'N�o quero sair daqui para morar no CEU', diz desabrigada em Parais�polis
Um agrupamento de moradores acompanhava o trabalho do Corpo de Bombeiros na manh� deste domingo (5) em Parais�polis, zona sul de S�o Paulo, em frente a uma pilha de destro�os onde antes ficavam cerca de 20 barracos. O desabamento, ocorrido por volta das 7h ap�s as fortes chuvas da madrugada, deixou tr�s pessoas feridas e v�rios desabrigados.
Dois homens e uma mulher tiveram ferimentos leves e foram encaminhados ao pronto-socorro do Campo Limpo. Um deles estava desacordado. Por volta das 11h, Sabrina, 16, que teve ferimentos nas pernas, j� havia sido liberada.
De acordo com moradores, s� n�o houve mais v�timas porque muitos deixaram o local depois que a estrutura come�ou a ranger e estalar.
"Eu e meu marido est�vamos dormindo quando come�amos a escutar o barulho", conta Franciele dos Santos, 21, desempregada. "N�o deu tempo de sair, e o nosso barraco ficava l� no alto, ent�o viemos caindo de l� de cima at� aqui", conta, apontando para a cal�ada em frente � pilha de destro�os.
Franciele morava no local havia seis anos e teve ferimentos leves na testa e nas pernas, mas n�o quis aguardar a chegada dos bombeiros. Foi atendida em um AMA pr�ximo dali. Segundo ela, o caso teria sido ainda pior se o filho de quatro anos estivesse em casa. "Por sorte, ele foi dormir na minha m�e".
At� as 12h deste domingo, os desabrigados aguardavam a chegada da Secretaria de Assist�ncia Social para saber onde seriam acomodados. "T�nhamos nossa casa. N�o quero ter que sair daqui para morar no ch�o do CEU", diz Franciele.
Segundo o major Crespo, do Corpo de Bombeiros, a chuva ca�da na regi�o durante a noite teria fragilizado a estrutura das casas, a maior parte delas feita de madeira.
"N�o foi feito o trabalho preventivo, ent�o o desabamento poderia ter acontecido tanto aqui quanto em qualquer dos diversos lugares de risco em Parais�polis", diz Gilson Rodrigues, presidente da associa��o de moradores do bairro. Segundo ele, a subprefeitura do Campo Limpo j� havia sido alertada sobre os riscos de desabamento.
DESTRO�OS
Algumas das pessoas que ficaram sob os escombros foram retiradas pelos pr�prios moradores antes mesmo da chegada dos bombeiros. Outros aproveitaram para buscar m�veis e eletrodom�sticos que conseguiram salvar em meio aos destro�os. "Logo cedo um foi buscar um aparelho de som que percebeu ali na pilha, depois mais gente foi procurar", diz Gilson.
�s 10h, J�nior Ferreira da Silva, 40, estava irritado por n�o poder buscar suas coisas. "Quero achar minha mala com as roupas, tentar pegar a geladeira, mas eles [bombeiros] n�o me deixam ir. Acham que tem mais o qu� para cair?"
J�nior fazia um bico como pintor pouco antes do desabamento, e por isso n�o estava em casa quando ele aconteceu. "A sorte foi meu filho de 10 anos n�o estar a�. Ele passa todo fim de semana comigo, mas por causa deste bico que arranjei ele n�o veio."
O gar�om Delsuc Moreira, 27, que mora em uma casa do outro lado da rua, estava preocupado com o carro. Estacionado na �rea, o autom�vel modelo Prisma havia sido soterrado. "Ainda n�o consegui ver o tamanho do estrago. No m�nimo deve ter arranhado bastante dos lados".
Franciele tamb�m havia identificado alguns de seus pertences: "J� achei naquela pilha meu guarda-roupa, minha privada. Aquela porta vermelhinha � minha tamb�m".
�s 14h, duas viaturas do Corpo de Bombeiros continuavam no local. Procurada pela Folha, a Defesa Civil informou que o desmoronamento foi de aproximadamente 20 barracos, com duas vitimas leves, encaminhadas para o pronto socorro. O �rg�o tamb�m disse que "agentes da Subprefeitura Campo Limpo v�o vistoriar as resid�ncias vizinhas para verificar se h� algum tipo de dano e, se necess�rio, interdit�-las".
Ainda de acordo com a Defesa Civil, "sete fam�lias, com quatro pessoas cada, j� foram cadastradas pela Assist�ncia Social. At� o momento, nenhuma delas aceitou encaminhamento para abrigos".
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