Empresa ligada a Doria pede dinheiro a empres�rios por palestra de prefeito
Paulo Lopes-12.dez.2016/Futura Press/Folhapress | ||
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Jo�o Doria durante evento promovido pelo Grupo Lide |
O Lide, empresa fundada pelo prefeito Jo�o Doria (PSDB) e conhecida por pedir contribui��es de empres�rios para organizar palestras com pol�ticos, agora est� passando o chap�u para solicitar recursos que v�o bancar uma palestra do pr�prio Doria.
A Folha teve acesso a um e-mail que o Lide enviou a empres�rios na semana passada pedindo dinheiro para financiar o "almo�o-debate" com l�deres empresariais no dia 6 de mar�o, no hotel Grand Hyatt, na capital paulista, com apresenta��o do prefeito rec�m-empossado.
O tema da palestra ser�: "O impacto de uma gest�o eficiente na cidade de S�o Paulo".
Conforme o e-mail, os presidentes das empresas que pagarem uma cota de "copatroc�nio" de R$ 50 mil ter�o o direito de se sentar � mesa principal com Doria.
As companhias parceiras tamb�m poder�o exibir seus logotipos em banners no palco do evento, al�m de outras apari��es das marcas.
O Lide n�o informa quantas s�o as cotas de patroc�nio destinadas ao almo�o com Doria. Ele nega que haja conflito de interesses sob o argumento de que o prefeito j� n�o tem mais a��es da empresa.
Questionada pela Folha, a assessoria de imprensa da Prefeitura de S�o Paulo afirma que n�o h� nenhuma restri��o para que o tucano fa�a palestras em evento promovido por empresas ou entidades.
FILHOS
Para evitar acusa��es de conflito de interesse, Doria come�ou a tomar algumas medidas desde 2015, antes de se tornar candidato.
O empres�rio, que costumava ser mestre de cerim�nia dos almo�os, cedeu espa�o para que outro fundador, o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, fortalecesse seu papel � frente da institui��o. Durante a campanha, anunciou que passaria o comando acion�rio das empresas do Grupo Doria a seus filhos.
Para especialistas ouvidos pela reportagem, no entanto, apesar de o prefeito ter se afastado das empresas, a capta��o de dinheiro privado por parte do Lide para financiar sua palestra ainda se enquadra em um caso delicado.
"Existe um flagrante conflito de interesse na medida em que ele � o prefeito da cidade, e as empresas podem se sentir intimidadas e temerosas de sofrer retalia��es do poder p�blico caso n�o contribuam", afirma Rafael Alcadipani, professor de estudos organizacionais da FGV (Funda��o Getulio Vargas) Eaesp.
"� preciso tomar cuidado para que esses financiadores n�o sejam fornecedores da prefeitura no futuro", diz Jaime Crozatti, professor da USP (Universidade de S�o Paulo) especializado em gest�o de pol�ticas p�blicas.
Empres�rios relatam que a estrat�gia da equipe do Lide para captar recursos � insistente. Enquanto Doria ainda chefiava o Lide, n�o era raro que ele pr�prio ligasse para reiterar o pedido de patroc�nio quando algum dono de empresa negava o apoio.
OUTRO LADO
A gest�o Jo�o Doria (PSDB) disse que n�o h� nenhuma restri��o para que o prefeito ou outra autoridade municipal fa�am palestras em eventos promovidos por empresas ou entidades empresariais.
"O fato de um evento receber patroc�nios do setor privado � irrelevante para o munic�pio, uma vez que n�o h� nenhuma veda��o para que autoridades municipais ministrem palestras."
Pelo c�digo de conduta da alta administra��o federal, configura conflito de interesses praticar ato em benef�cio de empresas das quais fazem parte os parentes do agente p�blico.
Gustavo Ene, CEO do Lide, tamb�m nega que haja conflito de interesse porque o prefeito j� n�o tem mais a��es da empresa. "O controle acion�rio [da empresa] foi passado aos filhos."
Ene diz que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) tamb�m j� fora convidado para dar palestras, assim como outros prefeitos e governadores.
A insist�ncia da equipe do Lide nos pedidos de patroc�nio, segundo o executivo, � sinal da efici�ncia da organiza��o na busca por recursos.
DOA��ES
No ano passado, um jantar beneficente denominado Natal do Bem, do Lide, arrecadou R$ 1,81 milh�o.
A maior doa��o do evento foi feita pelo empres�rio Ivo Wohnrath, que arrematou uma palestra do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por R$ 254 mil.
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