Abrigos lotam na 2� tarde mais gelada em 13 anos em SP, e frio continuar�
Giovanni Bello/Folhapress | ||
Moradores de rua e dependentes qu�micos fazem fila para abrigo da prefeitura no centro de S�o Paulo |
Ca�a a noite de ter�a-feira (18), quando foi registrada a segunda tarde mais fria dos �ltimos 13 anos em S�o Paulo, e o idoso Juarez Guimar�es Fonseca, 66, estava no terceiro endere�o em busca de abrigo para passar a noite.
Morador de rua h� mais de dez anos, ele costuma dormir sobre papel�es na rua Bar�o de Duprat, no centro, mas devido ao frio decidiu sair em busca de uma vaga em um lugar mais quente.
"Estou com pneumonia", insistia ele �s assistentes sociais em frente ao cont�iner montado na rua dos Gusm�es que faz parte do programa anticrack da prefeitura e oferece pernoite aos usu�rios de droga da cracol�ndia.
Na tarde de ter�a, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) registrou temperatura m�nima de 10,2�C na capital paulista e a fila por uma das cem vagas de pernoite no cont�iner dobrava a esquina.
A aglomera��o de pessoas em frente � estrutura n�o � comum, j� que os pr�prios usu�rios tratam de garantir suas vagas junto aos assistentes sociais que circulam pela regi�o. Al�m do idoso, a usu�ria Viviane Marlene Ara�jo, 38, ficou do lado de fora. Funcion�rios da prefeitura confirmaram a maior procura devido �s baixas temperaturas.
Antes de tentar uma vaga no cont�iner, Fonseca procurou abrigo em um centro de acolhida na Barra Funda, que tamb�m estava lotado.
Giovanni Bello/Folhapress | ||
Fila de moradores de rua para passar a noite em abrigo da prefeitura, devido ao frio |
Por volta das 19h, ele foi orientado a tentar a estrutura de cont�ineres montada h� poucos dias na rua General Rondon, a poucos metros da pra�a Princesa Isabel, onde o fluxo de usu�rios de drogas da cracol�ndia se instalou ap�s a��o policial que desmantelou a feira de drogas ao ar livre no fim de maio.
Chegando l�, o idoso e Viviane se depararam com uma fila de cerca de 15 pessoas aguardando por vagas extras. Todas j� haviam sido ocupadas. "� muita humilha��o. Deveriam respeitar o Estatuto do Idoso", disse. Funcion�rios da prefeitura negociavam colocar colch�es extras nos quartos devido � alta na procura (leia mais no fim do texto).
PREVIS�O DO TEMPO EM S�O PAULO
FRIO CONTINUA
As baixas temperaturas devem continuar nos pr�ximos dias, ap�s uma queda de mais de 17�C em 24 horas na capital entre segunda (17) e ter�a.
H� previs�o de novo recorde de frio para a tarde desta quarta (19). A m�nima prevista � de 7�C, com m�xima de 14�C, e deve garoar, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emerg�ncias, da prefeitura). No restante do Estado o frio deve seguir at� o pr�ximo s�bado (22).
Em Santa Catarina, o Inmet registrou -7,4�C em Bom Jardim da Serra, regi�o serrana do Estado. � a temperatura mais baixa do ano no pa�s, informou a Ag�ncia Brasil.
ROTINA ADAPTADA
Para conseguir uma cama para dormir em um dos tr�s cont�ineres instalados na regi�o da Luz, muitos usu�rios dedicam suas rotinas ao cronograma da estrutura.
Rafael de Ara�jo Vitor, 32, por exemplo, bate ponto no endere�o diariamente �s 10h para conseguir com os assistentes sociais o papel que d� direito � vaga no fim do dia. Ele dorme no cont�iner na rua dos Gusm�es h� tr�s semanas.
"Se n�o tiver alcoolizado ou drogado, � imposs�vel dormir na rua", diz ele que faz tratamento no Caps (Centros de Aten��o Psicossocial) contra o v�cio em crack. H� 18 anos sem teto, ele conta que costumava ir para o interior quando o frio apertava na capital. "Em lugares menores, as pessoas s�o mais solid�rias e d� para conseguir mais ajuda."
