Deficiente em inglês —segundo avaliações internacionais, somos um dos povos que pior o falam—, o Brasil tenta compensar essa lacuna falando português em inglês. Sim, é possível. Veja o que está acontecendo com certos prenomes, de origens diversas, que estão aqui há muitos anos e sempre foram pronunciados segundo a tendência natural da língua. Não mais. Todos agora, não importa de onde, são pronunciados à inglesa.
Um nome velho de séculos entre nós, David, sempre foi pronunciado daví. Mas, desde que a macaquice se instituiu, os Davids se tornaram dêivides. O mesmo quanto a Alan. Até há pouco, todos os Alans brasileiros eram alãs. Agora são álans. As lindas Dianas e Dianes do passado se tornaram Daianas e Daienes —por escrito, no próprio registro civil, para não haver dúvida. Oscar —oscár, claro— tornou-se óscar, como o boneco de Hollywood. E outro nome árabe, dos mais frequentes, Wadih ou Waddih, sempre pronunciado vadí, tornou-se uódi. É questão de tempo para que Amir se torne êimir e Isaac, áizaque.
Mas nada supera o contorcionismo a que são submetidos os nomes com jota. Todos se metamorfosearam em djótas. Jonathan, ex-jonatã, agora é djônatan. Jefferson, ex-géferson, agora é djéferson. Jennifer, ex-gênifer, agora é djênifer. Janet, ex-janete, agora é djânet. Tive um professor de português chamado Joseph, naturalmente pronunciado joséfe. Hoje ele seria djôusefi, o que faria dele um oximoro ambulante.
Minha querida amiga Joice Leal, especialista em design e sempre jóice, hoje é djóice. E pior sofre um colega, o escritor Jason Tércio —jázon a vida toda, ele agora precisa atender por djêizon.
Ao ler o nome The Beatles numa capa de disco, um famoso cantor brega, ao meu lado na loja, chamou-os de Zí Bírouz. Era o seu inglês “casual”. Mas os franceses é que sabem das coisas. Para eles, os Beatles eram e são até hoje os Bitlôs.
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