado no ano passado– e outras quatro est�o previstas.
A prefeitura informou que investiu neste ano R$ 4,5 milh�es em alimentos org�nicos e que, em 2016 (�ltimo ano da gest�o Fernando Haddad (PT)), foram gastos R$ 2,8 milh�es.
Uma das chamadas foi voltada para a compra de verduras e hortali�as de agricultura familiar da cidade de S�o Paulo, ao valor de R$ 377 mil em dois meses.
Lan�amento de programa contra a fome
Segundo o secret�rio de Educa��o, Alexandre Schneider, as escolas da prefeitura garantem n�vel nutricional superior ao exigido pela lei. "Essa � uma pol�tica de Estado. A merenda na prefeitura come�a em 1930 com um copo de leite. De l� pra c�, todos os governos melhoraram e n�s estamos fazendo nossa parte", disse Schneider.
O an�ncio da farinata na merenda feito por Doria havia causado um mal estar com secretaria de Educa��o. A pasta, que tem um departamento de alimenta��o escolar, nem sequer havia sido consultada. O tema � regido por legisla��o municipal e federal, que inviabilizaria a ado��o do composto da forma como o prefeito anunciara.
A secretaria de Educa��o anunciou ainda a amplia��o do n�mero de hortas pedag�gicas, chegando a 592 escolas. Em 2016, eram 351.
A pasta vai lan�ar no m�s que vem um aplicativo, desenvolvido em um concurso, que possibilitar� aos pais e a sociedade acompanharem a merenda das crian�as.
S�o servidas por dia 2,2 milh�es de refei��es di�rias aos 995 mil alunos da rede, em 3.200 escolas.
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Abaixo, entenda o que � esse granulado alimentar, a pol�mica em torno dele e os argumentos contra e a favor da iniciativa.
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1. O que � a farinata?
Uma esp�cie de farinha feita a partir de v�rios alimentos (frutas e legumes, por exemplo) que est�o perto da validade e seriam incinerados por produtores e supermercados. O objetivo � combater a desnutri��o.
2. O que � o granulado alimentar?
Um produto feito � base da farinata. Essa farinha tamb�m pode ser adicionada a bolos e p�es ou ser usada como ingrediente para "refor�ar" sopas, j� que teria boa quantidade de carboidratos e prote�nas.
3. Qual foi o projeto anunciado por Doria?
Trata-se de um programa para combater o desperd�cio de alimentos e erradicar a fome. O texto, do vereador Gilberto Natalini (PV), foi apresentado ainda na gest�o de Fernando Haddad (PT) e aprovado em setembro na C�mara Municipal.
4. O granulado faz parte do projeto municipal aprovado?
N�o especificamente. O produto foi mostrado pelo prefeito apenas como exemplo durante evento para san��o da lei. Doria o apresentou dentro de uma embalagem com uma imagem de Nossa Senhora e o chamou de "aben�oado".
5. Por que Doria apresentou o granulado se ele n�o faz parte do projeto?
A Plataforma Sinergia, organiza��o sem fins lucrativos que fabrica o granulado, estava no evento e entregou uma amostra a Doria. Sem saber detalhes do produto, o prefeito fez um v�deo o promovendo.
6. Como seria a distribui��o desse produto pela prefeitura?
Segundo a gest�o, o granulado seria distribu�do sem custos, a partir de outubro, por entidades cadastradas –como igrejas, templos e sociedade civil– e pela pr�pria prefeitura. Ainda n�o se sabe, por�m, a quem e a quantas pessoas seria destinado. Nem a pr�pria empresa tem dimens�o do quanto poderia produzir. A secret�ria de Direitos Humanos de Doria, Elo�sa Arruda, disse que haver� uma reuni�o em breve para definir um plano de a��o.
7. Quem forneceria a mat�ria-prima usada no granulado?
Os alimentos pr�ximos do vencimento seriam doados por produtores, redes de supermercados e at� pessoas f�sicas.
8. Qual � a rela��o do produto com a Igreja Cat�lica?
A Arquidiocese de S�o Paulo apoia o uso da farinata no combate � fome desde 2013, quando o dom Odilo Scherer a recomendou ao Papa Francisco. � Folha, por�m, o arcebispo afirmou que pode ter havido equ�voco na forma de apresenta��o do produto pela gest�o Doria e lamentou uma poss�vel interrup��o do projeto por quest�es pol�ticas.
9. Por que alguns nutricionistas e chefes de cozinha s�o contra a ideia?
Eles argumentam que a alimenta��o � um ritual que inclui saborear o alimento, preferencialmente in natura. Outra preocupa��o � o fato de a farinha ser feita � base de produtos pr�ximos do vencimento. Nutricionistas que criaram o produto afirmam que ele pode ser um complemento de combate � fome em situa��o emergencial.
10. Produtos semelhantes � farinata j� foram usados antes no pa�s para o combate � fome?
Sim. Zilda Arns, m�dica sanitarista e fundadora da Pastoral da Crian�a, defendia um produto chamado multimistura, composto por farelo de arroz, trigo e p� de sementes. Apesar de ter sido divulgada como modelo nos anos 70 e 80, hoje a pr�tica � desaconselhada pelos conselhos de nutri��o por causa dos riscos relacionados a higiene e toxicidade.
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