Duas em cada tr�s obras de Haddad na periferia ficam apenas no papel
O vidraceiro Jos� Benedito de Souza, 55, j� viu sua casa no Itaim Paulista, na zona leste de SP, ser inundada cinco vezes nos �ltimos seis anos. A cheia mais recente, em fevereiro, danificou a resid�ncia e destruiu m�veis, em um preju�zo de R$ 6.000.
A professora M�rcia Ara�jo de Oliveira, 48, teve que fazer uma peregrina��o por hospitais da zona norte atr�s de um pediatra na semana passada at� conseguir atendimento � neta de quatro anos, que engoliu uma moeda.
A esperan�a de Souza � a canaliza��o de um rio vizinho � sua resid�ncia. A de M�rcia, a chegada do prometido Hospital da Vila Brasil�ndia.
Essas duas iniciativas s�o exemplos de projetos da periferia que empacaram no plano de metas do prefeito Fernando Haddad (PT).
Levantamento da Folha mostra que, a pouco mais de um ano da elei��o municipal, na qual Haddad buscar� mais quatro anos de mandato, n�o sa�ram do papel duas de cada tr�s obras prometidas pela prefeitura nos extremos da cidade em �reas sociais, de mobilidade e urbaniza��o.
Das 751 constru��es e reformas tabuladas no plano de metas, 479 (64%) nem sequer tiveram in�cio, 131 (17%) est�o em andamento e outras 141 (19%) j� foram conclu�das.
O levantamento considerou as principais empreitadas nas �reas de sa�de (constru��o da Rede Hora Certa e de unidades b�sicas de atendimento, al�m de reforma de espa�os j� existentes); educa��o (constru��o de creches, CEUs e escolas infantis); transportes (corredores e terminais de �nibus); obras vi�rias (pontilh�es e pontes); urbaniza��o de favelas e conten��o de enchentes.
Procurada pela reportagem, a prefeitura atribui a lentid�o nas obras � falta de repasses pelo governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
O desempenho de Haddad nos extremos da cidade, tradicionalmente alinhados ao PT, tem sido alvo de cr�ticas de opositores, que o acusam de priorizar e dar publicidade a obras em �reas nobres, como a ciclovia na av. Paulista.
Por outro lado, assim como prefeitos anteriores, o petista apostou em bandeiras n�o relacionadas a obras, mas que tamb�m beneficiam a periferia. Entre elas, est�o gratuidade do Bilhete �nico a jovens de baixa renda e as modalidades semanal e mensal do cart�o de transporte.
SA�DE E EDUCA��O
Em seu discurso de posse, Haddad prometeu prioridade ao enfrentamento da pobreza. "N�o � poss�vel viver mais tempo com tanta desigualdade, com tanto descaso, com tantas mazelas", disse em 1� de janeiro de 2013.
Na ocasi�o, ele tamb�m enfatizou que sa�de e educa��o eram "priorit�rias". Agora, a cerca de um ano e meio do fim do mandato, as duas �reas t�m mais da metade das obras na periferia ainda no papel (veja quadro ao lado).
Cria��o petista na gest�o Marta Suplicy (2001-2004), que agora tenta entrar na disputa pela prefeitura pelo PMDB, os CEUs —centros educacionais com biblioteca, quadras e piscina— est�o comprometidos sob Haddad.
De 19 unidades previstas em bairros perif�ricos, s� uma foi conclu�da. As demais n�o tiveram obras iniciadas.
A situa��o se repete na sa�de. Entre as metas, h� a constru��o de 61 novas unidades b�sicas. Apenas cinco delas foram finalizadas, e uma est� em obras.
OUTRO LADO
A gest�o Fernando Haddad (PT) culpa o governo federal pela lentid�o no in�cio de obras na periferia da cidade.
Em nota, informou que os projetos foram licenciados e licitados, mas dependem de repasses de verbas federais que n�o foram feitos.
"Todas estas obras est�o previstas no PAC (Plano de Acelera��o do Crescimento). Dos R$ 8 bilh�es prometidos at� agora, a Prefeitura de S�o Paulo recebeu pouco mais de R$ 230 milh�es", diz a nota.
O Minist�rio das Cidades, respons�vel pelas obras do PAC e comandado pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD), rebateu, dizendo que a libera��o dos recursos para os projetos realizados em parceria com Estados e munic�pios s� come�a a ocorrer ap�s o "efetivo in�cio das interven��es".
"Os repasses correspondem ao ritmo de execu��o das obras que, nesses casos, por serem de grande complexidade e em �reas j� adensadas, t�m perfil de m�dio e longo prazos", diz trecho da nota.
De acordo com o governo federal, os projetos j� iniciados pela Prefeitura de S�o Paulo receberam mais de R$ 400 milh�es do Minist�rio das Cidades.
Segundo o minist�rio, h� na Grande S�o Paulo 17 opera��es de urbaniza��o contratadas, que representam um investimento de R$ 4,9 bilh�es e beneficiar�o quase 170 mil fam�lias.
No Estado, 703.615 unidades foram contratadas com investimento de R$ 52,5 bilh�es, de acordo com a pasta —destas, 398.876 unidades foram entregues.
Em rela��o �s obras na �rea de educa��o, o MEC (Minist�rio da Educa��o) afirma que a constru��o � atribui��o da prefeitura.
Em manifesta��o em junho, a pasta disse que cabe ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o) o acompanhamento dos trabalhos e a libera��o dos recursos, que s�o enviados aos munic�pios � medida em que as obras avan�am.
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