Andressa dos Santos Nakabayshi, 19, tamb�m costuma dormir na mesma estrutura. Ela conta que ficava no vale do Anhangaba� at� ser levada ao cont�iner por um amigo. "Dia de frio � quando eu mais de humilho para conseguir abrigo", diz ela.
"Aceito fazer programa por at� R$ 30, que � o pre�o do pernoite em hot�is no centro. Me recuso a passar frio na rua", conta, enquanto arruma uma bota preta de salto alto dentro de uma sacola. Apesar de reclamar de estar com os p�s "congelando", com apenas um par de chinelos, ela se recusava a colocar a bota.
"Sei que v�o querer roub�-la de mim a� dentro. Por isso, vou dormir cal�ada e com toda minha maquiagem dentro da bota. Eu me garanto na rua quando estou arrumada."
Questionada, a gest�o Jo�o Doria (PSDB), afirmou que no come�o da noite todas as pessoas que estavam no local foram atendidas por meio de uma opera��o emergencial, que as encaminhou para vagas nos 85 abrigos da rede municipal, e que n�o havia mais fila.
Segundo a prefeitura, s�o dez mil vagas fixas, mais 1.400 mil criadas exclusivamente para o per�odo de frio, al�m de cerca de 400 vagas nos centros tempor�rios. Outras vagas excedentes foram criadas em raz�o do frio extremo desta semana e, nesta quarta (19) mais 460 vagas para moradores de rua ser�o abertas na rua Comendador Nestor Pereira, 45, no Canind�.
NEVASCA
Cerca de 300 brasileiros est�o ilhados nos aeroportos de S�o Carlos de Bariloche e de Buenos Aires, ambos na Argentina. A onde de frio polar que atinge 70% do pa�s vizinho afeta principalmente a est�ncia tur�stica de inverno, Bariloche, para onde os turistas costumam viajar a fim de aproveitar as esta��es de esqui.
A nevasca come�ou na sexta-feira (14) e fechou o aeroporto de Bariloche no s�bado (15), com 45 cm de neve acumulada. Na segunda (17), o aeroporto voltou a operar, mas apenas brevemente.
De um total de 350 turistas no aeroporto, cerca de 200 s�o brasileiros, segundo o Itamaraty. Mais 80 est�o presas no aeroporto de Buenos Aires por terem perdido a conex�o para retornar ao Brasil e h� ainda um n�mero indefinido que tentava chegar a Bariloche de �nibus ap�s ter o voo desviado para Neuqu�n, mas a neve tamb�m bloqueou as estradas.
H� 27 anos n�o nevava tanto em Bariloche, a temperatura m�nima de -25,4�C na madrugada de domingo, bateu recorde hist�rico na cidade, superando os 21,1�C negativos de 1963.
Devido � alta temporada com voos lotados e � capacidade limitada do aeroporto, as companhias a�reas t�m pouca margem para contornar a situa��o com avi�es extra. H� passageiros que aguardam desde s�bado, completando 72 horas nesta ter�a.
Segundo o Itamaraty, o embaixador brasileiro no pa�s vizinho contatou a ministra do interior da Argentina para pedir apoio ao grupo de cidad�os brasileiro ilhados. Est� sendo examinada a instala��o de um n�cleo de apoio do Consulado Honor�rio no aeroporto de Bariloche.
O plant�o do consulado em Buenos Aires atende pelo n�mero +54 (911) 4199-9668 –para casos de emerg�ncia. Alternativamente, o Itamaraty, em Bras�lia, disponibiliza o e-mail dac@itamaraty.gov.br e os telefones (61) 2030-8803/8804 (das 8h �s 20h) e (61) 98197-2284 (das 20h �s 8h) para o aux�lio a brasileiros.
A onda de frio polar que atinge a Argentina deixou quatro mortos nesta segunda-feira, nas cidades de Mar Del Plata e Bariloche. Duas das v�timas eram sem-teto.
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