A��o de Doria tem gargalo com 1.704 sem-teto em fila � espera de emprego
Ze Carlos Barretta - 5.abr.2017/Folhapress | ||
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Moradores de rua participam de oficina de autoconhecimento, como parte do programa Trabalho Novo |
Em mar�o, o prefeito Jo�o Doria (PSDB) gravou um v�deo atr�s de um balc�o do McDonald's para anunciar a promessa de contrata��o de cem moradores de rua at� o fim do ano pela rede de lanchonetes.
O an�ncio trouxe visibilidade para o programa Trabalho Novo, criado pela gest�o para dar emprego aos sem-teto que vivem nos centros de acolhimento na cidade.
Cinco meses depois, por�m, apenas 43 moradores de rua foram admitidos pela rede de lanchonetes.
Outra parceria alardeada por Doria, desta vez com as lojas Riachuelo, empregou at� o momento dez pessoas.
Segundo o McDonald's, 20 novas contrata��es ser�o feitas neste m�s, enquanto a Riachuelo fala na expectativa de aumentar o n�mero de vagas gradativamente.
Os dois casos s�o apenas exemplos de um novo cen�rio enfrentado por Doria. Ap�s ter preenchido 1.144 vagas, o programa enfrenta agora um gargalo de contrata��es pelo setor privado, o que fez criar uma fila de sem-teto j� treinados mas ainda sem uma vaga de emprego. Atualmente, h� 1.704 deles nessa situa��o.
A gest�o tucana aponta alguns motivos para isso.
O mais contundente � a crise econ�mica. Mas h� tamb�m dificuldade do setor privado em aceitar trabalhadores sem o ensino m�dio completo e com antecedentes criminais, realidade de boa parte de quem vive nas ruas –a cidade de S�o Paulo tem cerca de 20 mil moradores de rua.
"A passagem do tempo de rua para o tempo corporativo exige adapta��o. As empresas tamb�m precisam de um tempo para se adequar", diz Fernando Alves, diretor da Rede Cidad�, entidade escalada pela prefeitura para desenvolver o Trabalho Novo.
O secret�rio Filipe Sabar� (Assist�ncia e Desenvolvimento Social) prefere n�o falar em fila, e sim em um banco de talentos. "O foco do programa � a qualifica��o profissional e oferecer uma porta de sa�da da rede de assist�ncia. Algumas pessoas participam e voltam para suas fam�lias e at� conseguem emprego sem nossa intermedia��o", diz.
O processo de requalifica��o profissional a que ele se refere consiste em um m�todo praticado em grupo. Inclui exerc�cios de respira��o e est�mulos na autoestima. Os treinamentos duram cerca de uma semana e s�o oferecidos nos centros de acolhida.
H� pessoas, por�m, que necessitam de acompanhamento assistencial antes de aderir aos treinamentos, seja por serem portadoras de doen�as psicol�gicas ou por problemas de v�cio em �lcool e drogas.
EXPERIMENTO
O secret�rio diz que 81 participantes sa�ram dos albergues e alugaram um lugar para morar. "O programa come�ou como um experimento, h� uma quebra de paradigmas no setor p�blico e privado em oferecer autonomia e renda a quem n�o tem onde morar."
Para tentar aumentar o n�mero de postos oferecidos, a gest�o Doria tem buscado atrair mais empresas e diversificar as �reas de atua��o. Em uma semana, o prefeito fez tr�s postagens nas redes sociais anunciando a participa��o de empresas no programa e encorajando ades�es.
Para ajudar na estrat�gia de convencimento, a prefeitura produziu um v�deo com depoimentos de moradores de rua empregados pelo programa ao som de "All You Need is Love", dos Beatles.
A �rea de limpeza � uma das que mais absorveram participantes. Uma companhia que presta servi�o para a prefeitura j� empregou 200. A gest�o afirma que negociou 10 mil vagas com 220 empresas, como parte da meta de 20 mil a serem preenchidas at� o fim deste ano.
Essa total depend�ncia do setor privado fez o secret�rio Sabar� convencer Doria de que n�o seria poss�vel atingir a meta de 20 mil moradores de rua at� o fim de 2017. O prefeito ent�o reduziu o plano para mil vagas no primeiro ano.
Cerca de 400 pessoas que j� passaram pela requalifica��o profissional e ainda n�o foram contratados v�o passar por uma reciclagem, segundo o diretor da Rede Cidad�. "� uma forma de lidar com essa ansiedade. Novos treinamentos v�o fazer manuten��o da passagem do tempo da rua para o tempo da empresa", diz Alves.
De acordo com Fernando Alves, seis pessoas que conseguiram empregos tiveram que se afastar por problemas semelhantes, sendo que quatro foram internadas em cl�nicas psiqui�tricas.
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