A curva da fome mundial, que já vinha subindo, acelerou ainda mais com a pandemia. O número de pessoas sem possibilidades de adquirir alimentos, e que vão passar por fome aguda, poderá atingir 270 milhões. Em 2019, eram 135 milhões.
O total de pessoas classificadas no patamar de fome crônica também vem crescendo e deve ter ficado entre 83 milhões e 132 milhões no ano passado.
Os dados foram publicados pelo Amis (um sistema de informações de produção, comércio e preços de produtos agrícolas), que acompanha dez das principais instituições mundiais de estatísticas, inclusive a FAO.
O número de desnutridos crônicos chegou a 690 milhões em 2019, com alta de 60 milhões em relação a 2015.
A população afetada pela fome já vinha crescendo nos últimos anos, devido a conflitos entre países, mudanças climáticas e produção menor de alimentos em várias regiões.
O cenário de 2021, assim como já ocorreu em 2020, porém, merece mais atenção. A pandemia trouxe uma turbulência geral às economias dos países, elevando o desemprego e reduzindo a renda.
Além disso, está havendo um aumento no preço internacional dos alimentos, o que reduz o poder de compra de uma boa parte da população ao adquirir esses produtos.
Os dados do Amis (Agricultural Market Information System) e da FAO apontam que houve um aumento de 36,5% nos preços dos cereais e dos óleos vegetais nos últimos 12 meses, até o final de janeiro.
Em alguns casos, como o da soja, a evolução foi de 51% no período, acima dos 42% do milho. Trigo e arroz subiram 18%.
Os preços aumentam mesmo com produções recordes. Essa alta se deve a uma maior comercialização internacional, e consequente redução de estoques.
A China foi a mais ativa no mercado internacional. As compras dela interferem no mercado porque são em grandes volumes.
Tradicionais importadores de soja, os chineses elevaram neste ano também as compras de milho e de trigo.
No caso do milho, as estimativas de compra do país asiático, feitas pela FAO e pelo Amis, apontam 20 milhões de toneladas na safra 2020/21 (de julho a junho).
A produção mundial de arroz deverá superar os 500 milhões de tonelada em 2021, mas o consumo é o maior em sete anos. Isso segura o preço em patamar elevado. As importações aumentam na Ásia, na África e no Oriente Médio.
Os dados mais recentes das duas instituições indicam produção de 1,15 bilhão de toneladas de milho na safra 2020/21; 756 milhões de trigo; 511 milhões de arroz, e 362 milhões de soja.
O volume produzido aumenta, mas os estoques estão em patamares menores, o que poderá manter os preços firmes.
O Índice de Preços de Alimentos da FAO voltou a subir em janeiro, superando em 4,3% o de dezembro. É a oitava alta seguida, e a maior evolução mensal desde julho de 2014.
O índice de Preços de Cereais subiu ainda mais, superando em 7,1% o de dezembro.
Argentina na frente As exportações brasileiras de carne bovina para a União Europeia, de janeiro a novembro do ano passado, caíram 17%, em relação às de igual período de 2019. As argentinas subiram 5%.
Argentina na frente 2 A participação argentina nas importações totais dos europeus, que era de 25% em 2019, subiu para 31% em 2020. A brasileira recuou para 34%. Os dados são do Eurostat.
Sem números A saída da John Deere da Anfavea fez a associação suspender a divulgação dos dados de produção, venda e exportação de máquinas agrícolas. A Anfavea deverá retomar em breve a publicação, segundo Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade.
A vez dos EUA Os registros de vendas de soja dos americanos já somam 58,7 milhões de toneladas na safra 20/21, bem acima dos 32,3 milhões da anterior.
Apetite chinês Dessas compras, a China ficou com 35,3 milhões nesta safra, bem acima dos 12 milhões de igual período anterior, conforme dados compilados pela AgRural.
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