Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities

Sem leilão, Conab refaz cálculo da importação de arroz pelo país

Novos dados da entidade governamental apontam compras de 1,7 milhão de toneladas no ano


A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) já não considera mais a importação de arroz anunciada inicialmente pelo governo para este ano. Nos dados divulgados nesta quinta-feira (11), o órgão projeta uma compra externa de 1,7 milhão de toneladas do cereal em casca, abaixo dos 2,2 milhões previstos no mês passado.

A intenção inicial do governo, dependendo do comportamento dos preços internos, era importar até 1 milhão de toneladas. Não realizou o primeiro leilão anunciado e cancelou o segundo, após realizado.

Rede de supermercados Assaí, em São Paulo, limita a compra de arroz para seus consumidores - Danilo Verpa/13.mai.24/Folhapress

Se considerada a safra brasileira, que vai do início de março ao final de fevereiro do ano seguinte, o país terminará o período com baixos estoques de passagem de uma safra para outra.

Os novos números da Conab indicam estoques de apenas 394 mil toneladas em fevereiro de 2025, o menor em cinco anos. O consumo médio mensal nacional é de 917 mil toneladas.

A menor oferta em final de safra ocorre porque o governo elevou a estimativa de consumo para 2024, devido à política de incentivo ao consumo do cereal e à ampliação do programa Bolsa Família.

A Conab prevê consumo de 11 milhões de toneladas neste ano, acima dos 10,3 milhões de 2023. Se confirmado esse cenário, os preços vão continuar bastante ajustados.

As negociações no mercado internacional, devido à menor oferta mundial do cereal, mantêm preços elevados. Internamente, o dólar pressionado favorece exportações, mas encarece importações. O consumidor não deverá ter muito alívio nos preços em relação aos atuais.

O governo reduz a projeção de importação, mas aumenta a de exportação, agora estimada em 1,3 milhão de toneladas.

A safra do Rio Grande do Sul, principal produtor brasileiro, sobe para 7,3 milhões de toneladas em 2023/24, 5,5% acima da anterior. O volume, no entanto, é inferior aos 7,5 milhões previstos em abril, antes das enchentes no estado.

Os gaúchos, que tiveram atraso no plantio, foram afetados ainda pelas condições climáticas dos últimos meses. A Conab estima que 5% da área semeada no estado teve problemas significativos com as enchentes.

Nos cálculos da entidade, 42 mil hectares afetados pelas inundações ainda não haviam sido colhidos.

O preço médio do arroz no campo estava em R$ 105 por saca antes das enchentes, subiu para até R$ 122 três semanas depois e recuou para R$ 114 nesta semana. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A produção brasileira total de grãos cai para 299 milhões de toneladas nesta safra, após o recorde de 2023. Soja e milho estão na lista das quedas, enquanto arroz, feijão, trigo e algodão, na de altas.

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