Movimentos de sem-teto cobram taxa de morador de invas�o em S�o Paulo
"Eu pagava R$ 450 de aluguel num c�modo em S�o Mateus [zona leste de SP], e meu marido gastava cinco horas para ir e voltar do trabalho. Hoje, pago R$ 200 e moro no centro. O que voc� acha que eu prefiro?", diz a ex-vereadora de Santa Cruz Cabr�lia (BA) Neide Leonel Vidotto, 70, no espa�o onde vive, no antigo Cine Marrocos.
Comprado pela prefeitura para abrigar a Secretaria de Educa��o, o pr�dio hist�rico foi invadido pelo MSTS (Movimento Sem Teto de S�o Paulo) em novembro de 2013.
A vantagem que dona Neide v� neste arranjo n�o � un�nime e alguns movimentos sem-teto s�o hoje alvo de investiga��o do Minist�rio P�blico de S�o Paulo por supostas cobran�as abusivas e pr�ticas coercitivas de arrecada��o de fundos, incluindo puni��es aos inadimplentes como proibi��o de visitas.
Nas �ltimas tr�s semanas, a Folha visitou 15 ocupa��es de movimentos sem-teto, de seis siglas distintas, no centro e na periferia de S�o Paulo.
Para o rep�rter que se apresentou como potencial morador, em todos os casos a entrada foi franqueada e informa��es, prestadas. Por outro lado, o acesso foi, em alguns casos, proibido ao rep�rter que se apresentou como tal, e as informa��es prestadas nem sempre batiam com as oferecidas ao potencial morador.
'CONDOM�NIO'
Das ocupa��es visitadas, s� as horizontais –feitas com barracos em terrenos–, articuladas pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e pelo MIVM (Movimento Independente de Luta por Habita��o da Vila Maria), n�o cobravam taxas.
O MIVM faz rateios para gastos espec�ficos de manuten��o e mobiliza��o. No MTST, cada morador � respons�vel por seus gastos. O movimento tamb�m recebe doa��es espor�dicas.
J� nas ocupa��es em pr�dios, a cobran�a � comum e entendida pelos moradores como uma esp�cie de "condom�nio" para manuten��o.
"Como funcionaria um pr�dio sem receber condom�nio dos moradores? Limpeza? Conserto de elevador? Porteiro?", questiona Douglas Gomes, 37, presidente do MSTS, que cobra R$ 200 por m�s.
No pr�dio do Cine Marrocos, os elevadores manuais s�o operados por ascensoristas, h� 168 c�meras de vigil�ncia e uma cozinha coletiva que serve at� 80 refei��es di�rias gratuitas.
O MSTS foi criticado, no entanto, ao se aliar a um empres�rio para transformar o t�rreo do edif�cio em estacionamento, j� desativado. Gomes diz que, por contrato, receberia cestas b�sicas. Questionado, n�o apresentou o documento � Folha.
"Nossa taxa de R$ 150 � pra pagar advogado, e n�o jogar as fam�lias na rua, porteiro e eu, que n�o trabalho de gra�a, n�?", diz Nireudes de Jesus, 36, coordenadora do MLSM (Movimento de Luta Social por Moradia), respons�vel pelo pr�dio da Previd�ncia Social na avenida Rio Branco, com 130 fam�lias.
Sem se identificar, a Folha acompanhou reuni�o para interessados em morar no antigo Hotel Lord, em Santa Cec�lia (centro), ocupado pela FLM (Frente de Luta por Moradia). A coordenadora do pr�dio, Maria do Planalto, disse que, para residir ali, seria necess�rio o pagamento retroativo de parte dos custos da ocupa��o nos �ltimos anos.
Nireudes, que j� morou em uma ocupa��o da FLM, diz ter desembolsado R$ 1.300 para ingressar no local.
Procurada, a coordenadora Maria do Planalto negou cobrar "matr�cula". A coordena��o central da FLM disse que a pr�tica n�o faz parte das recomenda��es do movimento, cujas cobran�as seriam decididas em assembleia pelos moradores.
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