Ex-militante do Femen lan�a livro sobre desilus�o com o feminismo
Aos 23 anos, Sara Winter est� numa fase de partos: h� menos de tr�s meses deu � luz, em casa, Hector Valentim, seu primeiro filho, e nesta semana traz a p�blico seu livro digital de estreia, "Vadia, N�o! Sete Vezes que Fui Tra�da pelo Feminismo" (R$ 12,50, dispon�vel na internet).
Como o t�tulo permite entrever, as 50 p�ginas s�o uma narrativa da desilus�o da ex-ativista com o movimento por igualdade de g�nero. Entre os epis�dios, h� um em que uma colega de luta a deixa passando frio na rua, sem ter onde dormir, porque conseguiu beijar o homem que desejava h� meses. Outro narra uma passagem em que um grupo insiste que ela experimente coca�na, � revelia de sua vontade.
"Tinha muitas outras que ficaram de fora", diz Winter, que se tornou figura p�blica aos 19 anos, por ter sido a primeira brasileira a integrar o Femen, grupo ucraniano de piqueteiras que protestam com o busto nu. Ainda responde a 13 processos, a maior parte deles por ato obsceno. "N�o sei se vou ter dinheiro para comprar as cestas b�sicas."
Rompeu com o Femen menos de dois anos depois, sob acusa��es de que era fascista e havia roubado dinheiro –ela refuta ambas. "Fazia mais de um ano que eu tinha vontade de mostrar o que aconteceu comigo, mas eu achava que seria heresia se falasse mal do feminismo."
GUERRA � GUERRA
Decidiu escrever os causos motivada pela raiva de ex-colegas que, segundo ela, a perseguem na internet, chamando-a de traidora ou coisa pior. "Come�aram a dizer coisas sobre meu filho. Foi quando eu decretei: chega. � guerra, ent�o � guerra. Vou contar parte dos perrengues que passei na m�o delas."
Sentou-se ao computador e escreveu em dez dias a obra, uma leitura de meia hora para um leitor habituado. N�o h� men��es diretas ao Femen, mas � poss�vel adivinhar quem s�o alguns personagens que ela mant�m no anonimato. "N�o queria comprar mais briga com essas mulheres de esquerda. As mulheres que mais me acolheram em todas a minha vida eram mulheres de direita ou que n�o t�m ideia nenhuma de feminismo."
H� dois meses, assumiu uma mudan�a de postura. Passou a se denominar pr�-mulher. Diz ter recebido mais de 600 mensagens de mulheres que quiseram ser feministas e "foram humilhadas por n�o conhecerem temas espec�ficos, serem apol�ticas ou religiosas".
A terminologia n�o mudou o grosso de suas causas, assegura. "Eu estou praticando um feminismo diferente. O problema � que a palavra feminismo assusta muito, ent�o parei de usar."
" [O feminismo] virou 'mainstream'. Isso ilude muito as meninas: o movimento n�o � essa coisa bonita que elas pensam ser." Sua nova posi��o n�o � contr�ria ao feminismo, diz. "� um movimento que faz coisas boas para as mulheres? Faz, mas a maioria delas � burguesa, universit�ria, tem acesso � internet. N�o chega at� a mulher perif�rica."
Ela mesma diz nunca ter sido ajudada pelas irm�s de causa. Durante a gravidez, uma ideia que considerara "absurda" at� se concretizar, buscou ajuda de m�dicos que atendiam de gra�a em programas universit�rios. Em um deles, conheceu uma ONG que cuida de mulheres que querem dar continuidade � gravidez, ainda sem condi��es para tanto. Pr�-natal, m�dico, psic�logo, um lugar para dormir. "Achei isso muito feminista."
Gostou tanto da iniciativa que promete doar um real de cada livro vendido para organiza��es pr�-vida. "O ato de abortamento eu sou contra. Sou a favor da legaliza��o, mas s� at� 12 semanas de gravidez. S� sou a favor porque acho que a legaliza��o diminui o n�mero de abortos e a morte daquelas que n�o t�m condi��o de fazer." Ela afirma que n�o lutar� para que a interrup��o de gravidez seja descriminalizada.
Quando se viu gr�vida, voltou para a cidade interiorana de S�o Carlos, para ficar perto da m�e. At� ent�o morava no Rio e havia sa�do h� pouco do enlace com um militar, com quem casou-se em outubro para se separar em junho. O atual namorado, com quem ela tem "o melhor relacionamento da vida", mora longe.
Mas Sara quer fincar ra�zes no interior. O ativismo nu foi uma �poca muito boa, mas que n�o pretende retomar. "Tenho pretens�o de entrar para a pol�tica. Estou procurando um partido para me filiar e decidir a que cargo eu vou me candidatar." Cogita correr a vereadora em S�o Carlos. "Eu quero fazer a diferen�a na vida das mulheres com pol�ticas p�blicas."
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
![Editoria de arte Editoria de arte](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/15041160.png)
Acompanhe toda a cobertura dos blocos, festas e desfiles do Carnaval 2018, desde os preparativos
![Editoria de Arte/Folhapress Editoria de Arte/Folhapress](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/170311.jpeg)
Tire as dúvidas sobre formas de contaminação, principais sintomas e o processo de imunização
![Promessas de Doria Promessas de Doria](https://cdn.statically.io/img/f.i.uol.com.br/folha/cotidiano/images/17363255.png)
Folha usa ferramenta on-line para acompanhar 118 promessas feitas por Doria em campanha