Foi rep�rter especial da Folha. Cobriu os bastidores do mundo da pol�tica e da economia em Bras�lia.
Sinto muito, Dilma
BRAS�LIA - Com todo respeito e seriedade, digo � presidente Dilma: Sinto muito, querida. Presenciar sua despedida na quinta-feira (12), no Pal�cio do Planalto, n�o foi nada agrad�vel. Foi triste e frustrante.
Digo isto com a liberdade de quem sempre fez cr�ticas � senhora neste espa�o. Ali, no segundo andar do Planalto, at� auxiliares que detestavam a senhora, e eram muitos no pal�cio, tamb�m estavam tristes.
Foi estranho ver a primeira mulher presidente, com o passado de defesa da democracia, presa pol�tica e torturada, sair afastada do cargo num processo de impeachment.
Deu um n� na garganta assistir � senhora engolindo o choro naquele discurso, segurando as l�grimas que haviam escorrido pela sua face horas antes, que nos �ltimos dias revelavam o cansa�o da batalha.
Sinto muito ao lembrar da candidata em 2010 e do primeiro ano de seu governo, em 2011. Um sinal de esperan�a no pa�s. A senhora encarnava ali tempo de transforma��o.
Sei que a senhora diz ser v�tima de um golpe. Tem l� suas raz�es. Mas voc� perdeu o rumo a partir de 2012 e nunca mais voltou ao prumo. N�o deu ouvidos nem espa�o para que lhe questionassem. Seu estilo assustava, n�o agregava. Deu nisso.
Apostou numa canoa furada que inventaram de uma nova matriz econ�mica. Pior, dobrou a aposta nos erros para se reeleger. Para encobri-los, pedalou como ningu�m para tapar o buraco das contas p�blicas e gerar uma fantasia de pa�s, distribuindo o que n�o tinha.
Resultado: deu o argumento jur�dico, fr�gil, mas real e verdadeiro, �queles que queriam te derrubar. Simplesmente a maioria do pa�s. A senhora demorou a perceber isto.
Talvez nem agora perceba. Como at� hoje n�o admite seus erros. Como usar na campanha de 2014 golpes sujos para se reeleger, tendo sido v�tima de algo parecido em 2010.
Enfim, nada neste mundo, em todas as suas dimens�es, � por acaso. Nem mesmo seu algoz na C�mara.
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